Capitulo XVI

1236 Words
Helena chegou em casa, e achou Ronaldo na cozinha, começando a colocar a comida para esquentar. Pediu: - Pára um pouquinho aí, e vamos nos sentar na sala para conversar. - Algum problema? Fiz alguma coisa errada? - Não. Mas vamos nos sentar na sala e ficar mais confortáveis. Ronaldo apagou o fogo que tinha acabado de acender e foi sentar em frente a mãe, que tinha se instalado no sofá. Perguntou: - O que foi? Pensou melhor e quer que eu vá embora? - Não é nada disso. É que eu menti pra você. Fui na casa da Rosângela conversar com ela e conhecer meus netos. - E como eles estão? - Estão bem. Conversei com ela abertamente e ela já sabia que tinha sido por feitiço que você saiu de casa. Tem rezado bastante pra você sair disso, mas não pensa em deixar você voltar pra casa. Mas você pode ir visitar as crianças se quiser. - Não sei. Do jeito que eu estava me comportando ultimamente, eles devem estar com medo de mim. - Se você mudar as suas atitudes, esse medo passa. Se você deixar de ir lá, vai ser pior. O medo não vai passar nunca. - E ela? Ainda está com muita raiva? - Eu não diria raiva, mas ainda está muito magoada com você sim. - Não é pra menos. - Eu não digo pra você ter esperanças, mas vai lá, visita teus filhos e mostra que você voltou a ser o homem por quem ela se apaixonou um dia e casou. Quem sabe se com o tempo, tudo não volta a ser como antes? - Vou deixar pra ir no Sábado. Em dias de semana, ela dá aulas e eu iria atrapalhar. - Ela já deu as aulas hoje. - Da parte da manhã. Tem outras turmas a tarde. - Ela disse, que abre mão da pensão enquanto você estiver desempregado, mas assim que arranjar outro emprego, ela quer o que é de direito das crianças. Aliás, como você fez para pagar a pensão esse mês? - Peguei emprestado com amigos. - E te emprestaram mesmo sabendo que você está parado? - Emprestaram, mas tem juros de trinta por cento ao mês. - Você pegou dinheiro com agiota? - Foi. Eu não queria ser preso de novo. - Quanto foi que você pegou? - Mil e seiscentos reais. - Então você já deve dois mil e oitenta reais. Vou tirar o dinheiro da caderneta e você vai pagar logo. Isso é uma montanha de neve. - Eu sei, mãe. Mas ficar preso é h******l. - E você foi preso, quando? - Eu desacatei o juiz na audiência e ele me deu voz de prisão. - Você não me contou isso. Quanto tempo você ficou lá? - Dois dias. Só saí depois que eles recolheram o meu sangue para fazer o DNA, com as crianças. - A Rosângela tem motivos para estar magoada com você. - Eu sei. Mas vou seguir o seu conselho. Vou passar a visitar as crianças e mostrar que mudei. Quem sabe, a gente não volta a se acertar? - Eu acho que vale a pena tentar. Agora, vamos esquentar a comida e almoçar. Dá pra você colocar pra esquentar, enquanto eu troco de roupa? - Claro. Na casa se Rosângela, ela estava conversando com Telma, que tinha chamado. - Você sabe que ele deixou a mulher e está morando com a mãe? - Foram as orações que fizeram ele enxergar que tinha feito besteira. E agora? - A mãe dele veio me sondar, se eu aceitaria ele de volta? - E você? - Eu disse que não. Aí ela falou que ele fez o que fez porque estava enfeitiçado. Mas eu respondi, que se ele não tivesse saído com ela, ela não teria feito o trabalho para prender ele. - Isso é verdade. Mas quando começou a história dos dois? - Quando eu estava de resguardo da Regina. Ela apareceu no bar em que ele bebia uma cerveja e se ofereceu pra ele. - É difícil um homem deixar passar. Começo a ter pena dele. Pensou em passar uns momentos de prazer e depois esquecer, mas ela fez o trabalho e deu no que deu. Você está convicta que não tem como perdoar? - Pelo menos, por enquanto, não. Ainda estou muito magoada com a maneira que ele estava tratando as crianças e pelo que me disse no dia que foi embora. - Eu entendo você, mas acho que você deveria pensar melhor. Ele sempre foi um bom marido e pai. Mudou porque estava enfeitiçado. Qual homem que vendo uma mulher bonita se oferecendo, e estando sem s**o em casa, não cairia na tentação? - Ele vai vir aqui visitar as crianças, aí eu vou ver se voltou ao normal mesmo. Não digo que não tenha uma chance de retorno, mas por enquanto não. - O que pega, é que os seus pais ficaram sabendo das coisas que ele fez e disse e tomaram raiva dele. Aí você pode ter problemas com eles, se quiser voltar. - Meus pais ficaram preocupados comigo. Mas acho que entenderiam se eu resolver voltar com ele. Afinal, meus filhos precisam ter convivência com o pai. - Pelo visto, você já decidiu. Só não quer aceitar a tua decisão. - Vai depender muito do que acontecer daqui pra frente. - Eu quero que você seja feliz, seja qual for a decisão que tomar. - Eu sei, Telma. Você é uma boa amiga. - Mas, tenho quase certeza que os seus pais, não vão gostar se você voltar com ele. - Isso é um fato, que eu não posso negar. Principalmente minha mãe que não acredita em trabalho feito. Quando eu comentei com ela, ela me acusou de estar arranjando desculpas para o que ele fez. - Acho melhor então, você falar com ela da visita da tua sogra e o que ela te contou, assim já vai preparando o espírito pra quando você decidir. - Vou fazer isso. Até porque eles vêm aqui todo sábado e eu acho que o Ronaldo vai deixar para ver os filhos no final da semana por causa das minhas aulas. A dona Helena veio porque não sabia que eu estava dando aulas particulares. - É melhor você falar com eles o quanto antes. Vai que eles se encontrem aqui. O teu pai não estava querendo briga com ele? - É verdade. Vou ligar pra minha mãe agora. - Eu vou indo então, para te deixar mais a vontade. - Obrigada por ter vindo conversar comigo. Você sabe me aconselhar até melhor do que minha mãe. - É que a sua mãe é muito cheia de preconceitos. Ela não acredita que possam fazer trabalhos para prejudicar os outros e condenou o teu marido sem direito a apelação. Se ela tivesse uma mente mais aberta, ela iria entender. - Minha mãe foi criada na religião católica. Não conhece outra. - É uma pena. As vezes passamos por situações que uma simples oração resolve. Não foi esse o caso do Ronaldo? - Mas se eu disser isso a ela, vai dizer que estou arrumando desculpas para o que ele fez. - Liga e conta o que a tua sogra te contou. Quem sabe aos poucos, ela não entende? - Vou ligar agora. - Então eu vou indo. Cuidado para as crianças não escutarem. Tchau! - Tchau!
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