Capítulo DOIS

2952 Words
Uma dor horrível se apoderou do meu braço. Eu já não conseguia mexê-lo. É o segundo dia que eu estou aqui e só sei disso por conto de uma janela no alto da parede. Fico imaginando minha fuga, mas não consigo nem mexer o braço. Ouvi a porta sendo aberta e já me encolhi no chão gelado. Um homem enorme entrou com um sorriso no rosto. Ele me olhava como um caçador olha para sua caça. Ele tocou meus tornozelos e foi subindo as mãos, suas mãos eram sujas, havia uma linha n***a abaixo de suas unhas que eu realmente não quero saber de onde vieram. Por onde suas mãos passavam. eu também ficava suja de preto, metade da minha perna já estava assim. — Não… — disse fraca. Não sinto que tenho muita força pra lutar dessa vez. Seu corpo veio para cima de mim e entortei a cara ao sentir sua barba m*l feita roçando meu rosto. Ele fede. — P-para com isso… — supliquei. Eu não tenho forças para nada, nem para mexer um músculo. Não como há dias e meu braço preso doí demais, se eu mexer para me debater iria doer mais. Ele subiu uma mão para meu quadril levantando a blusa que eu vestia, sua mão apertou minha b***a com força. Eu gritei de dor. O cara que bateu no Jacob, quando fez a merda do sexo comigo me apertou demais nessa região e agora parece que está roxo, só pode. Eu comecei a chorar. Senti um dedo dele entrar em mim, eu prendi o choro. — Para, para por favor… —disse chorando. — Seu puto! — ouvi alguém gritando e um barulho de tiro. O homem parou de fazer o que estava fazendo, seu peso triplicou em cima de mim e eu fiquei sem ar. Fiz força com minha mão esquerda e o joguei para o lado. Na direção que ouvi o grito, na porta, eu vi Jacob. Eu continuava chorando. Tinha sangue escorrendo pela minha barriga. Me assustei com aquilo, sentei rápido. — Não é seu. — Jacob disse entrando no quarto. Ele mirou com a arma perto de mim, viro a cabeça e ouço outro tiro e então a corrente caiu no chão. Tirei a corrente do meu braço gemendo de dor, a marca da corrente estava roxa e já não sentia mais meu braço naquela região. Olhei para o homem jogado no chão, tinha uma poça de sangue se formando embaixo dele. — Anda garota! Jacob gritou. Tentei me levantar. Jacob olhou para os lados no corredor e sumiu. Me pus de pé com dificuldade, eu ainda vestia a blusa que Jacob me deu. A estiquei tentando que ficasse maior, mas era em vão. Minhas pernas estavam sujas de preto e escorriam sangue do homem baleado. Entrei no corredor e vi um homem conhecido batendo em um homem. Era o dono da boate que encheu minha bebida com alguma droga. Amigo do Jacob. Ele me viu e veio na minha direção, segurou meus dois pulsos. — Não! — gritei. — Não toca. — disse chorando. Ele bufou segurando meu pulso bom e me arrastou pelo corredor. Entrei em um quarto onde estava Jacob apontando uma arma para o homem que fez aquilo comigo ontem. — Certo. — ele sorriu através do excesso de sangue em sua boca. — Atira logo. Jacob inspirou fundo. Ele pegou o cara pelo pescoço, o enforcando e o levou até fora da casa. Ali era só mato então Jacob o jogou no chão. O amigo do Jacob me levou para lá também. Eu chorava em silencio. — Cara você acha que eu sou i****a de te matar? — Jacob não esboçou nada. — Vou te fazer sofrer tanto que o inferno vai se tornar o céu para você, Dareen. Você é um o****o! Jacob caminhou até ele e começou a chutá-lo. Ele chutava em todas as partes do corpo dele, eu não podia olhar aquilo. Podia ouvir alguns ossos estalando ou quebrando, eu não sei. — Você ainda me paga. — o tal Dareen falou fraco. — Pelo o quê? — Jacob riu agora. Dareen cuspiu sangue. — Pelo o quê? Fala! Eu quero ouvir! Podia ver os músculos de Jacob se mexendo nitidamente através da camisa a cada vez que ele se curvava para chutar Dareen. — Ela foi uma v***a por ter ficado com você. — Dareen olhou para Jacob. Dareen estava horrível só de olhar para ele me dava ânsia de vômito. Tentei