CAPÍTULO 5
MARINA
Eu que nunca fui de me abrir com ninguém, me peguei conversando com o meu guarda costas, era como se ele pudesse me fazer fugir daquela realidade c.ruel que eu vivia, mas quando vi Alberto parado na varanda nos olhando eu sabia que a minha noite acabaria da pior maneira.
Assim que entrei no quarto ele me olhou furioso.
—O que estava fazendo?—ele inquire.
—Estava apenas agradecendo pela ajuda que ele nos deu hoje—digo abraçando o meu próprio corpo.
—Não tem que agradecer nada, esse é o trabalho dele—Alberto diz.
—Na verdade não—digo e ele me olha irritado, ele caminha até mim e segura o meu braço com força.
—Não pense que pode me enganar sua v***a, se eu sonhar que está se envolvendo com esse homem eu mato os dois—ele diz me apertando ainda mais.
—Eu não estou fazendo nada, me solte Alberto está me machucando—digo chorando.
—As suas lágrimas não me comovem, você é minha mulher, tem que me respeitar—ele diz.
—E por que você não me respeita?—inquiro olhando para ele e sinto quando os seus dedos se chocam com o meu rosto, eu caio no chão e ele me olha.
—Se me trair irá se arrepender muito Marina—ele diz e caminha para o banheiro, sinto o meu rosto arder, o meu braço dói muito, eu não suportava mais essa vida, eu não suportava mais viver assim, eu prefiro a morte a continuar vivendo ao lado dele.
Pego uma manta e me deito no sofá que há no quarto, quando ele sai do banheiro me olha.
—Deite na cama Marina—ele diz.
—Não quero—digo e ele me olha passando a mão sobre os cabelos molhados.
—Me desculpe, eu perdi o controle, não posso nem imaginar te perder, eu me deixei levar pelo ciúme, me deixe cuidar disso—ele diz olhando para o meu rosto, ele caminha até o banheiro e pega o kit primeiro socorros, e volta colocando uma gaze com antisséptico por cima do pequeno corte que o anel dele fez próximo ao meu olho, eu fico imóvel, o toque dele me causava repulsa, medo, nojo e tudo o que eu conseguia fazer era deixar as lágrimas escorrerem pelo o meu rosto.
Quando ele termina de cuidar do estrago que ele mesmo fez, me olha e diz.
—Vamos dormir, foi um dia difícil para todos.
Apenas caminho para a cama e me deito, imóvel, rezando para que ele não me tocasse, para que aquelas mãos sujas não alcançassem o meu corpo, mas meus apelos foram em vão, ele tomou o meu corpo como se eu fosse um pedaço de carne qualquer, e tudo que eu sentia era vontade de vomitar, seu gemidos me faziam chorar, e eu agradecia pelo breu do quarto assim ele não poderia me ouvir chorar.
O homem que eu tanto amei, que eu casei apaixonada, agora havia se tornado um monstro, e eu só pedia num grito silencioso que aquela tortura acabasse logo.
Passei a noite acordada enquanto ouvia os seus roncos ao meu lado, quando peguei no sono o dia já amanhecia, e quando acordei ele já não estava mais no quarto, caminhei até a janela e me certifiquei de que o seu carro já não estava mais na garagem, respiro aliviada e corro para o banheiro, abro o chuveiro e entro embaixo do jato forte, esfrego o meu corpo com força, tentando arrancar o seu toque de mim, choro desesperadamente, tentando tirar aquele horror das minhas lembranças.
Troco de roupa e tento fazer uma maquiagem, mas nem isso era o bastante desta vez, as agressões estavam piorando, antes eram alguns apertos no braço que poderiam ser escondidos com roupas, mas o que eu faria com isso agora?
Pego um óculos escuro, a minha bolsa e desço as escadas a procura do meu guarda costas, que ironia Alberto havia contratado Zyan para me defender, mas quem me defenderia dele mesmo?
Quando chego a cozinha e ele me olha, ficou nítido no seu olhar que ele sabia que alguma coisa estava errada.
Percebo que ele me observa através do retrovisor, e eu não consigo deixar de olhar para ele, Zyan tinha algo que me chamava atenção e eu não sabia dizer o que era, eu simplesmente não conseguia ser indiferente a presença dele.
Ele estaciona o carro e desce para abrir a porta para mim me oferecendo a sua mão como nas outras vezes, e eu seguro sinto o seu toque firme, mas suave, não havia força ali, mas uma sensação de proteção.
Caminho para dentro do lugar e sou recebida pelas administradoras que nos levam ao pátio onde as crianças estão brincando, eu já conhecia a maioria delas, pois eu sempre venho aqui, percebo que Zyan se mantém afastado, será que ele não gostava de crianças?
As crianças se assustaram um pouco com a presença dele, então o chamo.
—Zyan—digo e ele se aproxima de mim.
—Fique mais perto, a sua cara de m*l, está assustando os pequenos—digo sorrindo e ele concorda com a cabeça, mas não esboça nenhum sorriso.
Estava distraída olhando para ele e nem percebi quando Juju veio correndo para me abraçar e acabou tirando os meus óculos, que foram parar longe, ele se aproximou na hora, eu tentei cobrir meu rosto com a mão, mas ele segurou a minha mão suavemente e quando viu o machucado em meu olho, fechou a cara, ele pegou o óculos que uma das crianças entregou e colocou no meu rosto novamente, ele não disse nada, mas o seu olhar de indignação revelou tudo.
Quando saímos do orfanato, ele estava mais calado do que nos outros dias.
—Zyan—digo.
—Sim senhora—ele diz dirigindo pelas ruas de São Paulo.
—Podemos ir até o parque do Ibirapuera?—inquiro.
—Como quiser senhora primeira dama—ele diz dando ênfase ao meu título.
Eu gostava do parque, desde que cheguei nesta cidade, eu costumava vir aqui para pensar na minha vida.
Tiro os meus sapatos caminho pela grama verde, sento-me em um banco de frente para o lago, e deixo as lágrimas escaparem pelos os meus olhos, eu estava tão sozinha, eu já não aguentava mais, eu queria correr para o mais longe possível, eu queria fugir de mim mesma.
Os soluços escapam pela minha boca, eu não podia mais conter esse sofrimento todo dentro de mim.
Então o vejo se aproximar de mim.
—Me deixe sozinha Zyan, por favor—digo.
—Ok senhora—ele diz e começa a se afastar, mas um soluço mais alto escapa entre os meus lábios, e ele retorna.
—Francamente eu não consigo deixá-la sozinha nesse estado, o que aconteceu entre vocês dois?—ele inquire sentando-se ao meu lado, eu sinto a sua mão atrás do meu corpo, mas ele parece desistir de me tocar, eu continuo em silêncio e ele inquire novamente.
—Vocês brigaram?
—Ele me bateu—digo olhando para ele, sem os óculos escuros, ele me olha e fecha os olhos com raiva.
—Como ele pode?—ele inquire e dessa vez a sua mão grande se aproxima do meu rosto e afasta o meu cabelo que cobria o machucado.
—Eu não aguento mais—digo chorando e ele me puxa para os seus braços e me abraça com força, ele não disse mais nada, mas eu me senti protegida nos seus braços, eu finalmente não me sentia mais sozinha.