Uma noite incrível

1917 Words
            A pressa não foi suficiente. Saiu da banheira e m*l teve tempo de vestir um roupão e enrolar os cabelos na toalha quando o interfone tocou, ela sabia quem era, atendeu e disse para Lemos subir. Voltou ao seu quarto, encarou as roupas no armário e voltou para abrir a porta: - Estou atrasada – ela disse sem rodeios – sinto muito. - Sem problemas – ele aproximou-se e deu um beijo no rosto dela, ela parecia muito pequena perto dele – e sem pressa. - Obrigada – ela sorriu – fica a vontade, eu vou me vestir. - Achei que ia assim – ele riu e sentou-se no confortável sofá da sala. - Muito engraçado... - É pratico e bem original – ele riu.             Marianna voltou ao armário e encarou suas opções, decidiu-se por um vestido preto, decote arredondado bem marcado, mangas flare em renda, corte ajustado, um pouco acima dos joelhos com as costas em renda. Apesar do frio, precisava estar linda. Decidiu-se por Loubutis clássicos e um casaco de lã batida muito ajustado com delicados detalhes vermelhos. Secou rapidamente os cabelos e fez uma maquiagem simples e infalível: olhos bem marcados e batom vermelho. Saiu apressada do quarto e parou ao lado do sofá: - Finalmente, eu consegui – sorriu orgulhosa vestindo o casaco. - Vai passar frio – Lemos já estava em pé em frente a ela – mas está linda demais – ele sorria um sorriso bobo, que ela achava muito charmoso. - Obrigada – ela disse sem jeito. - Eu que agradeço – ele sorriu – imagina a moral chegar com um mulherão desses. - Bobo – ela riu.             Logo os dois estavam indo em direção ao apartamento de Vicente, uma cobertura, um pouco mais afastada do centro da cidade, com vista para um grande parque. A noite foi passando tranquila, Marianna riu e conversou com todos, teve uma conversa direta e interessante com o técnico do clube e depois disso, sentou-se em silêncio em um sofá na sacada com um cigarro e uma cerveja, estava tão perdida em seus pensamentos que não percebeu outra pessoa se aproximando. - Bonita noite – ela assustou-se e foi visível – desculpa, eu não queria te assustar. - Tudo bem – ela suspirou ao ver Henrique – não vi você chegar. - Faz pouco, vim somente dar um abraço no Vicente, preciso ir buscar a Sabrina... - Entendo – ela disse um pouco cabisbaixa. - ... mas ai ele me disse que você estava aqui e eu resolvi dar um alô – ele completou parecendo contente. - Ah, obrigada, foi bem legal da sua parte – ela deu outro gole na cerveja, um estranho frio na barriga tomava conta dela. - Você está bem? - Sim – ela disse sem pensar – é complicado... - O que é complicado? – ele sentou-se ao seu lado. - Essas reuniões, festas... Parece que eu não me encaixo mais nesses ambientes. - Compreendo – ele riu – eu também não, mas fazer o que? O Vicente é um dos caras mais gente boa que eu conheço. - Verdade – ela precisou concordar sem encarar Henrique nos olhos, distraindo-se com as luzes da cidade brilhando metros abaixo deles até o barulho da porta chamar sua atenção. - Ah, você está ai – Lemos disse de repente, mas logo pareceu envergonhado ao perceber Henrique com ela. - E eu estou de saída – disse Henrique levantando-se rapidamente – é sempre um prazer, Mari.             Logo ele passou pela mesma porta por onde Lucas tinha saído há poucos segundos. - Desculpa se eu atrapalhei algo – ele parecia envergonhado – estava procurando você. - Não atrapalhou nada – ela sorriu tranquila – na verdade, me salvou de uma conversa sobre trabalho – ela encarou Lemos nos olhos – senta aqui – e indicou o lugar ao lado dela. - Trouxe outra cerveja para você – ele entregou a garrafa. - Obrigada – ela sorriu – cansou do burburinho? - Ah, você sabe que eu sou tranquilo demais para essas coisas – ele riu sem jeito. - Eu sei – Marianna suspirou dando um longo gole na cerveja, sentia-se bem com Lucas Lemos. - E então – ele procura a mão dela sobre o sofá e a segura com delicadeza – carona para a Farms? - Ah, não – ela riu alto – eu vou pra casa, Lucas. - Não – ele beijou a mão dela – o pessoal vai sentir sua falta, e o Vicente, ele morreria – ele ria – ele quer muito que você se divirta. - Preciso voltar cedo... - Tudo bem – ele beijou novamente a mão dela – eu levo você para casa quando quiser, mas precisa beber e dançar um pouco, combinado? - Combinado.             Fui ao banheiro retocar a maquiagem e encontrei com Vicente ao lado da porta quando sai: - Você me assustou – eu disse rindo. - O objetivo era esse – ele riu – o Lemos vai te levar? - Sim – eu respondi. - Ótimo – ele parecia animado – reservei camarotes, tá todo mundo indo pra lá – ele a beijou no rosto – até logo!             Logo encontrei Lemos e saímos rindo e comentando sobre a eterna empolgação do meu incorrigível sócio com noitadas, bebedeiras e mulheres.             