Bartolomeo desceu do cavalo quando foi informado que Jorge estava à sua espera na porta.
— Mande-o para o escritório __ disse ao funcionário.
Pouco depois, Jorge estava sentado à frente de Bartolomeo, que trazia um semblante pesado, não estava de paciência para reclamação.
— Vim pedir para o senhor reconsiderar __ começou Jorge. __ Bárbara fez besteira, senhor, mas ela o ama.
Bartolomeo o interrompeu, sua voz fria como o aço.
— Escute, Jorge. Se você falar o nome de Bárbara mais uma vez, eu juro que o m.ato. Sua filha não vale nada, e tenho certeza de que sabe disso. Mas o pi.or foi a ousadia de achar que eu deixaria meus irmãos para ir morar só com ela. Eu nunca faria isso. E estou começando a perder a paciência.
Jorge, suando frio, não tentou esconder a verdade.
— Eu não vou mentir, senhor. Sou fiel ao grupo, mas achei que talvez o senhor se apaixonasse por ela…
Para ser me.mbro do cartel Falcão precisava ser fiel..
— São as dívidas, não são? — Bartolomeo o interrompeu.
— Sim, senhor __ admitiu Jorge, abatido. __ Tenho muitas. Os lucros são bons, mas enfiei os pés pelas mãos. Investi em bitcoins e perdi tudo...na última queda dessas moedas.
Bartolomeo olhou diretamente nos olhos de Jorge e fez sua proposta.
— Eu p**o suas dívidas e aumento seus fundos, mas em troca, eu me caso com Willow.
Jorge ficou em silêncio, acreditando ter ouvido errado.
— Com Willow, senhor? Mas ela é ilegítima, sabe disso. E viu como ela se veste?
Bartolomeo não se importava, não queria uma mulher que se vestisse na última moda para exibir na alta sociedade, não, queria alguém que o agradasse e Willow o agradava.
— Vi exatamente como ele se veste. Faça o seguinte: volte para sua casa. Em meia hora, vou até lá falar com ela. Depois disso, o noivado com Willow será formalizado.
Ainda sem acreditar no que acabara de ouvir, Jorge saiu. Bartolomeo, por sua vez, foi avisar os irmãos de sua saída. Nunca saíam sem informar uns aos outros. Sempre sabiam onde cada um estava e Caio não saía sozinho, até mesmo, porque ele não gostava de nada do mundo lá fora.
Depois de falar com os irmãos, Bartolomeo foi até a casa de Jorge. Encontrou Willow sentada na grama, ouvindo música, vestida com uma camiseta larga, tênis e bermuda. Ela abriu os olhos ao vê-lo se aproximar, levantou-se e deu alguns passos para trás, desconfiada.
— Pedi sua mão em casamento ao seu pai__ disse Bartolomeo.
Willow arregalou os olhos.
— Mas você é noivo da minha irmã...
— Ex-noivo, Willow. __ Ele se aproximou. — O noivado com Bárbara acabou. Eu quero me casar com você.
Willow m.al acreditava no que ouvia. Parecia brincadeira. Bárbara era sempre a irmã bonita, vestida com roupas caras e com saltos, cabelos longos, batom vermelho e unhas impecavelmente pintadas. Já Willow era simples, despojada, sempre de camiseta e sem muita vaidade.
— Isso é uma brincadeira? — perguntou, incrédula.
— Não, Willow. Sei que não gostam de você nesta casa. Mas na minha, será bem tratada.
— Você não parece alguém que sabe tratar bem as pessoas... — ela comentou, hesitante.
Bartolomeo deu de ombros.
— Talvez não. Mas pode me ensinar. E na minha casa, você não será xingada nem terá que se esgueirar para escapar dos ataques de sua irmã e da sua madrasta.
Willow começou a considerar a ideia.
— Olhe para mim, Willow. Gosta de homens?
Ela andava beijando uma amiga..
Ela ficou em silêncio por um momento. Nunca tinha beijado um homem, apenas uma amiga, por curiosidade, e tinha gostado.
— Eu... não sei, senhor.__ respondeu honestamente. __ Nunca beijei alguém do se.xo masculino.
— Me chame de Bartolomeo. Venha aqui.
Willow hesitou, mas caminhou até ele. Bartolomeo a olhou e disse.
— Posso beijar você?
— Você esteve beijando Bárbara...
— Nunca dei um beijo de verdade nela. E não vou mentir para você, fizemos s£xo, mas o beijo como vou dar em você, não.— Ele a puxou para mais perto, e Willow observou sua barba antes de responder.
— Pode me beijar.
Queria saber se gostava do see.xo masculino também.
__ Quantos anos você tem, Willow?
— Vinte e cinco.
Willow parecia muito mais jovem com suas roupas despojadas.
Então, ele a beijou. O beijo era forte, firme, e ela gostou. Sentiu a segurança de seus braços, mas quebrou o beijo antes que pudesse se prolongar mais, com medo de que o pai os pegasse ali e criasse mais um escândalo.
— Willow?
— Gostei do seu beijo __ ela admitiu, corando. __ Gostei do beijo com minha amiga também, mas o seu pareceu... . Não sabia como explicar e acabou ficando vermelha.
— Posso dizer ao seu pai que você aceita se casar comigo?
Podia a obrigar, era o chefe do cartel, mas já teriam que trabalhar com Savana e Alexandra que casariam obrigadas.
Willow assentiu.
__ Pode, pode. É verdade que os seus irmãos vão se casar?
__ É sim..
__ Como se chama as noivas deles.
__ Alexandra, a outra é Savana, mas a irmã a chama de Ane..
Ela fez um pedido:
— Pode dar a ordem para que Bárbara e a esposa do meu pai me deixem em paz?
Bartolomeo ofereceu a mão a ela, e juntos entraram na casa. Bárbara os viu e tentou reagir, mas Bartolomeo foi direto.
— Se você ao menos gritar com a minha noiva, eu quebro seu pescoço. Já está com pontos a menos pelo que disse sobre Caio, e o mesmo vale para sua mãe.
Voltando-se para Jorge, Bartolomeo continuou:
— Estou deixando minha noiva em sua casa. Se ela se machucar ou sofrer, eu cobro de você.
— Ela estará segura, senhor __, respondeu Jorge, nervoso.
Willow correu para seu quarto, mas minutos depois ouviu a casa sendo quase destruída pelos gritos de Bárbara e sua madrasta. Quase sorriu. Não queria confusão, mas ser chamada de bastarda, ser proibida de comer doces, frutas ou de ter uma boa refeição, tinha lhe causado mágoas profundas.
Ela não aceitou o pedido de Bartolomeo por vingança. Aceitou porque queria uma casa que fosse seu lar, uma família de verdade, e a liberdade de poder conversar e sorrir dentro da casa onde vivesse.