Capítulo 2
MORTE NARRANDO
Vapor – Teu pai foi levado as pressas para o postinho.
Na mesma hora eu me levanto correndo e vou até o postinho. Chegando lá eu já chego surtando com a recepcionista.
Morte – Onde está o meu pai? - Tento não ser rude.
Ela fica em silêncio, como se estivesse procurando palavras para me falar algo.
Morte – RESPONDE PORRÄ! - Já falo me alterando.
XXX - Eu vou chamar o médico responsável.
Ela sai praticamente correndo e logo aparece um médico. Ele me olha como se estivesse procurando palavras para me dizer algo e paciência nunca foi o meu forte.
Morte – FALA PORRÄ! QUAL FOI!
Médico – Infelizmente seu pai não resistiu.
Morte – VOCÊ ESTÁ LOUCO? COMO ASSIM MEU PAI NÃO RESISTIU? VOCÊ PERDEU A NOÇÃO DO PERIGO PORRÄ! CADÊ MEU PAI, FALA LOGO, ME LEVA ATÉ ELE, VOU LEVAR ELE PARA OUTRO MÉDICO.
O médico não fala mais nada e eu já vou pra cima dele, mas o Corvo me segura.
Corvo – Irmão ele não tem culpa! Calma irmão! Foi melhor pra ele, o tio tava sofrendo, você precisa ser forte, tem a Rosana pra tu cuidar.
Nessa hora eu desabo e esqueço quem eu sou e deixo as lágrimas rolarem. Eu me sento no chão e fico pensando que eu acabei de perder uma das pessoas mais importantes da minha vida. Meu coroa, que sempre cuidou muito bem de mim e da Rosana. Minha mãe foi brutalmente assassinada por um filho da putä que meu pai nunca quis falar quem foi, ela nunca fez mäl para ninguém e mesmo assim fizeram isso com ela, meu pai ficou m*l e eu e Rô também, mas desde então ele sempre cuidou de mim e da minha irmã. Agora eu não tenho mais nenhum dos dois, eu estou sozinho com a Rosana na porrä desse mundo!
Morte – Cancela a minha posse que ia ser hoje! - Falo quase sem voz, com as lágrimas rolando pelo meu rosto
O Corvo apenas assenti com a cabeça e me levanta do chão me puxando para sair.
Morte – Eu não vou embora, eu vou organizar o velório e o enterro do meu pai que vai ser no meio da quadra para o morro inteiro.
Corvo – Vai pra casa toma um banho e deixa que eu resolvo tudo pra você.
Morte – VAI SE FÜDER PORRÄ! É MEU PAI CARALHÖ! EU NÃO VOU PRA CASA PORRÄ NENHUMA! - Falo já sem paciência e nervoso, até parece que não vou cuidar das paradas do meu pai.
Corvo – Tá Morte. - O Corvo concorda sabendo que não vai conseguir me fazer mudar de ideia.
Morte - Mano, quando a Rosana souber.
Corvo - Ela vai ficar mäl.
Quando o Corvo fala a Rosana entra no postinho correndo e chorando.
Rosana – É verdade? Fala que é mentira por favor, fala que é mentira! - Ela fala me olhando fixamente nos olhos.
Eu não consigo responder e ela também cai no chão desesperada.
( .... )
Tudo pronto para o velório, e o Corvo não saiu do meu lado em nenhum momento e me ajudou organizar tudo e agora eu estou aqui na quadra de frente o corpo do meu exemplo, do meu pai, esse cara sempre foi minha inspiração, eu olho para ele dentro do caixão e tento me fazer de forte na frente de todo o morro que está aqui dando o último adeus, meu pai não era um dono 100% da hora, tinha seus defeitos, como todo mundo tem, mas ele era o meu pai e comigo e com a minha irmã ele sempre foi da hora e agora chegou a minha vez de seguir o legado dele. E foi assim que com 20 anos eu comecei a cuidar da minha irmã de 16 anos e ser dono do morro da Babilônia.
