Capítulo V

1935 Words
Capítulo VSasha Dmitriev: O saldado que me escoltaria não trocou uma palavra comigo quando eu entrei no carro, ele apenas me informou que seria uma viagem um pouco mais longa que o normal e que eu poderia descansar durante o trajeto que ele me informaria quando chegássemos ao nosso destino. O celular que Nalla tinha me entregado no dia anterior tocou fazendo com que eu fechasse o vidro de separação, não queria ser interrompida durante aquela ligação. — Por favor, seja a antiga Sasha. – Pediu Nalla assim que eu atendi e a sua voz estava demonstrando todas as emoções reprimidas e eu tive que respirar para não chorar. — Pelo menos por essa noite, eu sei que você pode fazer isso, o sangue Dmitriev ainda corre nas suas veias e você é muito mais forte do que pode imaginar irmã. — Não se preocupe, eu ainda me lembro de todas as aulas de etiqueta que fui obrigado a comparecer. – Garanti respirando fundo, ela queria apenas um fantoche no qual poderia controlar ao seu bel prazer e eu não podia me revoltar com aquilo, pois, eu estava nas suas mãos e teria de seguir as suas regras se quisesse continuar viva. — Irei ser a dama que você deseja Nalla, não cometerei nenhuma gafe, sorrirei durante todo o jantar e brincarei com as crianças se isso lhe fizer feliz. — Apenas seja você Sasha. – Mandou-a. — Não precisa interpretar uma personagem ou parecer com um robô. Ouvi dizer que os filhos dele são três pestes, nenhuma das babás dura mais do que duas semanas e todas as suas ex-namoradas reclamam deles aos quatro ventos, não deixe eles aprontarem com você. — Não se preocupe, eu não tenho medo de três crianças que ainda nem saíram das fraldas. – Garanti remexendo-me no banco, estava demorando mais do que eu poderia imaginar, eu só esperava que não fosse expulsa assim que abrisse a minha boca. — Se for só isso estou desligando, não será educado eu estar em uma ligação quando chegar na minha nova casa. — Iremos conversar depois do casamento Sasha. – Avisou ela fazendo-me fechar os olhos com força. — Quando você estiver realmente salva, nós iremos nos sentar e conversar sobre tudo o que aconteceu nesses noves anos em que estivemos separadas. Fique bem e cuide-se, você n******e ser reconhecida por ninguém até o dia do casamento ou todos os meus planos serão prejudicados. Eu amo você, nunca se esqueça disso. Desliguei o celular e respirei fundo para conter as lagrimas e abri o vidro perguntando se ainda iriamos demorar demais para chegarmos ao destino e ele me informou que chagaríamos em breve, eu estava tão acostumada com os Hamptons que entrarei aquele condômino fechado tão próximo de Manhattan, eu gostava de estar perto do mar e ali eu estaria a pelo menos duas horas dele. A casa era segura e eu pensei que iria ter que tirar a minha roupa para conseguir entrar, todos aqueles irlandeses m*l-encarados me davam um pouco de medo, mas, eu tinha aprendido a não demostrar os meus sentimentos, a mansão era enorme e modernista, com uma arquitetura deslumbrante, eu sempre tive o sonho de estudar arquitetura, porém, isso era apenas um antigo devaneio que nunca iria se realizar. Respirei fundo e toquei a campainha e sorri para a empregada que em inspecionou como se eu fosse um pedaço de carne a mostra em um frigorífico, ótimo, nós teríamos sérios problemas. — Querida! – Exclamou Thor sorridente aproximando-se de mim, aquele homem queria frustrar todos os meus planos de fazer com que eu manteasse distância, ele usava uma blusa azul marinho com os primeiros botões abertos deixando a minha imaginação supor o que tinha por trás daquela camisa, as mangas estavam dobradas e a calça jeans fazia com que eu me sentisse uma perua por estar usando aquele vestido. — Pontual como sempre, vamos, as crianças estão nos esperando na sala de jantar, ansiosos para conhecer você. Mandei com que Brianna fizesse um jantar inteiramente irlandês para você conhecer mais a cultura do meu país. Abri um sorriso f*****o, graças a deus eu não era uma mulher que comia muito, assim eu não teria que conhecer a cultura de nenhum país, tudo que eu queria era a minha boa e velha comida russa. Três pares de olhos me fuzilaram assim que eu entrei na sala de estar, achando que iriam me intimidar com aquelas carinhas bonitas e olhos claros, Gael era uma cópia exata do pai, cabelos loiros, olhos verdes e uma cara emburrada que assustaria qualquer garota da sua idade, Aisha parecia uma princesa da Disney com olhos azuis e longos cabelos ruivos que estavam trançados e eu me encantei por Kylian assim que coloquei os meus olhos sobre ele. Belas e carentes crianças que poderiam estar planejando fazer da minha vida um inferno, eles apenas não sabiam que eu já tinha estado lá e não me assustaria com nada que eles fizessem. O jantar foi extremamente silencioso, nem quando nana estava bravo os jantares não eram tão silenciosos como aquele. Eu pensando que iria ter que agir como um robô e aquelas crianças que estavam parecendo artificiais. A comida não era tão r**m quanto eu poderia imaginar, porém, aquele silencio era realmente o mais irritante. Thor foi atender uma ligação depois do jantar e mandou com que as crianças fossem dormir e disse que nós conversaríamos quando ele terminasse e eu me sentei na sala encarando os meus sapatos. Quase gargalhei quando vi um sapo aos meus pés e ouvi uma risadinha infantil, aquelas três pestinhas achavam que eu iria me assustar com uma criatura tão indefesa, acho que eles estavam imaginando