Capítulo Dez

1469 Words
Apesar de ainda ser apenas março, as temperaturas estavam quentes e amenas para a festa. O pátio estava iluminado com lanternas e criava um clima festivo para os convidados exclusivos. Todos pareciam estar se divertindo, exceto aquele em homenagem a quem a festa estava sendo realizada.             Marcus ficou de lado, tomando champanhe e lutando contra a vontade de beber algo mais forte. Ele colocou um sorriso falso no rosto e suportou as parabenizações dos associados que sua mãe havia convidado. Não havia ninguém com a mesma idade dele presente.             Bem, havia uma.             "Marcus! Você está aqui!" Elizabeth sorriu, chegando perto dele. "Por que você está se escondendo aqui no canto? Você deveria estar interagindo! Todos aqui têm sentido sua falta. Eu senti sua falta."             Ela agarrou seu braço e se aproximou. Marcus lutou contra a vontade de afastá-la. Sua pele arrepiava onde quer que ela o tocasse e ele não aguentava o olhar arrogante nos olhos dela. Elizabeth havia sido colocada em um pedestal por seus pais e sua mãe. Ela acreditava plenamente que todos os outros eram inferiores a ela. Era a mesma atitude que sua mãe tinha e isso o irritava.             Assim como sua mãe, Elizabeth mantinha seu cabelo castanho preso em um coque, o que só ressaltava seu rosto fino. Maçãs do rosto fortes, um nariz proeminente e um queixo pontiagudo lhe davam um perfil estreito e destacavam uma expressão dura da qual ela nunca parecia se livrar. Marcus não conseguia deixar de vê-la como uma versão mais jovem de sua mãe, e o mundo não era grande o suficiente para as duas.             "Oh, olha, lá está o Dalton. Vamos lá cumprimentá-lo!" ela puxou o braço dele, mas Marcus permaneceu onde estava, como se estivesse enraizado ali.             "Se ele quiser conversar, ele pode vir aqui", Marcus disse com uma expressão de desagrado.             Dalton trabalhava para os pais de Elizabeth e, pelo que Marcus se lembrava, tinha a mesma atitude dos patrões. Tudo o que saía de sua boca eram insultos, e Marcus odiava jogar esse jogo com esse tipo de pessoa.             "Vamos, você deveria estar lá com todo mundo", Elizabeth insistiu, fazendo um bico que apenas piorava sua expressão azeda.             "É minha festa e eu fico onde eu quiser", Marcus disse sem um traço de simpatia.             "Tudo bem, mas não demore muito aqui", Elizabeth finalmente cedeu. "Estarei esperando por você."             Ela se afastou, balançando os quadris de forma que considerava atraente. Marcus revirou os olhos e bebeu outro gole grande do seu copo, quase esvaziando-o de uma vez. Ele odiava depender disso e olhou para a mesa de aperitivos. Talvez pudesse usar a comida como um apoio.             Enquanto olhava a variedade, um garçom trouxe mais um prato. Normalmente, ele ignorava os funcionários, mas casaco bordô desse em particular chamou sua atenção. Quando a festa começou e ele viu os uniformes dos garçons, seu coração disparou. Eram os mesmos casacos, bem, da mesma cor. O que estava no quarto dele era simples, enquanto esses eram bordados com o nome da empresa. No entanto, por mais que tentasse, nenhum dos garçons parecia aquela mulher que o tentava em suas fantasias. Ele estava conformado com a ideia de que ela não trabalhava mais para essa empresa.             Até agora.             A mulher na sua frente tinha altura média, com uma forma curvilínea agradável e quadris redondos provocantes. Ela tinha um rosto redondo e suave e uma vasta cabeleira escura e ondulada, que m*l estava contida em um simples r**o de cavalo. Seus olhos castanhos eram como duas piscinas escuras, suficientemente profundas para ele se perder, enquanto suas mãos coçavam para tocar a pele lisa e morena dela.             Ela tinha que ser ela. Não havia mais ninguém que pudesse ser.             "Quanto tempo, que eu não te vejo", Marcus disse com um sorriso irônico.             Ela olhou com uma expressão perplexa, "Senhor? Existe alguma coisa em que eu possa ajudar?"             "O mesmo de sempre, não é?" ele perguntou.             Ela franzia a testa, "Não tenho certeza do que você quer dizer. Você está procurando algum aperitivo em específico?"             Agora era a vez de Marcus ficar perplexo. Estava errado? Será que ela não era a pessoa certa? É verdade que sua memória estava com cinco anos de defasagem, mas ele lembrava dela claramente. Ela tinha que ser a pessoa certa. No entanto... Ela parecia genuinamente confusa. Ou era apenas fingimento?             