Willow acordou mais animada naquela manhã. Colocou uma bermuda confortável, uma camiseta simples, calçou os tênis e saiu pela porta da cozinha antes que alguém notasse sua ausência. Pegou a bicicleta e fugiu da casa, pedalando com rapidez e sentindo a liberdade que tanto ansiava.
Odiava ficar naquela casa, com sua madrasta, irmã e pai, onde era sempre tratada como uma intrusa, por isso sempre fugia, queria mesmo era arrumar um emprego que pudesse ficar todo o dia longe, mas o pai não permitia e com a influência que o pai possuía, ele fechava as portas de emprego sempre que ela tentava.
Chegou a uma lanchonete simples, tomou um café rápido e, em seguida, foi ao parque meditar. Ali, no parque, ela finalmente se sentia livre. Sem precisar justificar sua existência para ninguém.
Enquanto se sentava na grama, refletia sobre sua vida. Às vezes, pensava que teria sido melhor se tivesse sido deixada em um orfanato. Pelo menos ali, não seria desprezada. Era grata pela casa, pela comida, e pelo curso de enfermagem que conseguiu fazer, mas essa era toda a gratidão que sentia. Seu pai nunca a defendeu, nem quando era criança. Amor? Abraços? Sorrisos? Nada daquilo, por isso na faculdade por muito pouco, ela não encontrou um namorado e se enfiou na cama dele, mas não era assim, e temia que ficasse grávida e fosse obrigada a deixar uma criança sofrendo junto com uma madrasta maligna e vingativa como Clarissa. Willow até entendia a mágoa da madrasta, mas a mágoa devia ser dirigida ao marido, e não era assim.
As roupas que usava na infância? Eram as que Bárbara não queria mais. Restos. Quando era hora de comer, Willow se sentava na cozinha com as empregadas, enquanto a família comia à mesa e esperava. Não que fosse rui.m comer com as empregadas — na verdade, elas eram mais gentis com ela do que sua própria família —, mas às vezes sua barriga roncava de fome, esperando até que a família terminasse. Ironicamente, na infância, Bárbara era sua amiga. Ela escondia doces, sucos e iogurtes para dar a Willow, já que Clarissa, a mãe, nunca deixava que Willow participasse. Mas, à medida que cresceram, Clarissa conseguiu envenenar Bárbara contra a irmã, e as duas se tornaram quase inimigas mortais e isso lhe doía e muito, fazia tanta falta uma irmã a amorosa.
Willow abriu os olhos, afastando essas lembranças amargas. Decidiu se sentar e ler um livro que havia trazido. Mas sabia que, na hora do almoço, teria que voltar para casa, mesmo que não quisesse.
Enquanto estava sentada, viu um senhor idoso atravessar a pista, fora da faixa de pedestres. Um carro vinha rapidamente e, embora o motorista freasse, não conseguiu evitar o choque. O idoso caiu ao chão, e Willow, sendo enfermeira, instintivamente correu para ajudar.. e no ela gostava da profissão que escolheu..
O senhor tinha o rosto e a perna ralados, e estava visivelmente abalado. O motorista saiu do carro para ajudar, e para a surpresa de Willow, era Bartolomeo, o ex-noivo de Bárbara. Apesar do jeito bruto, ele desceu do carro para ajudar.
— Eu só o vi quando já estava em cima dele __ disse Bartolomeo. __ Ele estava fora da faixa.
Willow se ajoelhou ao lado do senhor, tentando avaliá-lo.
— Senhor, o seu braço ou a sua perna doem?
— Sim, meu braço e minha perna...
— Vou deitá-lo, não se mova até que a ambulância chegue __ , respondeu Willow, tentando acalmá-lo.
Bartolomeo rapidamente tirou o casaco, dobrou-o e colocou sob a cabeça do idoso como um travesseiro. Enquanto ele ligava para a ambulância, Willow segurava a mão do senhor.
— Acho que ele não enxerga bem, não deveria sair sozinho __ disse ela, percebendo que o idoso estava desorientado.
— Esqueci meus óculos em casa, minha filha,, com eles eu enxergo melhor...
Outro carro parou atrás, e o motorista começou a reclamar sobre o trânsito parado. Bartolomeo se levantou e, com um simples olhar intimidador, fez o homem desistir de reclamar e seguir seu caminho por uma rua transversal.
Logo, a ambulância chegou para levar o senhor ao hospital. Os paramédicos chamaram um familiar, e Bartolomeo entregou todas as informações necessárias sobre ele, provavelmente teria que prestar alguns esclarecimentos. Quando tudo estava resolvido, Bartolomeo se virou para Willow.
— Precisa de uma carona para voltar para casa? — perguntou ele.
— Não, senhor. Estou de bicicleta__ , respondeu Willow, apontando para a bicicleta encostada perto de onde estavam. __ Preciso ir antes que alguém note minha ausência.
Bartolomeo observou enquanto ela corria até a bicicleta e montava. Ele a assistiu partir e, com um sorriso de canto de boca, soube naquele instante que precisava tê-la. Tinha certeza de que Willow se daria bem com Savana e Alexandra e com os irmãos também.