que eu sairia correndo e gritando como uma maluca e eu poderia fazer a v*****e deles, mas, eu tinha gostado daquela brincadeira. — Como você veio parar aqui amiguinho? – Perguntei encarando-o e procurando algo que eu pudesse usar para o colocar para fora, eu não era tão estupida de tocar em sapo, ele poderia ser veneno, pois, eu esperava que aquelas crianças poderiam pensar em alguma coisa. — Você teve ajuda para entrar aqui? Quem sabe três belas crianças que estão escondidas que colocaram você aqui para tentar me assustar, uma pena que eu não tenho medo de um animal tão bonitinho quanto você. — Gael, você disse que ela iria embora. – Rosnou uma Aisha indignada saindo do seu esconderijo e vindo na minha direção enquanto batia os seus pés pequenos, eu achei aquilo uma graça. — Me devolva Trevor imediatamente, ele não gosta de estranhos e principalmente não gosta de madrastas. — Acho que ele também não gosta de crianças desobedientes. – Rosnou Thor fazendo com que os três lhe encarassem com os olhos arregalados. — Aisha a próxima vez que eu ver esse sapo fora do aquário que eu lhe dei, ele vai voltar para a natureza e suas lagrimas não me convenceram dessa vez, os três para o quarto nesse momento ou ficaram de castigo pelo próximo mês. Nós conversaremos sobre essa brincadeirinha de mau gosto amanhã e podem ter certeza de que não saíram ilesos. — Boa noite crianças. – Desejei quando eles começaram a subir as escadas irritados. — Eles são tão graciosos que eu tenho v*****e de os levar para casa. — Desculpe-me por esse incidente. – Pediu ele quando eu estava prestes a ir embora. — Isso acontece todas as vezes que eu trago uma mulher para casa, já deveria ter dado fim nesse maldito sapo, mas, toda vez que eu ameaço fazer isso ela caiu no choro e eu não tenho coragem. — Eu não tenho medo de sapos ou qualquer animal que eles podem arrumar para me assustar. – Avisei cruzando os meus braços e o encarei. — Achei até interessante essa brincadeirinha e adorei o nome do sapo, fico feliz que sua filha conheça Harry Potter, isso indica que ela é uma garota inteligente. Agora se me der licença, está ficando tarde e eu tenho que voltar para casa. Tenha uma boa noite Thor. Sorri e me afastei a passos largos, aquele jantar tinha me exaurido e tudo que eu queria era voltar para casa e relaxar os meus músculos doloridos e a minha mentalidade frágil. Aquela maldita viagem deixaria qualquer pessoa esgotada, mas, eu não me importaria de continuar circulando, as coisas eram mais fáceis quando se estava dentro de um carro em movimento e sem ter que enfrentar os meus pesadelos constantes. A casa estava silenciosa e assustadora deixando-me apreensiva quando eu me tranquei no quarto à espera do sono, sentei-me na varanda e fiquei encarando o mar quebrar a alguns metros, aquilo relaxava o meu corpo e fazia com que eu me sentisse segura, por isso não tinha me sentindo bem na casa de Thor Griffin, não tinha o barulho do mar para me acalmar e ainda tinha três crianças que me adiavam, uma empregada que me daria mais trabalho do que eu poderia imaginar e um marido que nunca iria ser realmente meu marido. — Parece que você realmente não nasceu para ser feliz Sasha. – Sussurrei para a brisa suave do verão. — Abandonada por um soldado italiano que deve estar morto por conta da traição que cometeu, sequestrada e violentada por um maníaco por nove longos anos e agora prestes e a se casar com um homem que ama a esposa morta e que nunca lhe verá como uma mulher. Você não podia pedir um destino mais c***l para Deus, eu devo ter cometido muitos pecados nas minhas vidas anteriores para estar pagando tudo nessa, pois, não é possível que alguém receba tantas punições sem ter um motivo complexo, já que eu sempre fui uma boa filha, uma irmã acolhedora e uma boa garota, não merecia passar por tantas provações e nunca encontrar o meu paraíso. Passei o resto da semana trancada no quarto, era o melhor a se fazer para não chamar a atenção do vizinhos que estavam nos Hamptons aproveitando as férias de verão e alguém poderia me reconhecer, por mais que eu não fosse mais aquela garotinha de 20 anos, mas, o meu rosto não tinha mudado tanto naqueles últimos anos, eu era a mesma Sasha Dmitriev. — Um vestido de noiva? – Perguntei encarando Eugenia quando vi ela colocar uma caixa na minha frente. — Nalla pirou ao pensar que eu vou entrar dentro dessa coisa, isso tem nove anos e eu mudei bastante e não irei me casar com isso, devolva imediatamente e mande ela comprar algo bem simples e discreto, pois, eu não irei chamar a atenção da sociedade novaiorquina. — Acho que a senhora Marino não irá gostar dessa desfeita. – Avisou ela fazendo-me rolar os olhos. — Ela está pensando na sua felicidade, toda mulher sempre sonhou em se casar de véu e grinalda entrando de braços dados com o seu pai e percorrer a nave da igreja emocionada. — Meu pai está morto a dez anos e eu irei parecer um bolo neste vestido, eu já não tinha gostado dele quando iria me casar com Christopher aquele maldito russo, imagina agora. – Falei colocando a tampa da caixa e sorrindo. — Mande de volta e se ela quiser que eu realmente me case com aquele irlandês metido a b***a, mande ela comprar algo discreto e sem todas essas camadas e véu e essa palhaçada toda. Coloquei a caixa nos braços dela e a escoltei-a até a porta, pois, eu queria ficar sozinha e pensar no que seria a minha vida depois daquele casamento.
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