Capítulo VI

1367 Words
Capítulo VI Sasha Dmitriev: — Você está satisfeita agora? – Perguntou Nalla cruzando os seus braços e me encarando furiosamente, ela achava que eu tinha medo dos seus olhares, estava muito enganada, pessoas piores do que ela tinha me ensinado o que é ter medo e minha irmã além de ter uma péssima fama, ainda era a mesma mulher pequena que me colocava para dormir durante as noites de tempestade. — Isso é extremamente sem graça. Está estragando todos os meus sonhos de ver você entrando linda pela nave da igreja. Por que você n******e usar o maldito vestido que Hans fez? Eu o guardei por nove anos e ele está apenas esperando por você. Você e Ivana conseguem acabar com todos os meus sonhos, uma se casa de preto e a outra com um vestido sem graça, isso é tão injusto com a minha pessoa. Suas irmãs ingratas. — Porque eu não sou mais a Sasha que usaria um vestido como aquele. – Respondi virando-me e pegando os sapatos que estavam ao meu lado. — Estou satisfeita com esse modelo, muito obrigado por tê-lo conseguido com tanta rapidez irmã, se as pessoas não lhe conhecessem diriam que você daria uma ótima casamenteira. Agora eu gostaria de ter um momento de privacidade, quero fazer as minhas últimas orações. — Lhe esperarei no hall. – Avisou ela saindo do closet enquanto arrastava o glorioso vestido vermelho. — Não tente fugir ou serei eu que matarei você e não demore, não é elegante deixar os seus convidados esperando. — Que convidados? – Perguntei ouvindo a sua gargalhada e a porta sendo batida, ela estava tramando alguma coisa e eu não tinha gostado do seu tom de voz e já não queria mais sair daquele quarto para ir a parte alguma. — Nalla Marino! Levantei-me e me encarei no espelho, apesar de simples o vestido era bonito, inteiramente rendado, tinha um pequeno decote em v que estava me incomodando, mas, eu não podia mexer naquele tecido delicado ou eu o estragaria e só me restaria o bolo de casamento. Meus cabelos estavam soltos e a cabelereira tinha tentando de todas as maneiras fazer com que eu usasse pelo menos algo para os ornamentasse, já que eu tinha preferido me casar sem um véu, não era uma mulher pura para me casar usando véu ou até mesmo branco, mas, sabia que minha irmã não abriria mão daquilo e eu não iria entrar em outra discussão com ela por conta daquele casamento, conseguir outro vestido já tinha sido um suplício e se eu quisesse mudar a cor ela me mataria com uma das suas amadas adagas. Peguei o buque de rosas brancas onde a minha medalha de São Nicolau estava enrolada e suspirei firme apertando-a entre as minhas mãos. — Por favor me proteja nana. – Sussurrei em russo como uma clemência, sabia que ele teria me renegado se fosse vivo, mas, eu precisava saber que ele estaria me protegendo para continuar com aquilo, pois, morrer parecia tão fácil, eu apenas teria que me entregar para a Bratva e toda aquela sujeira e solidão terminariam, porém, eu não teria coragem de fazer aquilo com Nalla, ela sofreria mais do que qualquer pessoa a ter que assinar a minha sentença de morte e o seu coração não aguentaria mais aquela perda, ela já tinha perdido muito ao longo de todos aqueles anos e por mais que parecesse uma mulher forte que não se abalava por nada, eu sabia que por dentro ela era apenas a doce Nalla que amava tocar piano e brincar com as suas preciosas bonecas de porcelana. — Por favor, não me deixe sucumbir nesse momento. Se não quiser fazer isso por mim, faça por Nalla, a sua preferida, pois, eu não quero magoá-la novamente. Respirei fundo e fechei os meus olhos para conter as lagrimas e saí do quarto a passos largos, aquele passado teria que ficar onde ele estava, iria começar outra etapa na minha vida e não podia deixar com que as pessoas percebessem os meus medos, eu era uma