Capítulo Onze

1736 Words
"Marcus, podemos apenas sentar e conversar?", Elizabeth lamentou, seguindo-o enquanto ele marchava apressadamente pelo corredor. "Marcus!" "Conversar?" Ele virou de repente para encará-la. "Se você queria conversar, deveria ter feito isso antes de fazer aquele anúncio ridículo ontem à noite. Onde estava a discussão sobre isso?!" "Sério, eu não vejo o problema. Você sabia que esse dia estava chegando, quero dizer, acho que fui muito paciente." "Desculpe?" "Bem, você certamente fez um grande espetáculo de si mesmo ao longo dos anos com todas aquelas mulheres com quem você esteve. Você tem ideia do dano que causou à reputação da família? Um casamento é exatamente o que precisamos para recomeçar." "É mesmo?", Marcus resmungou. "E com qual reputação familiar você está preocupada exatamente? Você não é uma Avery. Nem agora, nem nunca." Elizabeth abriu a boca para protestar, mas ele não tinha terminado. "Eu nunca concordei em me casar com você, e ainda não concordo. Boa sorte em ter um casamento sem noivo!” Ele se afastou dela, apressando-se até a garagem onde todos os veículos da família, incluindo os seus pessoais, estavam guardados. "Nosso casamento foi planejado há muito tempo!", ela disse, alcançando-o assim que ele chegou ao seu Porsche. "Não terminamos de conversar sobre isso." "Sim, terminamos." Marcus franziu a testa enquanto dava partida em seu carro, que estava negligenciado por muito tempo, e acelerou assim que a porta da garagem estava alta o suficiente para permitir sua saída. Ele a deixou furiosa, mas não se importou. Com sorte, as rugas se eternizariam em sua testa, mas com todo o botox que ela fazia, provavelmente não ficariam. O Porsche ganhou velocidade rapidamente e ele deixou a mente em branco. Ele e Ethan costumavam correr com seus carros por essas estradas tranquilas o tempo todo, Marcus conhecia cada curva, cada virada. Era o lugar perfeito para apenas deixar a mente em branco enquanto o Porsche rapidamente atingia velocidades altas. Luzes piscantes e uma sirene o trouxeram de volta ao presente. Suspirando, ele tirou o pé do acelerador e parou o veículo. Franziu a testa, olhando ao redor para perceber que ele tinha ido mais longe do que pensava. Quanto tempo ficou distraído? Uma batida na janela o lembrou do motivo pelo qual ele tinha parado em primeiro lugar. Relutantemente, ele abaixou o vidro para ver uma figura familiar, o policial do outro lado parecia igualmente surpreso ao reconhecê-lo. "Oi, Kris." "Marcus Avery, faz tempo. Não percebi que você tinha voltado. Ficou tranquilo sem você e o grupo de corrida por aqui." "Eu posso imaginar, poucos veículos vêm por aqui." Além da propriedade de sua própria família, havia outras três na mesma estrada, incluindo a dos Worthingtons. Se alguém não estava visitando-os, não havia muita razão para usar essa rota. "Bom, dirija com cuidado e faça um favor pra mim... Mantenha a velocidade abaixo de setenta", o policial riu antes de voltar ao seu veículo. "Sim", Marcus suspirou. Afinal, isso não era a Alemanha. Ligando o Porsche novamente, ele saiu cautelosamente e dirigiu dessa vez prestando atenção ao velocímetro. Não seria bom receber uma multa de trânsito em seu primeiro dia de volta. Ainda precisando extravasar, ele seguiu para a cidade, para um de seus antigos refúgios. Pelo menos lá ele poderia sentar e beber em paz. * * * "Bem, fale do d***o e ele aparece." A voz familiar tirou Marcus de seus pensamentos, olhando para cima, ele viu Leonard Jensen sentando ao seu lado. Apenas um ano mais velho que Marcus, os dois se tornaram amigos rapidamente, unidos pelo álcool, mulheres e pelas pressões de uma família de classe alta. Com cabelos e olhos castanhos e praticamente a mesma aparência, eles quase poderiam ser gêmeos, exceto pelo perfil afiado das características marcantes de Leonard. "Como você tem estado, Leo?", Marcus perguntou enquanto o outro se acomodava no banco do bar ao seu lado. Leonard acenou para o bartender e o garçom imediatamente preparou seu pedido habitual. Virando-se para Marcus, ele disse: "Ah, mais ou menos a mesma coisa. Sem você, Ethan e Liam, tem sido bem entediante por aqui." "Onde estão os dois, afinal?", questionou. Quando chegou pela primeira vez na área de lounge do hotel, ele ficou surpreso com todos os rostos novos. Além do bartender, ele realmente não conhecia ninguém. Leonard revirou os olhos: "Ah, eles são homens de família agora." "O que isso quer dizer?" "Bem, você sabe, Nicolas finalmente encontrou a mulher que estava procurando e se casou." "Entendi", Marcus assentiu. Durante cinco anos, o irmão mais novo dos Worthington tinha sido motivo de riso porque ele teimosamente se recusava a desistir da busca por uma mulher com quem teve uma aventura de uma noite. Marcus também tinha ficado surpreso quando Nicolas realmente conseguiu encontrá-la. Como se isso não fosse uma surpresa suficiente, sua pele escura e atitude ousada deixaram os socialites de cabeça girando. "Bem, depois que você saiu, eles começaram a ter filhos sem parar, eles têm uns três ou quatro agora." "Nossa." "Aparentemente todos os irmãos Worthington decidiram seguir o exemplo dele", disse Leonard. "Cole tem dois, Ethan e Liam têm dois ou três cada um. É insano! Como se a família já não fosse