Sierra
Ele se vira e vai embora inabalável em sua figura fria e maligna, me deixando sozinha e confusa.
Todas essas roupas do meu tamanho e estilo.
É como se ele estivesse esperando por mim, mas como isso é possível se hoje foi a primeira vez que nos vimos?
Olhando mais uma vez para esse quarto luxuoso, desabo no chão chorando, tudo que eu queria era estar de volta ao convento sob o abraço protetor da minha mãe.
Meus sonhos foram todos roubados de mim, agora estou aqui à mercê de um homem frio e c***l.
Ao menos, ele não deu indícios de que vai fazer comigo o que aqueles monstros fizeram com aquela garota.
Digo a mim mesma.
Choro até pegar no sono ali mesmo, no chão.
Acordo um tempo depois, ouvindo batidas na porta.
Está tudo escuro e eu me levanto fraca pela falta de comida e água e tento achar um interruptor de luz.
Quando finalmente o alcanço, acendo as lâmpadas clareando o ambiente, vou até a porta pensando que, seja quem for, não sabe que estou trancada aqui, mas surpreendentemente vejo a maçaneta girar e a porta se abrir.
..._ A meu Deus, senhorita! Continua assim? O dom aguarda para o jantar.
Uma mulher usando o uniforme fala, entrando no quarto com os olhos preocupados.
Sierra_ Não estou com fome, obrigada.
Estou mentindo, eu sei, na verdade, estou faminta, mas só a ideia de estar mais uma vez no mesmo ambiente que aquele homem me deixa apavorada.
..._ Não dificulte as coisas para você, menina, apenas obedeça ao Dom Matteo, ele não gosta de ser contrariado e quando fica com raiva coisas ruins acontecem.
Sierra_ Qual o seu nome?
..._ Arminda.
Ela diz, indo até o closet e separando uma roupa para mim.
Sierra_ Arminda, me diz o que mais de r**m pode me acontecer depois que fui sequestrada e mandada para esse lugar?
Arminda_ A você acha que isso foi o mais terrível? Pois não viu nada, estou falando isso para o seu bem.
Sierra_ Agradeço a sua preocupação, Arminda, mas realmente não estou com fome e nem vou tomar banho aqui ou vestir essas roupas compradas com dinheiro sujo. A única coisa que quero é ir embora.
Ela me olha com pena, mas nada diz, apenas vira as costas e vai embora.
Sozinha novamente, eu me encolho em um canto do quarto e fico ali chorando.
Após alguns minutos, a porta do quarto se abre em um bate forte e ele entra com um olhar furioso.
Vem até mim e me segura pelos cabelos, fazendo com que eu me levante.
Levo minhas mãos à cabeça tentando aliviar a dor no meu couro cabeludo, mas não adianta muito e ele praticamente me arrasta até o banheiro.
Com os olhos lacrimejando, eu o vejo ligar o chuveiro.
Em seguida, ele me coloca de pé e, sem que eu espere, me joga debaixo daquela água fria.
Mal tenho tempo de me acostumar com a temperatura da água e sinto minhas roupas serem rasgadas e eu fico só de calcinha e sutiã na frente dele.
Matteo_ Quando eu dou uma ordem, quero que ela seja cumprida, não me desafie Sierra ou pagará muito caro por isso!
Ele diz com sua voz grossa e altiva.
Não respondo nada, estou ocupada demais chorando enquanto tento me cobrir com as mãos.
Estou me sentindo exposta e humilhada, além de muito envergonhada, nunca fiquei sem roupas na frente de ninguém, sempre me ensinaram que o meu corpo é sagrado e que só o meu marido poderia me ver assim.
Fico aliviada após ele virar as costas para ir embora.
Matteo_ Te espero lá em baixo em dez minutos, se não aparecer, não vai gostar do que farei com você.
Sinto em minhas entranhas que as ameaças dele são reais, a Arminda estava certa, não é uma boa ideia contrariá-lo.