sair dali, mas o cara meio loiro, amigo do Jacob me segurou. — Ela era uma v***a sim. — Jacob o chutou. — E você deve ter ficado puto quando soube que ela havia te largado e… — ele se abaixou. — Justo para ficar comigo. Pode imaginar ela gemendo? Emma te largou seu o****o para gemer na minha cama! — Jacob gritou. — Seu filho da- — ele não pôde terminar devido ao soco de Jacob em seu rosto. Automaticamente eu virei o rosto. Não conseguia mais olhar aquilo. Vi duas gotas de lágrimas caindo no chão. — Mark! — ouvi Jacob gritando. — Enfia ela no carro. Não conseguir chorar mais em silencio. O Mark me levou pela estrada, estava escuro, a lua não aparecia nessa noite. Avistei o carro e então Mark me colocou ali dentro e logo vendou meus olhos e pôs um capuz em minha cabeça, colocou uma fita em minha boca e ele também amarrou meus pulsos e então ouvi a porta se fechando. Eu estava sozinha. Chorei a vontade, sabia que ninguém iria ouvir. Eu chorava pelo meu pulso que doía demais, pelo grito que ouvia de Dareen cada vez mais, por Jacob ter me machucado, por eu ter sido uma burra em querer mudar de caminho naquele dia em que voltada do colégio, por não ter aceito a companhia das minhas amigas, por ter brigado com minha melhor amiga e por isso querer ir sozinha. Então comecei a chorar de raiva, raiva de mim mesma. Ouvi vozes se aproximando então tratei de parar de chorar. — Anda, se fizer qualquer droga de som eu dou trilhões de tiros no seu pé. — ouvi a voz de Jacob. Senti o banco se afundar, Dareen devia estar ao meu lado. Me encolhi no canto. As imagens dele tirando minha blusa e fazendo aquelas coisas horríveis comigo vieram à minha cabeça. Então por um momento desejei que Jacob o torturasse e nunca o deixasse morrer, porque Jacob tem razão, morrer seria fácil para ele. No que eu estou pensando? Ouvi duas portas baterem, imaginei sendo Jacob e Mark na parte da frente. Então o carro saiu do lugar. Durante o caminho todo eu não me permiti dormir, eu estava exausta, um pulso voltava a latejar e o cheiro do sangue na minha blusa estava ficando pior. Mas às vezes eu me pegava dormindo. Não queria fazer isso, Dareen estava do meu lado e Jacob em algum lugar na minha frente. Minutos depois me peguei dormindo de novo. Respirei rápido e me ajeitei no banco do carro. Podia ouvir alguns pássaros e meu rosto estava quente. Era de manhã. Dormi demais. Não foram minutos e sim horas. Tentei abrir os olhos, mas me lembrei de que estão vendados e minha boca presa. Eu estava começando a ficar agoniada, até então não tinha dado conta de que estou em um carro e amarrada. Talvez eu seja claustrofóbica. Comecei a mexer meus braços e minha cabeça, fazendo barulho com a boca também. — Ei! — ouvi alguém dizer. Eu respirava fundo. Como se fosse possível me controlei, desesperada pelo medo. Comecei a suar. Depois de arrastar minha cabeça no encosto do banco, o capuz se moveu para fora do meu rosto tão rápido, já bagunçando meu cabelo. Avistei uma claridade súbita arder meus olhos, dentro do carro pude ver Mark voltando a se sentar de frente, ao seu lado Jacob dirigindo e ao meu lado aquele Dareen. Dei um grito abafado com o susto que levei ao vê-lo cheio de sangue e apagado. Ele morreu? Jacob grunhiu. — Cara faz ela calar a boca? — ele pediu impaciente. Mark apenas estalou a boca, o ignorando. Tentei me acalmar. Do lado de fora do carro eu podia ver uma estrada asfaltada e ao nosso redor muitas arvores daquelas muito altas, mas com o tronco não muito grosso. Qualquer lugar que eu olhasse tinha árvores, onde eu estou? Isso não tem nada a ver com a Califórnia onde eu vivo. Estou muito longe de casa. Tentei não me descontrolar, tentei até dormir novamente, mas não consegui. Fiquei quieta até ver que o carro estava começando a parar. Eu fiquei olhando tudo em volta. Jacob saiu do carro, abriu a porta de Dareen e o arrastou para a floresta. Ouvi vários