traidora e esse rotulo nunca me deixaria e se elas soubessem das minhas fraquezas, iriam usar isso constantemente contra mim e isso enfraqueceria Thor e a máfia irlandesa, que agora eram a minha família e eu não deixaria ninguém destruir a família. A capela escolhida era tão simples e bonita que me surpreendeu, é claro que eu não esperava que as pessoas que me amavam no passado estivessem ali, nós precisássemos apenas de duas testemunhas e alguém da máfia irlandesa para confirmar o casamento e depois mais nada poderia nos separar, apenas a morte. Mas, me surpreendi a ver uma Bella sorridente ao lado do marido, Aquiles ainda era um lindo homem como eu me lembrava, Apolo parecia ansioso para rever a esposa, o amor dos dois era algo a ser invejado pelo mundo e por uma reles mortal como eu que nunca sentiria a força de um amor que sobreviveu a uma guerra entre máfias para se concretizar, ele estava com uma garotinha de pouco mais de dois anos nos braços e era uma cópia exata de Nalla quando bebê, tinha apenas os cabelos mais claros que o da minha irmã, Ares estava sozinho e acho que eu entendia o motivo. — Ela não quer acreditar. – Sussurrou Nalla apertando a minha mão delicadamente. — Ivana apesar de tudo ainda é uma criança imatura que sofreu muito com a morte da irmã que ela tanto amava, porém, eu tenho certeza de que isso vai passar quando vocês se reverem, dê apenas um pouco de espaço para ela e tudo voltará ao normal. E infelizmente eu não consegui localizar nossa mãe, ela está fazendo um cruzeiro com as suas amigas, agora que não tem mais nenhuma responsabilidade perante a máfia, ela está realmente se divertindo, mas, eu tenho certeza de que ela ficará feliz ao lhe ver Sasha, Natasha sofreu muito com a sua morte e isso a fez virar uma boa mãe. — Eu não a culpo. – Falei vendo-a me encarar com paciência. — Não esperava por ninguém hoje Nalla e por mais que você fale que as coisas voltaram ao normal, aos olhos de todos eu sempre serei apenas uma traidora, alguém que não é digno de confiança e Ivana está certa de não me aceitar de volta de braços abertos, eu sou mais instável que uma bomba e posso explodir a qualquer momento e m***r todos que estão a minha volta, então não se aproxime demais ou pode ser machucada pelos estilhaços. Vamos fazer isso, não aguento mais viver nas sombras. Saí do carro deixando-a perplexa para trás e caminhei na direção das portas fechadas, todos já estavam lá dentro e eu não teria com o que me preocupar, apenas em entrar falar sim para o padre e fazer o juramento que me tinha sido entregue a dois dias e eu que eu teria de jurar na frente de todos aqueles que me encarariam de rostos virados e com nojo. — Mamma! – Exclamou o primogênito de Nalla abraçando-a pela cintura e eu fiquei emocionada com aquilo, ele era tão lindo e eu me lembrava o quanto eu tinha perdido daquela família, eu não conhecia nenhum dos meus sobrinhos, minha irmã me odiava e tudo por conta de um falso amor que apenas me destruir. — Como o único homem da família Dmitriev, eu devo levar a zia Sasha e entrega-la para o seu noivo. Papà disso que esse é um dever dos homens. — Acho que você teria que perguntar para a sua tia se ela quer entrar acompanhada. – Falou Nalla beijando a testa dele e sorrindo para mim, acho que ela estava mostrando que não era toda a família que me odiava e aquilo fez com que os meus olhos se enchessem de lagrimas. — Encontro vocês lá dentro. Ela esgueirou-se pela porta, mas, deixou aqueles grandes e cristalinos olhos inocentes me encarando e um sorriso caloroso nos lábios e eu não teria como negar nada aquela criança, principalmente quando ele me ofereceu a uma pequena mão, enchendo o meu coração de amor pela primeira vez em muito tempo.
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