Abel cavalgou para algum lugar enquanto eu tentava entender o que estava sentindo. Qual o sentimento de reencontrar a pessoa que destruiu sua confiança e pisou na sua última fagulha de dignidade? Não é só raiva, temo que não, mas eu ainda não conseguia nomear o que meu coração tanto discutia com meu cérebro e que reverberava em meu corpo.
Encarei o olhar de Abel quando percebi que o cavalo tinha parado há alguns segundos. Ele desceu e me ajudou a descer também.
— Você quer entrar? — perguntou e olhei ao redor tentando me situar. — É a minha casa.
Acenei sem discutir, qualquer lugar que me distanciasse do vazio que eu estava sentindo era válido.
— Já está tarde e eu não sabia onde te levar... — começou a explicar enquanto destrancava a porta.
— Tudo bem, me desculpe pelo transtorno!