tiros, então ouvi a voz de Dareen. Como ele ainda não morreu? Talvez Jacob não atirou para ele morrer. Então ouvi mais tiros e um silencio horrível pairou sobre o lugar. Mark saiu do carro e veio já colocando o capuz enorme sobre meu rosto. Grunhi ao sentir uma dor eletrizante pelo corpo quando ele me tirou do carro rápido demais. Todo o meu pulso estava roxo e tudo por culpa de Dareen. Mark me levou para algum lugar distante. Andei por alguns minutos e então senti sobre meus pés descalços um chão liso, uns barulhos de passos, estou dentro de uma casa? Mark me jogou no chão me fazendo cair sem apoio nenhum, uma porta se fechou e foi trancada. Viro a cabeça para os lados, bem rápido para tirar o capuz e vi que estou em um quarto um pouco menor que o que eu estava antes. Era bonito e como na primeira vez, tenho certeza de que outra pessoa morava aqui. Me arrastei para a parede e encostei as costas ali, tentei me livrar da corrente em meus pulsos, mas parecia ser em vão. Ouvi um barulho de chuva, alguns trovões e mais chuva. xxx — Advinha quem esta no telefone !? — Jacob entrou divertido no quarto me despertando de uma dormida horrível no chão duro. Sentei com dificuldade, meus braços ainda doíam, e olhei para ele. — Seu querido papai. Ele sorriu m*****o. Meu pai? Por que meu pai ligaria para Jacob? — Acho que ele já quer me pagar a divida que deve. — Jacob pôs o celular no ouvido e saiu do quarto. Lembrei-me do dia que Jacob falou sobre meu pai não pagar uma divida a ele. Jacob tinha razão? Meu pai faz negócios com um bandido? O que meu pai fez com Jacob? Comecei a chorar. Queria ir para a minha casa. Abraçar minha mãe, minha irmã, perguntar por que meu pai fez isso comigo. Só isso que quero saber. Olhei para meu corpo vendo a única blusa que me cobria, coberta de sangue já seco. Minhas pernas sujas de lama, meu pulso roxo devido as correntes. Eu estava um nojo, ficar olhando o sangue na blusa me deixou enjoada. Tinha muito sangue. — Alguém quer falar com você. — Jacob veio até mim e se abaixou. Ele tinha uma cara de deboche. Olhei para o celular. Jacob botou no alto-falante. — Nicole? Filha? — ouvi a voz do meu pai e meu coração se encheu de saudade. Comecei a chorar. — Pai? — engoli a vontade de me debater, gritar e qualquer outra coisa, porque sei que não vai dar certo. — Eu vou te tirar dai filha... Me perdoa, eu- — Por que fez isso comigo pai? — o interrompo. Já são dias longe de casa, longe da minha família e amigos, são dias comendo somente quando Jacob se lembra de mim e acaba me dando uma porção de passarinho pra comer, dias sendo maltratada e chorando durante horas. Imaginei diálogos com meus pais, sobre o dia em que os veria de novo. Achei que fosse sorrir, chorar, abraçar os dois ao mesmo tempo, mas agora ouvindo a voz do meu pai eu sinto raiva e não sei porquê. Não era pra sentir isso, mas eu sinto. Porque algo em mim me diz que ele realmente tem algum envolvimento com Jacob e que tudo isso não foi um engano. — Tudo isso é culpa sua. — funguei. — Agora chega de drama. — Jacob foi embora do quarto. Talvez tenha sido a primeira vez que chorei de raiva. Eu chorei porque tudo isso não é minha culpa, mas mesmo assim sou eu quem está pagando. Fiquei ali chorando por várias horas, não sabia que podia chorar tanto assim. Nesses últimos dias eu ouvi e senti coisas que eu achei que nem eram possíveis. Existe tanta gente c***l nesse mundo e eu não sabia. Isso não faz sentido. Quando foi de noite eu já estava cansada de chorar, então me coloquei de pé e limpei o rosto. Eu olhei em volta e comecei a revirar tudo no quarto porque ficar sentada o tempo inteiro dói e eu preciso pensar em como vou sair daqui. Eu olho atrás e por baixo da cama, atrás do guarda-roupa e achei um panfleto escrito “Bem Vindo a Oregon” e expirei alto pelo nariz. Estamos em Oregon, por isso as muitas arvores e o tempo não tão quente. Oregon, fora da