A boate era uma das favoritas de Marianna e todos sabiam disso, o ambiente era bom, som na altura perfeita e as bebidas sempre muito geladas. Logo encontraram todos os convidados e o próprio Vicente e inegavelmente, Marianna divertiu-se por horas a fio, quase não percebendo o quão tarde era. Quando foi ao bar pegar uma cerveja, percebeu que passavam das quatro horas, voltou para a pista onde encontrou Lucas com as mãos nos bolsos, ele logo aproximou-se dela: - Pra mim chega – ele disse em seu ouvido. - Pra mim também – ela respondeu – me leva para casa? - Te levar para casa? – ele a afastou encarando-a brevemente e logo puxando-lhe pela cintura novamente ao seu encontro, para então sussurrar no ouvido dela – Queria levar você para a minha casa... - Nossa – ela respondeu soltando-se um pouco dos braços dele e olhando-o nos olhos. - Vem – ele riu – vou levar você.             Despediram-se dos amigos e logo saíram em direção à madrugada fria da capital até o carro. - Eu falei sério – ele disse de repente, enquanto dirigia. - Eu sei que falou – ela pensava muito no que ia dizer – tem certeza? - Absoluta – ele pegou a mão dela sobre o banco e a beijou, soltando em seguida – e tenho essa certeza faz muito, muito tempo. - Me deixa em casa, e eu estarei no seu apartamento em quinze minutos – ela disse decidida. - Tá brincando comigo – ele disse fazendo cara de triste. - Não – ela o encarou séria – eu não estou brincando.             Logo ele estacionou a Range Rover em frente o prédio dela, ela desceu e confirmou “quinze minutos” ao se despedir, sem nem mesmo dar um beijo no rosto, e logo ele a viu subindo as escadas correndo. Riu sozinho, só podia estar sonhando.             Marianna entrou no apartamento às presas: precisava pegar uma roupa decente, caso perdesse a hora, porque tinha consulta com a terapeuta. Pegou coisas importantes da empresa e saiu de casa, correndo em direção ao estacionamento, de onde partiu dirigindo com dificuldades sua Dodge Ram, pensando que aquela era realmente uma noite incrível, para parar em frente ao portão de acesso à garagem do edifício de Lemos, dezesseis minutos depois. O portão se abriu, quando ela estacionou, percebeu a porta do elevador abrindo-se, era ele.             Desceu da Dodge apressada: a garagem era fria e seus saltos ecoavam por todo o espaço vazio. - Oi – ela sorriu assim que chegou ao elevador, apertando o número 9. - Esse é o dia mais memorável da minha vida – ele disse assim que a porta se fechou. - Não teria tanta certeza assim – ela riu e logo enlaçou-se no pescoço dele com certa dificuldade, devido à diferença de altura – mas que vai ser bom, vai – e então, ela o beijou, um beijo lento, quente e envolvente, ele sentia a mão dela percorrer suas costas, e ele ainda estava inerte, apenas entregue ao momento.             O elevador parou e ele a pegou pela cintura, com força, ela podia sentir os dedos dele pressionando suas costelas, saiu do elevador e a colocou contra a parede no hall de entrada, beijando com vontade, de um jeito feroz, expressando mais de quatro anos e meios de desejos oprimidos e inseguranças: ele a percebeu ofegante e assim ele soube que ela seria dele, que ela desejava-o tanto quanto ele a desejava.             Nenhuma palavra foi dita: ele a carregou no colo, sem a menor dificuldade, do hall de entrada para a cama dele. Rapidamente a despiu, não deixando de olhar nos olhos dela nem mesmo por um segundo, e ela se entregou a ele, sentindo-se tão viva e desejada que era difícil de explicar, enquanto ele a possuía, exultante de sua façanha, realizando um sonho adormecido por anos: naquele momento, ela era dele, e ele não conteve seu êxtase quando sentiu que ela estremecia sob ele, olhos fechados e gemendo baixo, totalmente entregue.             O dia amanheceu ensolarado. A luz entrava enviesada por uma cortina entreaberta: eram sete e meia. Marianna virou-se na cama, encontrando Lemos deitado ao seu lado, sorrindo: - Bom dia – ele disse. - Bom dia – ela sorriu de volta aproximando-se dele que logo a abraçava – eu preciso ir. - Calma – ele apertou o abraço – eu ainda nem te mostrei a casa. - Ah claro – ela riu alto – preciso de um banho, eu tenho terapia... - Não sei se te deixo ir... - Precisa me deixar ir – ela aninhou-se no peito dele novamente, era fácil gostar dele, o corpo quente, o abraço firme, o cheiro... A sensação da barba cerrada roçando sua pele, o toque delicado... - Tudo bem – ele a beijou delicadamente – você toma banho e eu faço café. - Não precisa se incomodar – ela disse rindo. - Mas eu gosto de me incomodar – ele ria e beijava a testa dela – faço qualquer coisa para que você fique aqui mais um pouquinho... - E porquê? – ela o encarou séria. - Porque eu ainda não sei se isso é real ou se eu ainda estou sonhado – ele apertou o nariz dela que mordeu sua mão – ai! Acho que é real – apertou novamente o abraço – e tenho medo que você não volte. - Uhm... – ela não queria falar sobre aquilo. - Tudo bem – ele suspirou – não vamos ter essa conversa – soltou um pouco seu abraço – está livre. - Não quero ir – ela disse sem nem perceber o que dizia. - E porquê? – ele perguntou intrigado. - Muito bom estar aqui - ela aninhou-se novamente no peito dele, que voltou a apertar o abraço, mas com delicadeza. - Então – ele suspirou aliviado e contente – pode voltar sempre, sempre que quiser, a cama está disponível. - Não quero a cama – ela riu – minha cama é ótima, inclusive... – ela suspirou – é do teu colo que eu estava falando. - Melhor ainda – ele a beijou – esse está disponível aqui, e em qualquer lugar que você queira. 
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