Contrato fechado

1481 Words
                Isabel sinalizou que alguém queria falar com ela em sua sala, e Marianna viu Maia, do RH com um contrato em mãos, suspirou pensando que aquilo provavelmente precisaria de mais do que seus cinco minutos disponíveis, mas caminhou até sua sala. - Boa tarde – sorriu assim que viu Maia. - Boa tarde – a moça suspirou – sei que deveria ter subido mais cedo, mas o Heitor levou um tempinho para conseguir – ela entregou-lhe o contrato com o dedo sobre uma das cláusulas – é notório que cobre, o plano só não cobre internações e não tem carência. - Tudo bem – Mari olhou atentamente – eu vou telefonar assim que terminar minha reunião, e aí te chamo aqui para te dar um retorno e conversarmos, pode ser? - Sim, senhora – Maia sorriu – e desculpe pela demora. - Tudo bem – Marianna entendia que as vezes as coisas não saiam como o planejado, mas ela certamente tinha aproveitado o tempo para ir colocando o seu trabalho em dia.             Percebeu outro alvoroço nos corredores: Henrique Cavalcantti chegava à sede da Future. - Boa tarde – poucos minutos depois, a sala de reuniões cheia – espero que estejam todos bem – Marianna sorria para os presentes: Henrique, Vicente, Lincoln, Marcelo e Armando. - Boa tarde – respondeu Henrique – estou ótimo, há dois passos do ápice da minha carreira. - Dois passos? – Vicente questionou. - Sim – ele riu – assinatura do contrato e inauguração da minha construtora – ele riu – o que estiver entre tudo isso, é com vocês. - Justo – sorriu Marianna.             A reunião foi tranquila, e às 17:05 estava encerrada. Marianna esperou pacientemente as despedidas, mas Henrique simplesmente não levantou da cadeira, e em poucos minutos, estavam sozinhos na sala. - E então? – ele questiona – Um vinho essa noite para comemorarmos nossa parceria de sucesso? - Uhm – ela pensou – infelizmente eu tenho um compromisso. - Um café, então? Mais tarde, pelas 18:30? - Se for um café só, tudo bem – ela sorriu – preciso de um tempo no escritório ainda e não posso chegar tarde em casa... - Certo – ele sorriu – encontro você no Starbucks aqui do Shopping pode ser? - Claro que sim – ela sorria – combinado.             Logo voltava para a sua sala, em seu celular, uma mensagem de Lemos “adorei nosso almoço... quer carona para hoje a noite? Acredito que ainda não esteja dirigindo...” ela sorriu lendo aquilo “Também adorei, não precisa se incomodar, pego um táxi”, respondeu rapidamente.             Telefonou para a seguradora responsável pelo plano de saúde, discutiu alguns pontos, mandou chamar Maia, passou instruções. Marcelo entrou com uma pilha de papéis, Marianna selecionou os mais urgentes e assinou, aprovando algumas solicitações, mas envelopando outros dez relatórios para resolver mais tarde. A terapia estava marcada para as nove da manhã de sábado e ela pretendia ir para a fronteira depois, conversar com o ex marido.             Quando olhou no relógio, eram 18:15, Marcelo comentou que havia deixado algumas coisas da coleção que haviam comentado separadas na loja do shopping e Mari aproveitou a deixa para descer mais cedo. Atravessou rapidamente a avenida, o ar frio da capital a fez tremer, o sol se punha à sua direita deixando o céu em um tom cinza avermelhado. Selecionou alguns itens na loja, pagou e saiu em direção á Starbucks, onde percebeu estar atrasada. - Desculpa – ela disse ofegante sentando-se em frente á Henrique – acabei indo resolver uma missão filhos... - Tudo bem – ele sorriu, o sorriso mais lindo do mundo, como ela sempre dissera – muito trabalho? - Hoje foi meio loucura – ela sorriu – acabei me ausentando um pouco nas ultimas semanas, para fechar os semestres do pessoal do mestrado, e aí acumularam coisas, vou levar trabalho para casa. - Você disse que tinha compromisso... – ele a encarou. - Sim – ela sorriu – e eu tenho. Mas tenho tempo livre entre a meia noite e as seis – ela riu – não inventei uma desculpa para te evitar, se é o que está insinuando... - Não – ele sorriu – jamais insinuaria tal coisa.             