Emilly
Me sentia protegida nos braços ternos daquele homem, sentia-me querida, apoiada, poderia ficar horas assim nesse carinho. Mas me pareceu que o Sr. Whetson, precisava de mais... Sua boca ralou na junção do ombro e o pescoço, trazendo arrepios involuntários pela pele que se rendia.
Houve um trovão, um relâmpago rasgando o céu, assustada ergui a cabeça batendo na lateral da sua face, pois havia também o erguido e lentamente nossos rostos ficaram a centímetros, nos medimos frente a frente.
Á água fresca caía do céu, nos envolvendo feito uma cachoeira, deixando tudo mais bonito, intenso, prazeroso.
Sua boca molhada despertou o meu interesse, lábios desenhados, o lábio superior fazia uma curva específica, era rosada, convidativa. Umideci os meus próprios lábios saboreando a água da chuva, embora não tenha sabor de verdade, mas pra mim tinha gosto de... desejo...
Assustada, perturbada com tais pensamentos, meus olhos subiram e o encontrei fazendo o mesmo... admirando minha boca.
Suas esferas esverdeadas ergueram-se, decidido, confiante e... foi se aproximando, mais e mais...
— Dona Tonson!! Dona Tonson!!
Os gritos da Cris foi como banho de água fria, mais fria do que a chuva. Nos afastamos de supetão, um pouco mais descontraídos.
Moisés pegou a lamparina.
Corremos em direção a mulher que me entoava no meio do gramado segurando um guarda chuva.
No trajeto chamei o Totó para nos acompanhar.
Ele veio velozmente, encontrando o caminho da casa sem precisar mostrar.
Cris tentou nos cobrir, porém era impossível cobrir três adultos numa sombrinha pequena.
Entramos todos juntos no casarão.
Cris e Jorna estavam tão alegres, felizes pela generosa chuva que nem comentaram sobre o que eu e Moisés estávamos fazendo de noite, no escuro, na chuva, e para completar totalmente encharcados.
Entrei avisando que tomaria um banho, trocar de roupa.
— Estou sentindo aquele friozinho. — Relatei passando o olho nele, e ele correspondeu sorrindo meigamente.
Sabíamos o que quase havia acontecido. Não adiantaria nada disfarçar.
— Sr. Whetson. Pode fazer o mesmo, seu filho está dormindo lindamente em meus braços, e já jantou. Dei papinha de batata, cenoura, chuchu e frango a esse gorduchinho aqui. — Jorna, avisou sorridentemente
Benjamim fez barulhinho de sucção.
— Owww...
Fizeram as três mulheres da casa, impossível não se derreter com esse anjinho.
— Sou grato. senhora Jorna.
— Senhorita, por favor. E a Cris também é, embora não goste de dizer, porque é uma solteirona.
—Jornaaaa... — Resmungou, eu e a Cris num só tom.
— Que é? Só falo a verdade. — Falou espichando os ombros estreitos para cima e para baixo, dando a mínima. — Vão logo se banharem.
Nos fitou séria, embalando o pequeno de pé.
— Colocamos e enchemos as banheiras nos quartos, invés de um esperar o outro usar o toalete.
Piscou os olhos pra mim. Com aquele sorriso abusado na boca.
— Com licença... e obrigada garotas.
Andei indo ao corredor, Moisés conseguiu me alcançar. Achei que faria alguma coisa, tanto que meu coração na hora galopou, no entanto disse;
— Te vejo na mesa, dona Tonson.
— Sim. Claro.
Falei de qualquer jeito. Virando e entrando às pressas no quarto, fechando a porta detrás de mim sem ao menos olha-lo.
Sem perder tempo ou querer morrer de pneumonia abri os botões do meu vestido azul, ele caiu no chão, sai daquele círculo de roupa, e retirei às últimas peças íntimas.
Entrei na banheira devagar, adorando a sensação da água morna, preparada com sais de... Cheirei o líquido branquiçado, seu perfume era de amêndoa doce.
Nossa! Nem me lembrava que tinha isso.
Peguei o pano, molhando no liquido. Passei no meu corpo nú, enquanto pensava que neste instante, Moisés fazia o mesmo... Se banhava.
Será que pensa em mim?
Moisés
Durante o ato de banhar-me minhas lembranças dos últimos segundos com a Emilly vinham desesperados, afoitos e cheios de ilusões.
Quase a beijei...
Senti seu corpo moldado ao meu como se fossemos peças de um enorme quebra-cabeça e ao nos conectarmos parecíamos feitos uma para o outro, perfeitos.
Meu corpo todo foi tomado em êxtase, engolfado nas profundezas do seu genuíno colo, sentir-me querido, amado... novamente. Quando simplesmente se achegou em mim, quebrando aquela muralha que desejava plantar entre nós, eu fui ao céu e voltei, fui arrebatado. Foi essas às emoções que a Dona Tonson despertaram no meu ser.
Todo o meu corpo correspondeu ao dela, ligado, firme e potente, embora quisesse que não fosse desta forma, poderia tê-la assustado. Mas não foi assim que se procedeu.
Ela podia me sentir e não fugiu, pelo ao contrário permaneceu intacta, colada a mim.
Foi difícil respirar, as palavras tão bem elaboradas que vem com frequência em meus lábios me faltaram. Grandiosa era a mulher entre os meus calorosos braços.
Esfreguei o pano úmido no corpo, e a minha mente vagueia somente naquele lábios pequenos, estreitos, do formato de um coração.
Ho! Céus. Deus eu quase a beijei...
Fechei os olhos orando ao Deus altíssimo sobre esse sentimento inesperado, procurando respostas e ao meio ao meu clamor, recebi um alento, tipo um conforto. Ainda não sabia o que realmente significaria, mas o que veio a minha cabeça era que eu estava irrevogavelmente redescobrindo o amor.
Ao terminar o banho coloquei o meu melhor traje, de repente me deu uma enorme vontade de ficar mais apresentável.
Passei na saleta, ouvindo as risadas femininas na grande cozinha.
E foi que ao vê-la sentada a mesa, conversando amigavelmente com as suas empregadas e amigas, eu parei, impactado pela sua beleza misturada a alegria, vendo os seus movimentos, contando a elas duas sobre a chuva e o Totó. Emilly se assemelhava a uma criança que havia ganhado o seu presente de natal. Conceitrei-me em fazer minhas pernas andarem, porém elas não obedeciam.
Às senhoritas Cris e Jorna fizeram questão de limpar as gargantas, apontando os dedos na minha direção. De tão absorta que ela estava não havia percebido a minha chegada. Emilly toda satisfeita permanecia na sua história.
— Boa noite senhoritas.
Disse olhando as duas, que sorriam, em seguida mirei profundamente a Emilly.
— Boa noite dona Tonson.
A mesma lançou-me um olhar extremamente doce, convidativo.
Naquele exato momento, não tive dúvidas, compreendi que havia me apaixonado... perdidamente.
"Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho. Cântico dos cânticos de Salomão; 1; 2"