O melhor pior momento da minha vida
1113 Words
Encontrei minha comadre e as meninas no shopping e ainda saímos para comer alguma coisa, elas de davam muito, muito bem, e eu me sentiria melhor em saber que elas poderiam passar mais tempos juntas depois que ficássemos definitivamente na capital. Assim que chegamos de volta ao apartamento, eu sabia que precisava ter aquela conversa, que eu não poderia adiar mais nem mesmo um dia.
- O que está acontecendo? - perguntou Laura, e eu não conseguira enganá-la, apesar de ser a mais nova ela era a mais perspicaz.
- Precisamos conversar - fui até meu quarto e troquei de roupa - vocês vão para o banho agora.
Mesmo com alguns protestos, elas obedeceram e minutos depois estavam sentadas no sofá da sala, esperando que eu explicasse o que estava acontecendo, sendo que eu nem mesmo sabia como fazer isso... Com outra taça de vinho na mão, sentei-me no chão, no tapete, em frente à elas e comecei:
- As coisas não estão nada fáceis - digo - o pai de vocês duas e eu, estamos com alguns problemas.
- Ele disse que não moraria mais conosco - falou Sofia - eu não entendi isso.
- A verdade, é que pelo meu trabalho, para que tudo dê certo e eu consiga resolver as coisas da melhor forma possível, eu vou precisar ficar mais tempo na Capital - eu explico - e por isso o papai não vai mais morar conosco.
- E é só isso? - pergunta Laura - Mãe, você não vai conseguir nos enganar. O que houve?
- Tenta falar a verdade, sem aliviar a barra do papai - Sofia diz com seriedade - só dessa vez.
- Certo - viro o restante do meu vinho em um único gole e largo a taça sobre a mesa de centro - o pai de vocês e eu estamos nos separando, porque ele estava me traindo, ele tem outra mulher e ela está grávida - encarei as duas - tentei fazer isso de uma forma boa, para que não pensassem que eu quero afastá-lo de vocês... - suspirei para conter minha lágrimas mais uma vez - mas não tem como. A verdade é essa, e o caso dele é tão antigo, que começou antes mesmo da Future...
- Mãeee - as duas disseram em coro, sentando-se ao meu lado para me abraçar.
- Como você está com isso? - pergunta Sofia - Deve estar péssima.
- Arrasada - respondo - acho que eu nunca pensei que teria outro momento tão r**m em toda a minha vida - sorri abraçando as duas - mas esse é, sem nenhuma dúvida, o melhor pior momento da minha vida porque eu tenho vocês duas junto comigo, certo? - beijei a testa das duas, em sequencia - E eu sou muito, muito grata por ter vocês duas.
- E como as coisas vão ser? - pergunta Laura- Eu nunca mais quero falar com o papai...
- Então - eu as encaro muito séria - isso não é uma opção. Nenhuma de vocês pode tomar as dores do que o pai de vocês fez com o nosso casamento... Ele sempre foi um bom pai pra vocês, um pai presente e amoroso, sempre lutou por vocês e amou vocês duas incondicionalmente - eu ficaria muito decepcionada se o nosso divórcio abalasse a relação de vocês, ele vai, inclusive ficar com esse apartamento, para poder ter mais tempo junto com vocês.
- Ele falou que viria nos buscar depois de amanhã - diz Sofia.
- Não sei - respondo - não falo com ele desde sábado, enfim... No fim de semana eu volto à fronteira, vamos pegar as coisas de vocês para colocar no caminhão, vocês vão precisar mudar de escola, e ficar comigo na capital, e o pai de vocês vem, e eu vou levar vocês...
- Tudo bem - responde Laura - então vamos morar aqui?
- Não - eu respondo - amanhã, depois do almoço, eu vou levar vocês no nosso apartamento novo, precisam escolher as cores para o quarto de vocês...
- Nossa - disse Sofia rindo - imagina, vamos poder ir à todos os jogos - meu estômago revirou com isso, pensando em Lemos e na falta de contato e por quanto tempo eu conseguiria esconder isso.
- E temos um aeroporto... Vamos pode viajar mais - diz Laura - e perto da praia...
- E da dinda - diz Sofia - adorei.
- Vão adorar mais ainda - eu ri - mas precisamos discutir questões práticas...
- Certo - dia Laura.
- Preciso trabalhar e vocês vão ficar na escola em turno integral, mas depois da saída, eu vou ser toda de vocês, a não ser que eu não consiga evitar.
- E quem vai ficar conosco quando tiver compromisso? - pergunta Sofia.
- Carol - eu respondo - vocês provavelmente não lembram dela...
- Ela trabalhou com o Vicente muitos anos - eu digo, haviam se conhecido em um jantar de confraternização anos antes.
- Eu me lembro - dia Laura - ela é bem legal.
- Então - eu sorri - amanhã cedinho ela vai estar aqui e depois, o almoço vocês me contam como foi. O que acham?
- Excelente - elas respondem ao mesmo tempo.
- Certo - eu suspiro - agora levantem já do sofá e vão para a cama - eu indico o quarto - podem ficar com o meu quarto, eu durmo mais no sofá do que na cama mesmo quando estou sozinha.
Elas foram para a cama e eu peguei o celular, haviam mensagens de Lemos dizendo que há pouco havia sido liberado pelo departamento médico, porque havia torcido o pulso durante o treino, e pedindo desculpas, pois havia ficado sem bateria, não aguentei e telefonei.
- Oi - ele diz empolgado - pensei que já estivesse dormindo.
- Não - eu suspiro - acomodei as meninas há pouco...
- Estou com saudades - ele diz.
- Eu também estou - respondo.
- Como foi o seu dia? - ele pergunta - Quero um relatório completo.
- Foi bom - minto - só um pouco corrido.
- Cansada? - ele diz.
- Sim - respondo.
- Quero ver você... - ele diz - pode passar aqui em casa antes do trabalho?
- Eu entro as oito horas... - lembro que só vou ver Henrique às nove - mas acho que consigo.
- Me chama quando acordar, vou fazer café da manhã para nós dois - ele diz.
- Está me mimando demais - eu brinco.
- Queria te mimar ainda mais - ele suspira - acho que é uma das coisas que eu mais gosto de fazer...
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