Capítulo VI

1282 Words
O resto da semana passou rápido e logo chegou o Sábado. Rosângela pediu a Telma que desse uma olhada nas crianças para ir ao mercado comprar o que faltava para fazer o almoço para os pais. Resolveu fazer duas lasanhas. Uma a bolonhesa e outra de frango. Comprou tudo e Telma ficou conversando a ajudando a preparar a comida. Estavam passando uma manhã muito agradável. Conversavam sobre novelas e música. Telma mantinha a conversa nesses assuntos para permitir que Rosângela relaxasse e não ficasse pensando em seus problemas. Os pais dela chegaram cedo, antes das dez horas e foram levar as crianças numa pracinha que tinha perto para brincarem um pouco ao ar livre. Antes de saírem, Rosângela pediu: - Mesmo que eles peçam , não dêem nada para eles comerem, senão não almoçam. Assim que as lasanhas foram montadas, Telma se despediu e voltou pra casa. Deixando Rosângela sozinha. Nesse momento, Rosângela pensou: - Quanta coisa Ronaldo perdeu pensando que estava ganhando liberdade. Perdeu o convívio com uma família que era unida pelo amor e amizades de pessoas sinceras, que se preocupavam com eles. Colocou a cozinha em ordem e as únicas loucas que teria que lavar depois do almoço. seriam os dois pirex que estavam ocupados e pratos e talheres que seriam usados depois da refeição. A mãe tinha trazido um brigadeirão que foi colocado ainda na forma, dentro da geladeira. Rosângela passou o doce para um prato e já deixou a forma lavada para a mãe levar quando fosse pra casa. Pouco antes do meio-dia, voltaram das brincadeiras. Rita deu banho neles e Rosângela vestiu as crianças. Sentaram para comer depois de alimentar a menor, que ainda não comia muita coisa. Ainda não tinha feito um ano. Era uma menina muito ativa. Se chamava Regina. Logo depois de comer sua sopinha, pegou no sono. Almoçaram em paz, saboreando um pouco de cada lasanha. Depois Rita pegou a sobremesa e todos comeram também. Rita ajudou a filha a lavar a louça e passou um pano na cozinha. Depois foram pra sala conversar. Evitaram falar de Ronaldo porque Rogério estava no colo do avô, enquanto o irmão que ainda ia fazer três anos estava no colo da avó. O menino, que se chamava Renato, nunca perguntava pelo pai e acharam melhor evitar o assunto na frente deles para evitar que sofressem com a saudade. Passaram a tarde de bate papo e por volta das cinco horas, Rosângela preparou um lanche para todos. Depois do lanche os pais voltaram pra casa e deixaram a filha com os netos tranquilos e risonhos. No dia seguinte, domingo, não tinha nada para fazer em casa. Tinha sobrado lasanha do dia anterior e Rosângela não era a favor de desperdiçar comida. Ficou brincando com as crianças até a hora do almoço. Deu a comida da Regina e depois sentou para almoçar com os outros dois. Ronaldo não tinha dado mais sinal de vida. O que ela não sabia é que ele tinha voltado ao fórum tentando mais uma vez anular a pensão. Alegou que ela estava dando aulas particulares e tinha uma grande quantidade de alunos, por isso não necessitava de ajuda para sustentar os filhos. Podia arcar com essa responsabilidade sozinha. O advogado que atendeu, explicou que ela podia ser milionária que isso não ia tirar os direitos das crianças de serem sustentadas pelos pais e ele teria que continuar a pagar a pensão. Cheio de raiva, no dia seguinte, pediu demissão do emprego. Ia trabalhar por conta própria e assim não poderia sofrer descontos. No mês seguinte, foi depositada uma quantia referente aos direitos trabalhistas de Ronaldo na homologação do contrato de trabalho. Estranhando o valor, foi na defensoria e comunicou o fato a sua advogada. Ela tinha os dados da empresa e ligou para saber o que tinha acontecido. Foi informada que ele havia pedido demissão do emprego. Na mesma hora, a doutora comunicou o fato ao juiz de plantão que emitiu ordem de prisão. Pedir contas pra não pagar pensão alimentícia de crianças é crime e ele só se livraria se tivesse já ingressado em outro trabalho de carteira assinada, ganhando salário igual ou maior que no emprego anterior. Rosângela voltou pra casa e ligou para a mãe. - Ele pediu demissão do emprego para não pagar a pensão. - O juiz avisou a ele que seria preso se fizesse isso. - Parece que ele não levou a sério. - Vai ser preso de novo. - Ele é adulto e tem que saber o que faz. Arrumou outra mulher e acha que não tem obrigações com os filhos? Dei a queixa e não me arrependo. Meus filhos estão acima de tudo. - Eu não estou dizendo que você está errada. Não tenho nem um pouquinho de pena dele. Só ele ter saído de casa, com o p*******o no bolso e ter te deixado sem nada para as crianças, já é pra não ter nenhuma consideração com ele. Agora você está ganhando dinheiro com o seu trabalho, mas quando ele foi embora, você ainda não trabalhava. - Você imagina que ele veio aqui me pedir para eu dar baixa na pensão porque a nova mulher dele gosta de luxo e só com a metade do salário ele não podia proporcionar o luxo que ela gosta? - Você tá brincando! - Não. Ele veio aqui pra isso. - Um absurdo! Negar o alimento dos filhos para dar luxo a uma mulher que devia saber que ele é casado e tem três filhos pequenos. - Se ela sabia, eu não sei. Mas aconteça o que tiver que acontecer a ele, eu vou continuar na briga. Ele disse que eu tinha pedido pensão por vingança. - Será que ele acha que é fácil arrumar trabalho, hoje em dia? Ainda mais com três filhos pequenos. É a primeira coisa que o empregador pergunta para a mulher. Sabe que em caso de doença, pode faltar. Pai sai pra trabalhar tranquilo quando tem um filho doente, mas mãe falta pra levar filho ao médico ou chega atrasada. - Ela só pensa nele. Mas ele vai se lascar que eu não vou deixar pra lá. Eu até podia sustentar eles com o que eu ganho, mas é desaforo. - Também acho. A responsabilidade é dos dois. - Vamos ver o que vai acontecer. Esse emprego, ele jogou fora. Espero que arranje outro logo. - Como ele vai arranjar emprego estando preso? - Na verdade, eu não sei como funciona. Ele disse que ia trabalhar sem carteira assinada. Assim não tinha como descontar o dinheiro da pensão. - Nunca imaginei que ele fosse capaz disso. - Eu também não. Agora tenho que desligar pra atender a Regina. Ela está chorando. - Vai lá. Depois a gente conversa. Rosângela desligou o telefone e foi atender a menina que estava chorando muito. Assim que pegou a bebê no colo, percebeu que ela estava com febre alta. -Levou a menina para o banheiro e preparou um banho morno para fazer a febre baixar. Pensou: - Não faltava mais nada. Agora um deles ficou doente. Esperou com a menina na banheira até a água esfriar. Parecia que a temperatura agora estava normal. Procurou ficar calma. Podia ser os dentes. Os meninos não tiveram problemas, mas sabia que muitas crianças tinham febre quando estavam nascendo os dentes. Foi com a criança na casa de Telma e pediu: - Tem como você ficar com os meninos pra eu levar a Regina ao médico. Ela teve febre alta e estava chorando muito. - O que será? - Pode ser dos dentes. Mas acho melhor levar ao pediatra para ter certeza. - Pode ir tranquila que eu fico, sim.
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