grande o suficiente." Marcus levantou uma sobrancelha, mas não se juntou à alegria de Leonard. Depois de passar tempo com Julius e sua família, ele começou a ver o apelo de se estabelecer e ter uma família. Assim como os outros, ficou surpreso quando Nicolas anunciou seu noivado, mas não havia como negar o olhar que ele tinha quando olhava para Aubrey. Era um olhar de êxtase puro, o mesmo olhar que Julius reservava para Macey. No passado, Marcus nunca admitiria sentir inveja de nenhum dos dois, mas depois de cinco anos, ele não tinha dificuldade em admitir agora. Estava com inveja: inveja de como as esposas deles olhavam para eles, da forma como os filhos se apegavam a eles, inveja de como suas vidas pareciam tão completas e plenas enquanto a dele era vazia e carente. Então, Ethan e Liam também têm filhos. Parecia que ele estava ficando ainda mais para trás. Todas as mulheres com quem esteve não o emocionavam, seus olhares não eram adoradores, eram gananciosos e ambiciosos. Nenhuma delas queria Marcus por ele mesmo, tudo o que elas se importavam era o que ele poderia lhes dar: luxo, joias, prestígio, dinheiro. Era isso que ele representava para elas, um caixa eletrônico glorificado. Era de se surpreender que ele as tratasse com a mesma frieza? Elas realmente não deveriam esperar mais dele. Uma imagem de sua bela morena invadiu sua mente, havia algo diferente nela que ele não conseguia entender. Ela não estava agarrada a ele com promessas vazias. Eles tinham se divertido um com o outro e então ela desapareceu levando apenas uma lembrança. Por quê? Será que tinha sido um erro mesmo? As perguntas o assombravam até agora. Na noite passada, ele achou que finalmente teria a oportunidade de obter respostas, mas ela agiu como se nem se lembrasse dele. Era tão boa atriz assim? Por que negar a interação deles, a menos que não significasse nada para ela? Uma noite era tudo o que ela queria? "...Ei! Terra para Marcus. Volte à realidade." Marcus piscou os olhos e balançou a cabeça. "Desculpe, estou com a mente ocupada." "Bem, se sua mente está ocupada, talvez devêssemos ocupar o resto de nós também", brincou Leonard. "Eu realmente não estou com vontade." "Ah, vamos lá. Vamos jogar aquele jogo que costumávamos jogar e escolher uma mulher para o outro conquistar. Você primeiro!" Marcus revirou os olhos e se lembrou do jogo facilmente. Na primeira boate da noite, eles escolheriam uma mulher para o outro seduzir. Como a maioria das mulheres os reconhecia, não era uma competição muito acirrada, então eles adicionavam desafios para manter a coisa interessante, como quem chegava aos finalmentes mais rápido. A ideia agora deixava um gosto amargo na boca de Marcus. "Vamos lá", insistiu Leonard. "Pelos velhos tempos." "Tudo bem", Marcus suspirou. "Aquela ali, cabelo castanho." Leonard seguiu seu olhar e fez uma careta ao olhar o pequeno grupo de garotas da faculdade. Marcus sabia que ele preferia loiras, mas a ideia do jogo era torná-lo um desafio e a garota que ele apontou ainda era jovem, como Leonard preferia. "Você ficou maluco?", exclamou Leonard, surpreendendo-o. "Eu não quero ir para perto dela de jeito nenhum." "Por que não?" "Você não sabe quem ela é?", Leonard zombou. "É a Alexis Prescott." A sobrancelha de Marcus se ergueu e ele virou o olhar para estudar a jovem mais atentamente. Ela tinha uma altura mediana, com uma cabeleira lisa e castanha que chegava quase até a altura das costas. Sua roupa era modesta: um simples vestido preto com alças largas. Eles estavam longe demais para ter certeza se seus olhos eram verdes, mas ela certamente se parecia muito com Avalynn agora que ele estava realmente olhando para ela. Mas uau! Quando ela cresceu assim? "Ela é intocável", declarou Leonard. "Ninguém em sã consciência se aproximaria a menos de vinte metros dela." Marcus assentiu, não era segredo que Silas Prescott adorava seus filhos e tinha planos meticulosos para o futuro de todos eles. Abordar a Princesa Prescott, certamente, seria um convite para atrair a ira de Silas. Enquanto ele meditava sobre esses pensamentos, um jovem se aproximou do grupo silenciosamente, apenas para cutucar o lado de Alexis com o dedo, fazendo-a gritar de surpresa. Girando para encarar seu importunador, ela de repente sorriu largamente e o abraçou imediatamente. Marcus observou com uma nota de confusão, estudando o rapaz bastante corajoso. O rapaz era alto, um pouco magro, com uma cabeleira preta. Sua confusão não era infundada, já que ele sabia que Caden DaLair e Alexis Prescott haviam sido alvos de especulações durante anos, apesar de suas famílias não terem feito nenhuma declaração formal. "Quem é esse?", Marcus perguntou de repente. "Um dos irmãos dela: Teddy ou... seja qual for o nome dele", Leonard encolheu os ombros. "Eu nunca consigo diferenciá-los." Marcus acenou com a cabeça. Isso fazia sentido e, olhando novamente, o homem realmente tinha uma forte semelhança com Silas, o suficiente para ser um irmão mais novo ou filho. "Bem, se você não quer jogar, vamos para uma boate", disse Leonard. "Boate? Não tô muito afim." "Ei, essa é nova. Você vai adorar, prometo." Marcus lançou um olhar desconfiado para Leonard. "Eu mentiria?" A noite prometia ser longa.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD