Cap 4

1139 Words
Olha, vô ti contá, se tem um a coisa que esses bandidinho sabem fazer é seguir ordem, porque pelo amor de Deus, eu aqui torcendo pro cara trazer as coisas tudo errado e ele me aparece aqui com tudo nos conformes, nem com isso eu ia poder usar como desculpa Conferi tudinho e puxei o ar umas três vezes ainda na sala pra tomar coragem de ir atrás do bicho abatido lá naquela cama imunda porque nem esse cuidado eles tiveram, os furos do coitado estavam todos vazando e nenhum deles teve a capacidade de pensar que os ferimentos precisavam ser limpos, pelo amor de Deus, era cada cara de nojinho Tirei força do além pra arrancar a b***a daquela madeira fina que acomodava o risco do meu rego no sofá e fui de novo, aliás, graças a Deus que fui porque já dava pra escutar os passos do tal sub vindo atrás de mim Foi ele que abriu a porta do quarto pra eu passar e quase me fuzilou com olho quando eu fiz, cê acha mulier, ele tava era achando que eu tava brincando de pique esconde ou fazendo cera pra ficar demorando "lindinho, eu tô aqui com o ** na mão e nem sei como os pés estão se mexendo, é só o corpo que tá aqui viu porque a alma foi dar é uma volta no além, quem sabe depois ela volta né" Solto um sorriso depois de pensar sobre o homem que só falta de empurrar com um chute, eu não sou louca de soltar isso em voz alta né bebê, o bom da mente é que dá para falar qualquer coisa e não ser punida por isso Tento nem prestar mais atenção na cara feia e vou em direção aquele homem grande, forte, que consegue amedrontar Raimundo e todo mundo só com um balancinho de dedo, mas que agora tava era todo do tremelique com uma febre de quase quarenta graus, vulnerável ao extremo e dependendo do trabalho de uma técnica de enfermagem que estava se cagando toda para poder sobreviver " Por que tinha que ter sido eu" - Olha gente, eu tô falando hein, ele precisa de muito mais que uma limpadinha de machucado hein, o homem tá parecendo uma peneira, e se acertou algum órgão? E se esses tremeliques aí não for infecção? Eu acho que... - Tu num acha nada naum carai, tu faz e pronto. Eu nem sei quem foi que ti deu autorização pra ficar aí pagando de tagarela, se adiante inferno - É que eu tô nervosa e quando eu tô nervosa eu descambo a falar Realmente ele não tinha paciência nenhuma porque assim que terminei de falar a última palavra ele foi tirando um cano da cintura na maior câmera lenta e eu acho que até consegui sentir na hora que meu sangue começou a parar de querer circular - Eu já entendi, viu ficar calada - Isso, calada vence filha de rapariga - Oi? - Ah naum véi, eu vô ti pipoca inteira se num fize logo isso aí - Não ofenda mais a minha mãe, ela é mulher trabalhadeira, honesta, nunca tirou nada e nem se aproveitou de ninguém, nunca precisou viciar ninguém pra ter dinheiro em casa, nem roubar e nem matar, limpa aí essa sua boca imunda antes de falar dela Tu aceitou a ousadia? Nem ele, eu só senti um vento rápido e depois uma p**a ardência do lado direito do meu rosto, rapaiz, que tabefe, o negócio foi tão forte que num segundo eu tava de pé e no outro procurando minha cara no chão Ele chegou bem pertinho e colocou meu cabelo atrás da orelha com a arma que ele tinha tirado da cintura - Tá achando que tá falando com o Zé, com o Jão, com quem hein? Ti situa maldita, eu falo como eu quiser, sô eu que tô no comando dessa p***a toda aqui e tu vai fica de bico calado e faze tudo o que eu manda no passinho tendeu? Seu eu tinha entendido? Meu ouvido ainda tava fazendo aquele zumbido lá no fundo e eu tinha certeza que ia ficar com os dedos dele marcados na minha cara, é lógico que eu tinha entendido. Só balancei a cabeça enquanto ele me dava impulso pra me colocar de volta em cima dos pés, pequei a sacola com as coisas e pisei duro na direção do outro cara segurando as lágrimas Primeiro tirei as gazes, passei álcool, iodo, tudo no algodãozinho. Dava pra perceber que os machucados estavam com carne necrosada bem no redor do furo de bala, mas o bom era que tava superficial Todas as vezes que limpava os ferimentos o bichão dava uma remexida, no começo até que me assustei, mas depois comecei a achar normal Fiz exatamente o que o tal sub mandou, tirei a carne morta, deixei limpinho, desinfetei, fiz novo curativo e taquei as coisas sujas no lixo. No final, bem no finalzinho, o cara abriu o olho. Eu me lembro de ter visto ele algumas vezes, sempre no meio de uma roda com baba ovo do lado, um monte de meninos com armas penduradas nas costas, ninguém chegava perto, só se ele deixasse. Olhando aqui pra ele todo largadão na cama, sem força nem pra se mexer pro lado, dá até um negócio ruim Não vou te falar que vida de morro é tudo certinha não viu, aqui só sobe quem ele quer, na hora que quer, tem revista sim, tem lei de morro sim, tem tribunal sim, fez coisa errada, não vai enfrentar polícia não, vai enfrentar é o dono do morro, marrento, tudão, mas também não posso negar que ele consegue colocar tudo nos eixo, quem é que quer publicidade pro seu morro não é mesmo? Não demorou muito tempo pra ele fechar o olho de novo, só deu pra ele ver quem é que tava mexendo no seu corpo mesmo, se ele tava sendo preparado pra velório ou não, só isso, depois, engatou sono profundo de novo - Prontinho, já fiz o que você pediu - Belê - Já posso ir? - Nem fudeno - Qual é...minha mãe já deve estar preocupada - E olha a minha cara de preocupação, eu disse naum e pronto, se aconchega aí num canto, tu num sai daqui enquanto num tive certeza que o Salô tá bem - Mais geeente - p***a, NUM ABUSA CARAI É, foi minha deixa, não ia conseguir sair dali tão fácil, agora é só torcer pra que tudo dê certinho né também que eu tivesse feito tudinho como a professora explicou na sala de aula. Eu tava desesperada, numa preocupação do caramba com a minha mãe, mas o que eu ia fazer, a palavra do homem era lei ali, eu ia ter que obedecer
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