Com isso ela sentiu uma certa culpa: ela quase inventara outra desculpa para não aceitar o café, tudo bem estar com Henrique, trabalhar com ele, mas essa soma de encontros informais e fora do ambiente de trabalho, começavam a deixa-la confusa. - Tá pensando o que aí? - ele perguntou sorrindo. - Nada demais – ela respondeu. - Sei – ele sorriu – e ai? Podemos fazer o pedido? - Claro...             Escolheram seus cafés e os tomaram conversando sobre assuntos banais: futebol, o clima, economia, a mudança dela para a Capital... - E o seu casamento? – ele perguntou de repente - O que é que tem o meu casamento? – ela franziu a testa. - Terminou faz muito tempo? – ele parecia realmente interessado. - Não – ela suspirou – oficialmente, eu ainda estou casada, inclusive – ela encarou o homem. - Não entendi – ele franziu a testa. - Ainda não desenrolei o divórcio, Henrique. - Essas coisas são complicadas – ele a encarou sério – eu sempre pensei que vocês ficariam juntos pra sempre. - Não entendi – Marianna parecia confusa. - Quando vi vocês – ele parecia envergonhado – sempre pensei que eram felizes. - Ah, claro – ela riu debochada – e éramos sim: eu, nossas filhas e ele com a amante. - Nossa, pesado – ele riu sem jeito. - Vida que segue, Henrique – ela sorriu – infelizmente eu não pareço ter muita sorte no amor.             O silêncio dos dois começou a se tornar perturbador. Henrique poderia dizer alguma coisa, mas dadas as questões passadas, não poderia ser de grande valia. Ela estava um pouco arrependida por ter simplesmente despejado o motivo do seu divórcio sobre ele com tanta facilidade. - Acho que eu preciso ir – ela sorriu – tenho um compromisso. - Jantar com o Vicente? – ele arriscou. - Também foi convidado? – ela aproveitou para descobrir se o encontraria aquela noite. - Sim – ele suspirou – mas eu já tinha um compromisso, se der no jeito vou passar por lá, mas já no fim da noite. - Entendo – ela respondeu, um pouco aliviada. - Posso te deixar em casa? - Eu agradeceria.             Caminharam juntos em direção ao estacionamento. Marianna percebeu uma certa agitação em Henrique, ela sentia algo assim também, mas não deixava transparecer. O trajeto era curto e rápido e foi feito em um desconfortável silêncio. - Obrigada pela carona – Mari disse assim que ele estacionou. - Não agradeça – ele sorriu – eu que agradeço a companhia e o seu tempo, ando tomando bastante dele. - Não – ela riu – de forma alguma... - Marianna – ele disse de repente – eu não sei o que passa na sua cabeça, nem mesmo o que passou depois de tudo – ele fez uma pausa a encarando nos olhos – foi difícil para mim. - Para mim também – ela suspirou, não queria ter aquela conversa naquele momento – acho que não deveríamos ter essa conversa agora. - Certo – ele deu um tapa no volante – você tem razão. Então eu vou te convencer a pensar em um bom momento para isso, porque essa conversa vai ter que acontecer. - Eu não vejo essa necessidade... - E eu vejo ela tão clara quanto um sol de verão – ele riu sem jeito – estou um pouco confuso, acho que precisamos conversar sobre isso. - Certo – ela suspirou – eu vou ver minha agenda e quando você puder entra em contato para marcarmos? - Como assim quando eu puder? - Eu não pretendo ligar para você durante o fim de semana – ela riu – você pode estar com sua noiva e ela não aceitar tão bem nossa conversa. - Tem razão, mas não passo o tempo todo com ela – ele suspirou – ela não entenderia, mas me manda uma mensagem e marcamos. Acredito que quanto antes conversarmos, mais confortável a situação pode ficar... - Está desconfortável? – ela o encarou. - Não, definitivamente não – ele sorriu – apenas confuso, nostálgico. - Certo – ela sorriu – eu envio uma mensagem assim que tiver uma posição. - E eu vou aguardar ansiosamente.             Despediram-se assim. Logo Marianna estava na porta do prédio praguejando por ter tantos lances de escada para subir no fim de um dia cansativo. Ligou o notebook na esperança de trabalhar um pouco mas desistiu assim que percebeu a hora. Enfiou-se na banheira cheia de água morna e pegou o telefone celular haviam algumas mensagens, ela ignorou diversas e concentrou-se na de Lemos “que nada, as 20:30 eu passo ai” sorriu e pensou que precisava se apressar.
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