Após o banho, coloco a roupa que Arminda tinha separado quando veio ao quarto e penteio os meus cabelos úmidos.
Saio do quarto, me deparando com um corredor.
Sierra_ E agora, para onde eu vou?
Falo sozinha com medo de ficar perdida, esse lugar parece ser enorme.
Para minha sorte, a Arminda aparece com aquele mesmo olhar de pena.
Sierra_ Eu sei que você me avisou, não precisa dizer nada, só me mostra o caminho até ele.
Arminda_ O dom está na sala de jantar, venha comigo.
Ela diz sem render assunto e eu fico grata por isso.
Algumas lágrimas ainda teimam em cair pelo meu rosto e eu as seco, não querendo mais parecer fraca diante de ninguém.
Seguimos pelo corredor e descemos uma longa escada até chegarmos a uma sala enorme e ricamente decorada.
Entramos por uma porta, saindo em outro corredor até que finalmente a sala de jantar se estende à minha frente, revelando uma grande parede de vidro com vista para o jardim e uma piscina enorme.
É tão bonito, nunca vi nada assim antes, na verdade, nunca entrei em uma piscina, até porque não há de se esperar que um convento tenha uma.
Assim que entro na sala de jantar, a Arminda vira as costas e vai embora. Eu queria que ela ficasse, mas seria inútil pedir isso, a coitada parece temer o homem à minha frente mais do que qualquer coisa.
Matteo_ Sente-se.
Ele aponta para a cadeira à sua esquerda.
Caminho com passos exitantes até lá e me sento em silêncio.
Logo o aroma delicioso da comida invade o meu nariz e minha barriga ronca.
A verdade é que estava a ponto de desmaiar de fome, mas tento manter uma fachada de indiferença.
Matteo_ Coma.
Não espero ele falar duas vezes e ataco a comida, enquanto ele me observa com um olhar escrutinante.
Ele franze a testa ao ver a forma desesperada como estou comendo.
Matteo_ Meus homens não alimentavam vocês naquele navio?
Engulo a comida que estava na minha boca antes de falar.
Sierra_ Como se você se importasse.
Matteo_ E não me importo, mas essas mulheres são investimentos e, como tal, precisam estar bem cuidadas para render um bom lucro.
Sierra_ Não, eles não nos davam comida e nem água, tudo que faziam era nos dopar para não terem trabalho, e se alguma garota acordava antes da hora, eles davam o jeitinho deles.
Respondo estremecendo.
Matteo_ Que jeitinho?
Sierra_ Aqueles monstros pegaram uma garota que estava gritando com medo e a estupraram e espancaram até a morte, depois a jogaram no mar.
Ele parece aborrecido com o que eu disse, mas não diz nada, apenas balança a cabeça e continua a comer. Já eu perdi todo o meu apetite e agora me forço a comer o restante da comida que está no meu prato apenas porque me foi ensinado no convento a não desperdiçar comida.
O resto da refeição foi feita em silêncio, de vez em quando pegava ele me olhando e abaixava a cabeça apressada para não ver aqueles olhos bonitos, mas frios com gelo.
Ele me assusta, não há como negar, sei lá, ele tem uma áurea n***a em si que o torna sinistro ao mesmo tempo, em que sua beleza chama pelo meu olhar.
O telefone dele vibra sobre a mesa, ele apenas passa os olhos pela tela e o guarda em seu bolso.
Matteo_ Você tem permissão para andar pela casa e o jardim, a uma sala de TV e uma piscina que vão te ajudar a passar o tempo. Mas se tentar fugir, te trancarei em meu porão e será tratada como uma prisioneira de verdade.
Balanço a cabeça diante de suas palavras, sabendo que com certeza ele cumprirá a sua ameaça caso eu não o obedeça.
Matteo_ Embora fugir não seja uma opção, tenho vários homens de vigia do lado de fora e, antes que eu me esqueça, você não tem permissão para falar com nenhum deles.
Assim, ele se levanta e vai embora, sem me lançar um último olhar.