Meu nome é Jade e eu tenho 23 anos anos. Minha vida aqui no morro pode até ser chamada de sem graça, mas gosto pra c****e disso tudo aqui. Trabalho com a minha mãe numa loja de roupa chique aqui no pé do morro e mesmo com essas cria andando com roupa que só cobre o **, a gente tem até um lucrinho razoável, mas sabe o que é melhor mesmo, o dono do morro não cobra pagode e isso ajuda muito
A gente já tá aqui uns cinco anos, minha mãe e eu, a gente veio do meio do Rio, do morro do Dendê, á era bom pacas, mas aqui é bem melhor, eu amo tudo isso. Não consegui fazer curso superior lá no Rio e nem aqui, mas entrei em um curso técnico pra enfermagem. Minha mãe sempre gostou de me ver estudando e ficava triste pelos cantos só de pensar que eu não tinha conseguido entrar na faculdade por falta de oportunidade, que lógico, tem muito mais a ver com grana do que com interesse mesmo
Pensa numa felicidade quando descobriu que eu tinha conseguido uma vaga no Senac fia, ela só faltou pular pra cima de mim e me deixar marcada pelo resto da semana de tanto beijo que me deu. Meu coração quase saiu pela boca curtindo a felicidade dela, a minha mãe, a Elza, é meu mundo todinho e que eu vivo pra agradar
Meu pai morreu quando eu tinha dez anos, foi atravessar a linha amarela e levou uma bala perdia, o sofrimento veio com força, mas pros grandes ele era só mais um no meio da guerra do tráfico, então a gente continuou nossa vida, só na labuta, eu no estudo e cuidando da casa e minha mãe nas faxina da gente rica da zona sul
Sabe, eu sou muito parecida com a minha mãe, tanto na personalidade quanto na aparência e como eu amo tudo isso, a pele era bronzeada com o sol do Rio, mas depois que eu vim pra cá, deu até um clareada, pensa num cidade que garoa horrores, pelo menos num fiquei branquela reluzindo leite. O cabelo castanho escuro, que bate no ombro, corpinho delineado, mas que não gosto de ficar mostrando feito p**a de morro não, já me basta a fama de morar aqui, o povo de fora acha que é é desfile de prosti, mas a maioria é mulher direita, trabalhadora, que mata um leão por dia pra sustentar as crias ou ajudar o marido dentro de casa, aqui não tem vagabundo não e as mulheres se mostrando, são mais aqueles que quer curtir a vida loka do lado de bandido, eu quero é mais desfilar com as roupas da minha loja e fazer propaganda no ao vivo bebê
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Hoje era para ser um dia mais que normal, era trabalho durante o dia e curso durante a noite. O f**a era que tinha prova de instrumentação, eu odiava tudo aquilo, tinha que ficar prestando atenção em cada detalhezinho se não podia atrapalhar o trabalho o médico, e quem é que queria levar bronca na frente de paciente hein? Ou deixar o bichinho deitado na maca com o ** na mão só na imaginação de que a gente não sabia o que estava fazendo? Eu que não queria e era isso que me irritava mais ainda
O sono estava batendo forte e não via a hora de tudo aquilo terminar para voltar para casa, comer um sanduba grego e tirar um ronco até o g**o cantar, só que as coisas não acontecem do jeito que a gente pensa não é, do jeito que a gente imagina, ou pelo menos na maioria das vezes porque foi dó eu tocar na tranca do portão que senti o cano frio colar na minha nuca
Só te digo uma coisa, se eu tivesse posta no **, tinha me cagado todinha
- No silêncio, tu vai seguir comigo tendeu? O chefe tá quereno ti vê
- Como assim o chefe está querendo me ver? Eu não fiz nada, por favor, me deixa ir
- Num disse que era pra tu ficar queta, quer levar uns sossega diacho?