Califórnia. Pisco os olhos afim de afastar as lágrimas. Continuei vasculhando as coisas, mas aos poucos tive que parar devido a uma tontura que me atingiu tão forte que fui com tudo em direção a uma das paredes. Com o máximo cuidado, me arrasto até o chão e me deito. A tontura não passava. Eu preciso comer, não sei quando foi a ultima vez que comi. Fiquei deitada no chão por vários minutos e quase dormir, mas só então lembrei que tinha que voltar a vasculhar. Uma Semana Depois Oregon. Eu estou em Oregon. Descobri revirando todo o quarto em que estou. Já faz alguns dias em que estou aqui, Jacob também não aparece no quarto há alguns dias e isso para mim é bom. No guarda-roupa abandonado eu também encontrei umas roupas velhas e esquecidas e não demorei em jogar a blusa ensanguentada para longe e vestir essas roupas. Era uma calça feminina, mas ainda assim ficou larga e a blusa é uma camisa com alguns rasgos, mas serve. Eu estava sentada na cama, ouvindo o barulho da chuva forte lá fora e meu estômago com fome compete com o trovão pra ver quem soa mais alto. — Venha ver- — Jacob entrou no quarto me causando susto. Não sei por quantos dias ele sumiu, mas com sua chegada meu coração quase sai pela boca e eu me ponho de pé. Na cama eu ficaria muito vulnerável. Ele me olhou de cima a baixo. — Que roupa é essa? Entrelacei os dedos e curvei os ombros. Não sei o que falar. Que revirei o quarto em busca de alguma saída e as encontrei no armário? — O gato comeu a sua língua? — ele se aproximou. Olhei para os lados. — Eu estou falando com você! Ele segurou meu pescoço extremamente forte, me empurrando para trás, me fazendo bater na parede com força, ele bateu minha cabeça ali também. — No… Guarda-roupa. — gemi de dor, de olhos fechados com um aperto. — Hm. Anda, vem ver uma coisa. — ele me puxou pelo pescoço mesmo. Andei aos tropeços para fora do quarto e parei onde parecia a sala grande e luxuosa. Olhei para a televisão quando a mesma foi ligada. — As buscas continuam para encontrar a filha do Deputado Augustus Walber. Sua filha, Nicole Walber, foi vista pela ultima vez em seu colégio. – uma repórter falava. Apareciam fotos minhas, a repórter estava em frente a minha casa. Oh... Minha casa. Que saudade... Comecei a chorar. — Nicole saiu do colégio e então não foi mais vista. A filha do Deputado esta sumida há quatro semanas e os pais e amigos querem justiça. Jacob começou a rir em escárnio. — Eu estou aqui com Leah, a esposa do Deputado, para falar um pouco com a gente. — meu coração acelerou. Meus olhos correm por todo o canto da televisão e precisei fechar a boca. A repórter andou um pouco e pude ver minha mãe abraçada com a minha irmã, Savanna. Ela estava de cabeça baixa, suas olheiras me dizem que ela andou chorando e isso me dói. — Mãe! — gritei agora tocando na tv, em seu rosto. — Savanna. — sussurrei. — Isso é injustiça. Minha filha não fez nada pra ninguém, ela é uma menina feliz, de bem com todo mundo, brincalhona. — minha mãe tenta não chorar enquanto fala.. Agora eu também. —  Eu quero a minha filha de volta! Quero que quem fez isso com ela pague por tudo, tudo! Não entendo porque fizeram isso. Nossa família não fez nada de errado. — Pelo visto ela não conhece o marido que tem. — ouvi Jacob atrás de mim. — Eu quero que achem a minha filha e que a pessoa que a pegou queime no inferno! — Ui. — Jacob riu. Então tudo ficou preto. Ele desligou a televisão. — Me leva embora. — virei chorando. Ele sorriu fechado e veio se aproximando. — Sua divida é com meu pai, não comigo! — Negócios. — ele apertou meu rosto com uma mão. – Assim são feitos negócios. Ele tem uma coisa que é importante para mim, eu tenho algo importante para ele. Quando ele estiver disposto a me dar o que é meu eu dou o que é dele. Se você quiser eu te levo embora e pego aquela sua irmã loirinha. Meu coração gelou.
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