Jade narrando:
Respirei fundo, para não gritar, não posso acordar o pequeno Dom, ele está dormindo tão tranquilo. Beijei a cabeça de Dom, e cobri mais as suas orelhas para que não acordasse com a minha voz.
_ Primeira, abaixe a voz, e sua arma também, não tenho medo disso, Dom está dormindo, ele já passou por muita coisa hoje, e merece esse descanso...
O homem me olhou surpreso, empurrou o médico, olhou para o rapaz que estava ao seu lado, e entregou a arma a ele, se aproximando devagar perto de mim.
_ Quem é você? Como veio parar aqui com o meu filho? _ o Deus grego perguntou mais calmo, pegando Dom do meu colo, se sentando no sofá com ele.
_ Meu nome é Jade, Dom é meu amigo. Ele vem me acompanhando há alguns dias, e me fazendo companhia, gosto muito dele, é um menino incrível _ Disse calma, o deus grego me olhou estranho, dando um sinal para os outros saírem da sala.
_ Bem, Jade, passa a papo, o que aconteceu com meu moleque, e que história é essa que está te acompanhando esses dias? _ Ele me olhou curioso, esperando uma resposta.
_ Viu resumir, cheguei no morro a algumas semanas, estou na casa da minha avó, ela é moradora da rocinha a décadas, estudo música, e estou em fase de criação assim dizer, estava ensaiando na pedra, aquela lá em cima, amo a vista, os sons, e como tudo é incrível. Um dia, tocando meu Violino Dom apareceu, dançando com minha música, em sintonia comigo. Depois daquele dia, ele sempre estava no mesmo horário me esperando, comecei a levar lanches e ficar esse tempo com ele tocando, vendo que ele gostava da música, ele não falava, mas amava me ouvir. Hoje quando cheguei ele não estava lá, fiquei esperando ele sentada na escada, quando ele chegou, estava machucado, com corte cabeça, e o rosto vermelho, como se... Desculpa falar, mas alguém bateu no rosto dele, eu fiquei em pânico, peguei ele no colo e corri para casa da minha avó, hoje estava frio, ele estava de camisa e short, cheguei em casa, coloquei uma blusa minha nele, e pesquisei hospital, vi que tinha o postinho no morro, corri a pé até lá, mas quando cheguei, levei um susto com o lugar, ninguém poderia ajudar, pesquisei o hospital mais próximo do morro, vi um homem de moto escrito Táxi, corri para ele e pedi ajuda, Dom estava com minha blusa e toca, esquentando ele do frio, o homem corri para me ajudar, parei aqui, o médico atendeu ele, vi o cordão em seu pescoço com o número, o símbolo do Autismo, já trabalhei com crianças no espectro. O médico cuidou bem Dom, liguei várias vezes no número, mas ninguém atendeu, passei o número para hospital, eles assumiram o papel de falar com você. Depois que Dom levou os pontos, consegui dar um anjo quente nele, tirar a roupa sangue, e coloquei essa que ele está, é minha também, trouxe de casa, sabia que ele ia precisar. Peço desculpas, mas sinceramente só ajudei Dom, não sei como ele se machucou.
O homem me olhou sério, ouviu tudo, depois voltou a olhar para Dom, viu as meias em suas pernas, a luva e a blusa de frio cobrindo todo o seu corpo. Ele estava acordando Dom devagar....
_ Dom, é papai, acorda filho... _ Dom abriu os olhos e sorriu quando o viu, abraçando ele...
_ Lê..... Lea... Leão.... _. Dom disse...
_ Sim, papai está aqui...
Então o Deus grego é pai de Dom, Leão, ainda bem que não falei com medo, se não ele ia me engolir viva...
_ Bem, agora Dom está seguro? _ Olhei para e soltei a bomba, precisava saber se foi ele que bateu em Dom!
_ O que ? Tá maluca, meu filho, pó.rra, não fui eu que fiz isso, mas juro que vou descobrir, e o arrombado vai pagar por cada gota de sangue do meu menino! _ Leão disse bravo...
