Capítulo 2

1237 Words
************** Um ano depois *********** Emilly Tonson Olho para as minhas terras prevendo que as coisas vão ficar ainda piores do que já estão. O pasto seco, fazia meses que não chovia. A terra precisava de água, água em abundância. O gado que sempre foi gordo, robusto, estava ficando doentes, m*l conseguiam ficar equilibrados nas suas patas. As gestações pararam. O leite que até umas semanas atrás havia, para a fabricação de queijos, agora só restava um único caldeirão. Ou seja, assim que nós fabricarmos será o fim, mesmo que vendermos eles de casa em casa. Pois m*l vai cobrir a dívida que acumulei durante o ano. Alto impostos, empréstimos e salários dos meus empregados atrasados. Sei que eles junto comigo damos o nosso sangue por essa fazenda, mas o que procedeu depois do que houve com o meu esposo e filho é um ensaio doloroso da minha triste e miserável existência. Crivilan se aproxima com aquela alegria de viver da mocidade. Ele trabalha aqui desde os seus 15 anos e hoje em dia é o meu segundo no comando, sabe manejar as máquinas de queijada, dividi bem as tarefas, calcula os impostos. Sem ele eu já teria ido para a falência total assim que o meu cônjuge faleceu. Aprendi o essencial para ser uma fazendeira com este jovem rapaz. — Dona Tonson. Não conseguiu o caminhão de água, não foi? — Questionou se lamentando. Estreitando os olhos pequenos por causa do sol. — Não Crivilan, não querem mais nos ajudar, o banco negou o terceiro empréstimo. — Disse mirando em seus olhos castanhos. Mesmo assim o seu semblante feliz não desapareceu. — Espero por um milagre. — Se prefere acreditar em contos de fadas. Dei de ombros. Ele se afastou voltando a colocar o seu chapéu de couro, indo capinar o gramado seco com os outros no grande pasto. Aqui o gado terá um espaço mais amplo para eles. Conclui pensativamente. As duas empregadas mais próximas a mim, Cris e Jorna, se achegam sem olhar diretamente na minha direção, olhamos para o nosso sustento indo para o ralo. Sait mexe na palha seca, fazendo algo. — Vou fazer o almoço, já ajudei com as vacas, as alimentei, cuidei, estão mais limpas que eu, inclusive a baia. — Falou, Cris. — Obrigada, você é um amor. Precisa de ajuda na cozinha? Viro-me para elas. As duas se entreolharam em seguida fixaram o olhar sobre a minha pessoa. — Não. Esqueceu que não cozinha conosco desde... — Eu sei, só quis ser prestativa. Sou uma péssima fazendeira, faz dois meses que não p**o os salários de todos vocês e... As duas pousaram suas mãos nos meus ombros. — Ficaremos contigo até o final. — Disse Jorna recebendo um olhar de aprovação de Cris. — Obrigado meninas mas... Escutamos os homens da fazenda discutindo entre si e o Crivilan tentando apaziguar a briga. Mira-mos a cena, quando me afasto das mãos amigas os sete empregados largam suas ferramentas de trabalho, marchando para perto de nós. Sait fica na defensiva e logo se ergue ficando na nossa frente. Dizendo que defenderia nós três. Sait tem problemas mentais, o pai dele é um dos homens que pararam bem na minha frente, suas caras cansadas, queimadas pelo sol. Sek o pai de Sait dá um passo chamando seu filho que não obedece. Toco nos braços dele, cochichando no seu ouvido para obedecê-lo, ele me entrega um boneco feito de palha seca, agradeço dándo um beijo na sua bochecha e imediatamente ele vai ficando ao lado do seu responsável de cabeça baixa. Seu pai suspira pesadamente, afagando a cabeleira loira do seu único filho. — Senhora... — Faço um barulho na minha garganta de desaprovação. — Dona Tonson. Estamos agradecidos por todos estes anos de emprego, a vida no campo é gratificante para todos nós. Trabalhamos ao lado do Sr. Tonson com bastante orgulho. Eles concordaram mutuamente. — Só que não dá mais para continuarmos aqui. Estamos dois meses sem receber e sabemos que até a comida que nos doa para levarmos algo para nossos lares em breve acabará. Tudo isso. — Apontou para as terras. — Vai virar **. Essas terras ficaram secas, sem vida, infrutífera. Antes era um paraíso agora virou um... Ele iria concluir o que sei, no entanto permaneceu calado e com vergonha de si mesmo. — O quê tem em mente Sek? — Perguntei sabendo o óbvio, estava no meu destino todos me abandonarem. — Recebemos uma proposta muito boa em Dalas. Só dele falar o nome desse lugar fiquei sem ar, porém disfarço a minha agonia. — Desculpe. Vamos trabalhar numa nova empreitada, iremos lá agora se não se importa. Temos que ganhar dinheiro vivo, não apenas alimento. A Dona compreendi a gente? — Seus ingratos! — Resmungou Crivilan e ambos começam a debater em voz alta. Com a tensão no ar, não havia reparado que Crivilan estava ali o tempo todo. Com certeza sua paz interior se foi. — Espero... espero. — Disse baixinho fazendo os homens pararem de tanto arrumar confusão. Todos desviaram os olhos para mim, olhando com imensa atenção. — Daqui a um mês vamos ter o dinheiro das vendas dos queijos e vou paga-los. Não vou deixar de pagar a dívida, além disso pagarei os fins recisorios. O meu contador Crivilan vai cuidar disso. Vários pares de olhos sérios miram ele. Ele por sua vez apenas me fitava. Assentiu sem desviar o seu olhar. — Não esperaríamos menos que isso Dona. És honesta igual o seu falecido esposo. Doeu ao ouvir algo referente a ele, ainda doía lá no fundo. Abaixo a minha cabeça apertando o boneco. Eles andaram de costas, meio sem graça, até que se viraram indo embora para sempre. Sait gritava o meu nome todo, o olhei, ergui a mão direita dando um até logo, pois sei que ele sempre irá me visitar. Em seguida corri feito um furacão, puxando a minha saia que arrastava no chão, no decorrer soltei o boneco confeccionado pelo Sait. Meus empregados não me gritaram, eles sabiam para onde eu iria. Sempre faço isso de repente. Entro no cemitério da família Tonson. Aqui está enterrado três gerações da família do meu esposo. Paro em frente aos túmulos de Jonh e Ulisses, meus ouvintes das lamúrias. Choro por não aguentar mais essas tribulações infernais. — Ulisses quando virá me buscar meu amor, não estou aguentando mais esta vida. A nossa fazenda esta morrendo, os campos estão secos, nada pranta, nada cresce, até os animais estão quase entregando os pontos. Todos os homens da fazenda acabaram de me deixar a deriva, sem eles como vamos ariar a terra. Eu nas últimas semanas tive tantas idéias, porém como nada dá certo, até isto foi tirado de mim... diga-me o que farei, estou me sentindo perdida num labirinto. Diga-me o que farei? — Cheguei no momento certo. Ouço uma voz suave pelas minhas costas, viro-me para olhar quem é, e me deparo com um homem alto, olhar pacificador, se equilibrando num graveto grosso de árvore. O desconhecido parecia aqueles andarilhos, roupas gastas e usava uma bolsa feita de lençol agarrada com precisão em seu peito. — O quê o Sr. Disse? — Deus me enviou até a Senhora. Ele me mostrou. Após falar, em seguida apertou os lábios se calando. — O quê! — "De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei Diz o Senhor" "Hebreus 13:5"
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