Voltando para casa

1021 Words
            Antes mesmo do jogo começar, Marianna pegou a estrada. Deu uma desculpa esfarrapada e dirigiu o mais rápido que pode pela estrada praticamente vazia: quatro horas depois, e já sabendo que o time havia ganhado por dois gols e que Lemos havia feito defesas fantásticas, ela estacionava a Dodge em frente ao seu prédio. Subiu as escadas rapidamente, afundou-se no sofá com o notebook e uma caneca de café e resolveu que iria trabalhar mais um pouco, sabia que a semana seria pesada e que tinha muito trabalho atrasado.             Suspirou aliviada quando Lemos telefonou, pelo menos tinha um bom motivo para parar de trabalhar: - Oi – ela disse percebendo, de repente, que estava com os pés gelados, estava anoitecendo e as janelas estavam abertas. - Que voz mais triste – ele disse, parecia animado – e então? Onde anda você? - De volta na Capital - ela suspira - voltando para casa.  - É a melhor notícia do meu dia – ele disse – será que eu posso te ver? - Você tem certeza que quer me ver? – ela perguntou. - É uma das poucas certezas que eu tenho... - ele responde.  - O que quer fazer? - ela levanta-se e vai fechar a janela. - Cozinhar, tomar uns vinhos, ficar juntinho, minha lareira... Estou com frio - ele diz.  - Proposta irrecusável - ela responde concordando.  - Eu tinha certeza que diria isso – ele riu – quer que eu busque você? - Preciso ir buscar as meninas amanhã cedo... - ela lembra. - Eu pego você hoje e amanhã te deixo no seu apartamento, e você busca as meninas, o que acha? - Fazer você acordar cedo? – ela riu - Eu não pretendo correr o risco de perder de estar com você quando acordar. - Tudo bem então... Pode vir me buscar. - Estou aí em vinte minutos.             Marianna suspirou: não sabia se estava fazendo o que era certo, nem mesmo se aquilo ia levar a alguma coisa, mas era bom estar com Lemos, era bom ter alguém que se preocupava de ligar, saber como tinha sido o dia dela, bom de cama e carinhoso. Tomou um banho rápido e vestiu leggings, tênis e uma blusa de lã fina, colocaria uma jaqueta antes de sair.             Lemos chegou minutos depois, ela saltou do apartamento correndo, com a bolsa na mão e sem a jaqueta, o que percebeu apenas quando o ar frio da noite tocou seu rosto na porta “merda”. Correu até a Range Rover. - Oi – disse assim que entrou – vou deixar a bolsa aqui, e vou subir para pegar... - Pega a minha jaqueta – ele esticou o braço para o banco traseiro tirando uma pesada jaqueta do clube e entregando para ela. - Obrigada – ela vestiu e ajeitou-se no banco, ele não parava de sorrir – o que foi? - Você fica linda assim – ele disse tocando o rosto dela, que logo ajeitou-se aproximando-se para beija-lo – assim com roupas normais, assim perto de mim – ele a beijou com o desejo de sempre, fazendo com que o corpo dela se arrepiasse – não posso olhar demais para você. - Boboca – ela disse rindo e colocando o cinto de segurança.             A tranquilidade de estar com Lemos era uma das coisas que ela mais gostava: ele tinha calma para tudo, ele era paciente, parava tudo o que estava fazendo para ouvir o que ela tinha para dizer e não tirava os olhos dela enquanto ela falava: o tipo de coisa que ela não conseguia se lembrar quando haviam feito pela ultima vez.              A noite foi simplesmente incrível: Lemos havia pensado no cardápio ainda no caminho, e parou para pegar alguns ingredientes, logo ele estava vestindo calças de moletom e camiseta, com um avental, cozinhando enquanto ela bebia vinhos na bancada da cozinha, fogo na lareira e uma tranquilidade que ela não sabia nem mesmo lidar.              Ao contrário dos outros caras que ela havia conhecido, Lemos, apesar de bem mais jovem do que ela, não parecia ter pressa para nada: ele simplesmente parecia querer aproveitar ao máximo cada momento, como se esperar não fosse um problema, como se nada fosse um problema... Quando foram para a cama, ele a despia vagarosamente, deslizando os dedos por cada centímetro de seu corpo, como quem precisa tirar o máximo de proveito de tudo, com medo que acabe ou que não seja real.              Depois de seu casamento, Lucas fora o primeiro homem a toca-la, e parecia que ele a conhecia, parecia que ele sabia exatamente o que precisava fazer para leva-la ao êxtase, e ele fazia calma e lentamente, como se o prazer dela fosse a única coisa importante naquele momento.              Dormiram muito pouco... O despertador tocou e ele fez questão de ficar abraçado nela pelo maior tempo possível: com as crianças na capital, ele sabia que não poderia ver ela sempre e isso parecia difícil agora, mas ela prometeu que entraria em contato tão logo organizasse a sua agente e a das crianças, afinal, ela parecia muito interessada em aproveitar todos os momentos possíveis com ele.  - Queria que pudesse ficar - ele diz muito sério - de verdade, tipo, que a gente conseguisse passar um tempo junto sem a preocupação de ir embora. - Seria incrível - ela diz e seu estômago revira: será que ela confiaria nele a ponto de ficar? A ponto de se permitir ser vulnerável? - acho que tudo com você deve ser incrível. - Não me provoca - ele morde-lhe os lábios - tudo deve ser incrível abrange muita coisa e eu acabo de ter muitas ideias...  - Prometo que eu vou arrumar tempo para você colocar em prática - ela o beija.              E assim ele permitiu que ela saísse da cama, saindo logo em seguida também. Ele deixou-a em frente ao seu prédio, onde ela nem mesmo entrou, apenas atravessou a rua e pegou a Dodge no estacionamento em frente: precisava programar a mudança, não tinha como ficar no apartamento com as meninas, precisava sair daquele lugar o quanto antes, apenas para não surtar. 
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