Capítulo 5

1092 Words
Adriana — Senhorita. — Hum... deixa eu dormir mãe, trabalhei feito uma c****a a madrugada toda. — Mas... senhorita, são nove da manhã, seu café a espera e uma fila de pessoas a aguarda do lado de fora desse quarto. — E nenhuma de nós somos a sua mãezinha. A voz da resmungona me fez ter raiva logo pela manhã. Virei o rosto de lado, os olhos ainda fechados. Sentindo as remelas grudadas no canto das vistas. — Sei... tava só testando vocês. Dormi por quantas horas? Bocejei esfregando a face, ajeitando o corpo pra frente. — Ah! Que audácia! Vale-me Deus! A moça irritante aparentemente abandonou o navio. Sorrindo satisfeita abri um olho, averiguando se a chatinha tinha ido embora mesmo. Encontrei o sorriso da senhora, quando se deslocou a direita, mostrou o aparador, contendo a bela refeição matinal. Quase pulei da cama, o estômago roncou de novo, se fazendo presente. — Bom dia, se me permite dizer, gosto do seu entusiasmo. Senhorita. — Bom dia. — Andei de joelhos até sair da cama super macia. — Qual a sua graça? — Olivia. — E a Maria Chiquinha é a Carla. Bonito nome para uma bruaca, parece detestar a minha pessoa. Sai já mexendo nas uvas, pondo quase umas dez na boca. Provando seu adocicado, livres de sementes. — A mocinha é minha sobrinha. — Uh! — Cuspi uma casca. — Desculpa, não queria ofender alguém da sua família, tem se mostrado ser uma boa empregada. Não me destratou em nenhum momento, te agradeço por isso. Na minha vida passei por inúmeras coisas, umas mais chocantes que outras. A olhei triste, relembrando de umas cenas difíceis. Oliva parecia compadecida com o meu sofrimento. E ela nem me conhecia. Se soubesse da onde eu vim, talvez não teria tanta pena. — O importante que sobrevivi, e não vai ser uma mocinha de dezoito anos que vai me peitar não. Peguei uma cadeira, precisava ficar firme para a minha próxima missão. — Um dia te conto porque essa menina se tornou tão ranheta. Por hora, coma na sua paz. Assim que terminar pode deixar os profissionais de beleza entrar. — Agradecida. Falei de boca cheia, comendo bolo e tomando iogurte. *** Deixei-os esperando por meia hora, quando a pança ficou cheia, abri a porta da esperança. A minha esperança. *** Foi preciso duas horas para me deixar no nível do CEO, o meu futuro marido de mentirinha, pois deixava claro que não exigiria sex.o no pacote. Isso seria um bom descanso para a minha larisinha, porque a bichinha já trabalhou por muitos anos. Olhei a nova Adriana, toda repaginada. Em um vestido de alças, modelando a cintura. No resto do caimento ela vinha soltinha no corpo, chegando o comprimento decentemente até nos joelhos. Estampado, modelagem da nova coleção primavera, de uma grife tão famosa que nem conseguia pronunciar. Sapatos de salto mediano, cordão delicado, pulseiras finas e uma tornozeleira, da qual achei muito charmosa. Na primeira vista torci a cara quando dois estilistas renomados me mostraram o meu novo vestuário. Mas ao vestir uma das peças, e conforme foram arrumando o look, concordei que era de muito bom gosto. São profissionais. As madeixas ficaram igual das atrizes de cinema, com aquelas pontas enroladas. Me deram até um corte novo e moderno, sem tirar o comprimento. Tudo para compor o visual. Ouvi um bater na porta. — Entre! Dei meu volta achando que era o Salvador. — Senhorita, Adriana? — Sim, sou eu. — Vim te buscar, estão te esperando na área do jardim. O almoço será servido lá. Me acompanha? O gentil mordomo ofereceu o braço. — Oh! Claro. Aceitei, apreciando a gentileza gratuita do ser humano. Andamos pelo lado de fora da residência, amando cada detalhe do local em volta, até chegarmos onde estariam me esperando. Uma garotinha me viu e abriu um largo sorriso encantador, e começou a pular feito uma pipoquinha na panela, olhando de mim ao empresário, batendo palminhas. Revesando os olhares inquietantes. Imediatamente me peguei sorrindo também, pois amava crianças. Podia ter sido babá se tivesse estudado mais. Ao me aproximar, o serviçal se despediu, em seguida pediu licença ao seu patrão, que o concedeu expressando sua gratidão. — Eu... — Papai! É ela! Quero essa! Correu para me abraçar. — Ui! Nossa. Abracei-a me sentindo especial. Fitei-o, notando um misto de admiração e afeto em seu olhar masculino. — Podemos ficar com essa? Qual o seu nome senhorita? A princesa se afastou esticando meus braços com ela, trazendo para perto do seu pai. Salvador, tem uma linda garotinha. — Me chamo Adriana. — Sou Celinha, vai casar com o senhor Andrade? — Filha, vamos conversar sentados a mesa. Ficaremos mais confortáveis assim. — Está bem. — Concordou animada, pegando na minha mão energeticamente me levou ao assento. Seu atencioso pai puxou a cadeira. — Obrigada. — Papai é muito cavalheiro, não acha senhorita? — Sim, além de encantador. Sentei me sentindo uma verdadeira princesa da realeza. Ele tomou assento, ficando bem diante de mim. Sua filha preferiu ficar comigo, mexendo na ponta do meu cabelo, comparando as cores dos nossos fios. — Passo dois? Perguntei olhando-o sorridentemente. — Sim. Gostou dessa surpresa, Adriana? — A melhor de todas as surpresas. A mirei tocando no alto da sua cabeça, seus olhinhos claros redirecionados a mim. — Posso te pedir um favor? — Impossível negar algo pra uma princesinha feito você. Sorriu mostrando a janelinha aberta. — Pode se tornar a minha mamãe, tipo, eternamente? Internamente fiquei espantada, chegou a me dar um siricutico pelo nervoso. Esse compromisso seria então de larga escala? Não contava com essa "prisão eterna" De soslaio olhei-o, tentando buscar ajuda. — Não havia pensado nisso. Na realidade devia ter esperado por essa reação. — Comentou mais consigo mesmo. — Então o acordo pode ser vitalício. O que acha? Nada te impediria disso, podemos combinar a nossa convivência da melhor forma. Sem ter como desviar o olhar daquela anjinha, que implorava fazendo aquela carinha de pidona, quis entender sua linguagem de empresário poderoso. — O quê quer dizer vitalicio? — Para sempre, Adriana. — Oh! Quantos anos tem mocinha? — Cinco aninhos. — E uma mentalidade avançada para sua real idade. — Estou a reparar. Então, minha linda, eu e seu pai vamos conversar mais tarde sobre o... — Casamento! Ehhhhh!!!!! — Completou sua filha, numa altíssima empolgação. O almoçou chegou bem no momento de me imaginar toda de branco, usando véu e grinalda, entrando de noiva pura e imaculada na igreja, para o CEO.
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