Engoli o choro ali mesmo, não fazia ideia do porquê o dono do morro estar querendo me ver, mas nunca é coisa boa, nunca
Não consegui ver muito bem quem me arrastava, ainda mais com o medo do tamanho do mundo que estava carregando só de sentir aquele negócio gelado que tinha saído da minha nuca e agora estava na lateral da minha cabeça, mas acho que era o filho da Carla, uma rapariga metida a b***a que morava na rua três e se fosse mesmo, o negócio era pior ainda, porque ele andava lado a lado com o sub e o dono do morro, ela cria formada, d***o igual a eles
Tentei manter a calma, mas era difícil sem saber o que estava acontecendo, e eu imaginava muitas e muitas coisas, sem chegar a lugar nenhum porque nunca fiz nada que pudesse ir contra as leis do morro, então estava mais perdida que cego em tiroteio
Além disso, fui jogada com muita delicadeza no banco de trás de um carro fedorento e uma faixa preta foi passada para me impedir de eu ver o caminho, mas não demorou muito, pelo menos eu senti esse alívio, porque não saí do morro
Meu couro cabeludo estava reclamando mais que dia de lavada de água do mar na cabeça, porque aquele filha de uma p**a estava puxando meu cabelo como se fosse trapo velho. Meu olho, tapado pela infeliz da tarja, apertava mais que exercício de pompoarismo no p*u de macho, de tanta dor que eu estava sentindo, quase me esqueci de quem estava me segurando e mandei o soco no meio da cara para aprender como se trata dama, mas eu tinha que segurar a minha loucura
- Aí chefe, trouxe sã e salva – aquele infeliz soltou pra alguém parado bem na nossa frente, consegui dizer por causa da sombra que fazia na tarja que me cobria
- Senta ela aí
Se ele me sentou? Aquele cara praticamente me jogou em cima do sofá, tive sorte de não ter caído no chão por falta de rumo
- Então é tu que tá estudano pra ser enfermeira né?
- Técnica de enfermagem
- E num é a merma coisa carai?
- Não, não é a mesma coisa, a enfermeira manda e eu só obedeço, resumindo é isso
Não sabia nem como as palavras estava saindo da minha boca, acho que ele estava conseguindo ver perfeitamente eu segurando meu ** na mão direito e me tremendo toda ali em cima daquele sofá quase sem espuma para acomodar a b***a “achei que o dono do morro tinha móveis mais bacanas, esse aqui nçao está conseguindo nem segurar uma poupa da b***a, na verdade estou até sentindo a tora de madeira passando no meio do meu r***o, eu hein”
Sempre fui assim, ousada na hora de pensar e medrosa na hora de falar, mas naquele momento, acho que o medo estava respondendo por mim e minha ousadia cresceu em cada palavra
- Olha, o que eu estou fazendo aqui posso saber? Eu não fiz nada, minha mãe também não, estou super cansada e quero voltar para minha casa. O cheiro de lixo daqui está insuportável e não estou a fim de irritar meu nariz com essa falta de noção de vocês não
É, eu realmente não sabia aonde tinha enfiado minha noção, estava me cagando toda e as merdas tinham encontrado lugar para sair, o problema era que não tinha sido pela b***a e sim pela boca
- Tá quereno canta de g**o pra cima da gente meu bronze, acorda vacila, num irrita naum que tu só volta pra tua goma na hora que eu fala que é pra volta
Engoli seco com que o cara tinha acabado de me dizer e decidi que era melhor jogar o seu joguinho e ter chance de voltar para minha casa do que garantir velório bonito
- O que vocês querem comigo
- Tira essa p***a da cara dela menor
Esfreguei meu olho e tive até um pouco de dificuldade de de abrir por inteiro por causa da claridade que estava o cômodo, mesmo que a luz não estava tão forte, foi aí que eu vi aonde eu estava e quem estava na minha frente, e esse era nada mais, nada menos que o MT, o sub do dono do morro
Comecei a imaginar o que ele estava querendo comigo e não demorou muito para ele me dar a resposta. O bicho me puxou pelo braço e me levou para dentro de um cômodo praticamente vazio, a única coisa que destoava era a cama velha de solteiro bem no meio no quarto que tinha um p**a de um brutamontes todo suado e no delírio em cima
É, eu estava ferrada mesmo porque aquele era o dono do morro e esses caras estavam querendo que eu fizesse algum milagre com ele, estava na cara, ainda mais vendo os curativos no corpo do quase morto. A única certeza que eu tinha era que teria que dar um jeito simplesmente porque não nunca é a resposta certa para esse povo