Quando ele não respondeu, ela se afastou e continuou a arrumar a mesa enquanto retirava os pratos que estavam quase vazios. Marcus observava, ainda tentando entendê-la. Eles estavam mais do que um pouco bêbados em seu último encontro, mas ele com certeza não havia esquecido. Então, sua confusão tinha que ser fingimento, ou ele estava errado. Se ele a segurasse em seus braços, ele teria certeza, mas não ousou fazer isso na frente de todos.             Nenhum deles entenderia seus sentimentos e isso certamente embaraçaria a mulher à sua frente. Para todos os outros, ela era apenas uma contratada. Mas para ele, ela era muito mais. Havia tanta paixão dentro dele que parecia quase explodir. Ele sentira isso antes. Como poderia convencê-la de que estava tudo bem ser honesta com ele? Mas e se ele estivesse errado? E se não fosse ela? Ela não demonstrou nenhuma lembrança quando ele conversou com ela. Seria porque havia muitas pessoas ao redor deles? Enquanto observava, ela desapareceu na cozinha e Marcus sentiu vontade de segui-la. Talvez, se a confrontasse em particular, ela reagiria de forma diferente. Antes que pudesse decidir, o barulho de vidro chamou sua atenção. Seu olhar seguiu o de todos os outros para o centro do pátio, onde sua mãe e Elizabeth estavam. Elizabeth sorriu radiante. "Obrigada a todos por virem esta noite para dar as boas-vindas ao Marcus." A multidão aplaudiu olhando para ele. Ele deu a eles um sorriso tenso, perguntando-se por que ela estava de repente fazendo esse tipo de anúncio. Não era responsabilidade dele, já que a festa era em sua homenagem? "Também queremos fazer um anúncio importante", continuou Elizabeth, sem se abalar com a expressão confusa dele. "Temos a honra de compartilhar esta noite com todos vocês porque estamos formalmente anunciando nosso noivado!" Elizabeth sorriu, mostrando seu anel com um diamante bastante grande. Ao redor dela, a multidão aplaudiu, oferecendo parabéns, mas Marcus não conseguia se mexer. Como assim? Quando foi isso? Seu olhar percorreu a multidão e suas expressões excitadas. Ao lado de Elizabeth estava sua própria mãe, parecendo um pavão orgulhoso. Eles estavam juntos nisso? E seu avô... Marcus o encontrou na beirada da multidão, com uma expressão curiosa no rosto, quase uma carranca. Então ele não sabia disso. Mas também não estava protestando. Por quê? Estava esperando algo? O olhar do avô encontrou o dele. Eles se encararam por um longo momento. Marcus sentiu como se seu avô estivesse tentando dizer algo a ele, mas ele não conseguia entender. Algo mais chamou sua atenção. De pé na porta da cozinha estava a mulher que o assombrara em seus sonhos por tanto tempo. Ela também ouviu o anúncio? Como ele deveria explicar isso a ela? Seu olhar voltou para a multidão que agora voltava sua atenção para ele, pronta para estender parabéns. Eles eram como sanguessugas. Finalmente, seus olhos caíram novamente sobre Elizabeth. Ela estava ali, alta e orgulhosa entre os outros. Ousou sorrir para ele, mas ele apenas endureceu sua expressão em uma carranca desgostosa. Sem dizer uma palavra, virou-se e foi embora. Na sua opinião, essa festa havia terminado. Um silêncio desconfortável caiu sobre a multidão que antes estava animada. A fachada impecável de Elizabeth rachou, mas ela lutou para não mostrar isso. Ambos sabiam que esse dia estava chegando. Qual era o problema dele? "Miles", Cybil sussurrou. "Você não vai fazer nada?" Miles Avery observou friamente sua nora. Seu olhar era impenetrável e não revelava nada. "E o que você gostaria que eu fizesse?" "Vá e traga Marcus de voltai", disse Cybil. "Você consegue imaginar como Elizabeth deve estar se sentindo envergonhada agora?" "Acho a reação dele bastante razoável", disse Miles. "Você sequer discutiu isso com ele antes de decidir fazer esse anúncio?" "Ele sabia que esse dia estava chegando", disse Cybil, tentando manter a voz baixa enquanto os convidados confusos se movimentavam. "Ele tem trinta e dois anos. Já passou da hora de parar de agir como uma criança e assumir seu lugar como herdeiro da família." "Concordo completamente. Foi por isso que mandei ele embora cinco anos atrás." "Bem, traga-o de volta aqui. Ele simplesmente abandonou Elizabeth! Não é uma maneira adequada de tratar a noiva." "Eles não são noivos", rebateu Miles. "Na verdade, eles não poderiam estar mais distantes. Ele não será mais o fantoche de ninguém. Você terá que encontrar um novo passatempo." "V-você, velho doente. Ele é meu filho." "Então sugiro que comece a tratá-lo como tal, de uma vez por todas."
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