LORENA NARRANDO
A diretora organizou tudo pra mim começar a trabalhar como freelancer na casa da senhora Margarete, pelo o que andei escutando essa senhora tem muito dinheiro mesmo, a diretora me deu algumas dicas e aqui estou eu indo para o meu primeiro trabalho. Ela me deu o dinheiro pra mim ir de ônibus e me entregou um uniforme também, estou ansiosa, não tenho dormido direito esses dias, tenho medo de chegar o dia de sair do orfanato e não ter para onde ir. Eu entro no ônibus e peço para o cobrador me avisar quando chegar no ponto do endereço que mostro pra ele, eu me sento e fico observando as ruas, depois de quase uma hora , o cobrador me avisa que cheguei no ponto que tenho que descer, eu desço do ônibus e vou caminhando, quando me deparo com uma mansão gigante e com seguranças fortemente armados, eu toco a campainha e sai uma voz no interfone.
XXX – Fala garota!
Lorena – Eu vim trabalhar para a senhora Margarete. Sou Lorena do orfanato.
XXX – Só um momento.
Eu fico do lado de fora esperando alguns minutos, até que o portão é aberto, eu entro e fico chocada com o tamanho da casa que está na minha frente.
XXX – Vai ficar parada aí garota! - O segurança fala ríspido e seco.
Lorena – Perdão . - Falo morrendo de vergonha.
XXX – Entre pelos os fundos a governanta irá te auxiliar. E sem gracinhas! Aqui se fizer algo errado vai pagar !
O homem com cara de m*l fala bem ríspido e eu sigo pelo os fundos, e dou de cara com uma senhora bem vestida e com uma cara horrível .
XXX – Você é a garota do orfanato ?
Lorena – Sim, sou Lorena prazer .
XXX – Se vista e já comece a servir a dona Margarete não gosta de esperar .
Eu faço o que ela manda e começo a servir os petiscos, eu observo que são muitas pessoas chiques , eu nunca tive contato com pessoas assim .
Eu vou servindo , e tentando ser ótima no meu serviço para não receber reclamações e ser chamada novamente , porém eu percebi que tem um grupo de jovens que não param de olhar pra mim .
Só pode ser coisa da minha cabeça né ?
Eles são ricos nunca que iriam estar olhando pra mim .
Eu foco no meu trabalho e as horas vão passando e eu percebo que algumas pessoas já estão ficando alteradas por conta da bebida , eu ainda não tinha percebido quem era a senhora Margarete, mas quando ela apareceu, eu vi que ela é simplesmente deslumbrante cheia de jóias e pose, eu fico um tempo admirando ela , mas logo volto a focar novamente no que eu estou fazendo .
Estou quase finalizando o meu horário e eu dou graças a Deus pois o grupo daqueles garotos não param de me olhar de jeito nenhum, eu até achei que fosse coisa da minha cabeça, mas parece que não, eu entro para encher a bandeja na cozinha de taças, quando eu vejo um dos garotos entrar logo atrás de mim .
XXX – SAIAM TODOS !
Ele fala e todos começam a sair , quem será ele ?
Todos estão obedecendo ele, por vias das dúvidas é melhor eu obedecer também, não quero problemas com ninguém , só quero trabalhar , então eu também vou saindo, e quando passo do lado dele, ele segura o meu braço e fala .
XXX – Você não ! A única que quero que fique é você ?
Porque ele está falando isso ?
Porque ele quer que eu fique ?
Será que eu fiz algo de errado ?
Meu Deus, não pode ser! Eu preciso desse trabalho e desse dinheiro .
Eu olho nos olhos dele e vejo maldade , muita maldade , meu coração acelera e eu sinto um medo percorrer o meu corpo todo , eu tento puxar o meu braço, mas ele segura com mais força .
Lorena – E ... Eu ..... - Tento falar , mas acabo gaguejando nada sai, eu estou com muito medo dele, então ele fala .
XXX – Silêncio ! Eu já disse que você fica ! E acho bom você não me irritar e muito menos me contrariar ! - Ele fala me olhando de cima a baixo com um olhar que deixaria qualquer pessoa com muito medo .