_ Ok, desculpa, mas você entrou aqui como um bicho, eu precisava saber, gosto muito do seu filho, ele é especial. Agora tenho que ir, está tarde, preciso ver a minha avó, já paguei o hospital, já podem ir para casa. _ Disse me levantando e pegando a minha bolsa.
_ Calma aí, senta a pó.rra da b***a, vai comigo, vamos para o mesmo lugar... _ Ele disse se levantando e entregando Dom para mim.
_ Ok. _ Leão estava tão nervoso que preferi, por enquanto, ficar na minha e obedecer, mas só por enquanto.
Ele foi até a porta e mandou pegar o carro, e ele ia voltar para o morro com Sub, eu e Dom, o resto ia pegar Uber.
Eu ri, pois os moleques não gostaram, Leão deu um tapa na cabeça deles. O que ele tem de Deus Grego, ele tem de louco.
_ Vamos, o carro já está lá embaixo. _ Ele pegou Dom do meu calo e me puxou pelo Braço...
Estávamos quase saindo do hospital, quando o médico me chamou...
_ Jade, espera..
Olhei para trás, tentei puxar o meu braço, mas Leão não soltou...
_ Oi... _ Disse para o médico.
_ Aqui está a receita de remédio para Dom, ele vai ficar com dor, e esse meu número se você precisar de alguma coisa me liga, posso ir até você também. _ Médico disse com sorriso.
_ Mas que pó.rra doutor, tu já não tem enfermeira suficiente aí, que comer as mulheres do morro também? _ Leão Disse bravo.
_ Tá maluco? Olha você não pode falar assim de mim, quem pensa que é? _ Perguntei brava, já encheu ele me tratar assim...
_ Entra no carro, sou o dono do morro da rocinha, sou pai de Dom, e tô mandando você entrar se quiser ficar viva, e você doutor vaza, já tá p**o, pó.rra, só que faltava, playboy querendo tirar onda.
Entrei no carro, com raiva, não falei nada no caminho, Dom estava no meu colo dormindo, Leão e o rapaz que entrou com ele estava na frente.
Chegamos rápido no morro, indiquei a Leão onde minha avó morava, quando chegamos ela estava na porta sentada me esperando, tomando um chá.
_ Vó, cheguei... _ Disse saindo do carro, deixando Dom deitado dormindo...
_ Onde estava Jade? Quase morri do coração! Leão? O que ele fez? _ Minha vó perguntou preocupada!
_ Nada não, ele salvou meu moleque, tô em dívida com ela, mas depois vemos isso aí, sua bolsa Jade. Valeu por ajudar Dom! _ Leão disse sem jeito.
_ Não foi nada, aqui a receita, o remédio tem que ser dado, se não vai chorar com dor, e Leão, eu não te conheço, mas alguém que faz isso para um menino como Dom, não pode ficar com ele, cuidado, tudo poderia ser pior. Dom não fala, então ele não pode apontar o cuidado, mas ele sente as coisas. _ Falei olhando Leão nos olhos, abri a minha bolsa e entreguei o pendrive que fiz para Dom com as minhas músicas.
_ Que isso? _ Ele pegou sem entender...
_ É para Dom, fiz ontem para ele... _ disse sem jeito...
_ Ontem não, ela passou a noite fazendo, foi dormir hoje cedo, não sabia que o menino que enrola tanto falava era seu filho Leão, vou ficar de olho nela, desculpa por alguma coisa. _ minha vó disse preocupada, olhei para ela brava.
_ Vó, não do nada... _ disse me defendendo...
_ Relaxa tia, sua neta é tranquila, tô indo, fica na fé...
Leão entrou no carro levando Dom, entrei na casa da minha avó e contei tudo o que tinha acontecido para ela.
_ Meu Deus, você salvou o menino, ele podia até ficar doente, e você Jade cuidado, aqui não é São Paulo, tem regras, e o filho de Dom está nelas, não encontre mais o menino, eles são encrenca, o pai principalmente! _ minha vó me alertou...
_ ok, vou tomar banho quente, e dormir, tô com frio, e precisando de algo quente.
_ Vai lá, fiz sopa, vou esquentar para você e levo na cama.
Beijei a minha vó, abracei ela e sorri...
_ Obrigado vó...