CAPÍTULO 4

1037 Words
Amélia Smith Depois de finalmente conseguir fazer o bebê dormir, me encontro em um dilema. Vou para o quarto ou não. Sempre fui a esposa obediente que James queria, mas estou cansada disso. Estou cansada de lutar por um casamento que sei que não tem jeito. Com esse pensamento, me deito de novo na cama da babá, quietinha. Ele não pode fazer algo pior do que já faz, as consequências da minha desobediência é o mínimo que sei que ainda vou ter que aguentar dele. Estou quase pegando no sono quando escuto novamente a porta do quarto abrir se abrir novamente. Não abro os olhos e finjo estar dormindo profundamente. Sinto James se aproximar e se sentar ao meu lado na cama. — Por que de repente resolveu ser teimosa esposa? O que está pretendendo com isso? — diz baixinho passando as mãos pelo meu cabelo, em um carinho que ele nunca fez antes. — Me perdoe por não ter chegado cedo para o jantar como me pediu para fazer. Sei que nunca facilitei as coisas para você, mas esse é o meu jeito e não pretendo mudar, nem mesmo por você que é a mãe do meu filho. Minha vontade é de chorar ao escutar essas palavras, mas não posso. Se ele descobre que estou acordada, as coisas vão ser muito piores. Ele me pega no colo, sai do quarto do nosso filho e segue em direção ao nosso. Ao entrar no cômodo, me deita na cama e me viro para o lado, fingindo que ainda estou dormindo. Coloca o edredom macio em meu corpo me aquecendo e depois deposita um beijo em minha testa e outro em meus lábios. E assim tem sido esses dois anos de casamento, vivo de migalhas de afeição e carinho da parte dele. Como sou uma burra apaixonada, sempre aceito o pouco que ele me dá, com a esperança de que um dia esse homem possa vir a me amar. Ele se deita ao meu lado e me puxa para seus braços, me aconchegando neles. Aproveito o momento raro para sentir sua pele quente na minha e seu cheiro amadeirado de homem que me deixa louca. Quando acordo na manhã seguinte estou sozinha na cama, como sempre acontece todos os dias. Isso não é surpresa nenhuma. Ao me levantar, sinto algo diferente no pescoço e ao passar a mão percebo que é um colar. Vou até o banheiro, me olho no espelho e vejo um belíssimo colar de esmeraldas que deve ter custado uma fortuna. Quando foi que James o colocou em meu pescoço que não senti? Sorrio da situação. É sempre a mesma coisa... Toda vez que ele acha que fez algo que posso ficar muito tempo chateada, me negando a ir para a cama com ele, como se importasse minha vontade, aparece com uma joia mais cara do que a outra. É como se me encher de mimos fosse apagar o modo como ele me trata. Aproveito que estou no banheiro e faço minha higiene matinal. Ao sair dou de cara com Madalena no meu quarto. Quando a mulher me vê parece ficar surpresa. — Belíssima joia senhora. — Bom dia, Madalena. Tem alguma coisa muito errada com essa mulher e não é de hoje que algo nela me incomoda. — Desculpa entrar no quarto da senhora assim, mas é que a babá não está conseguindo alimentar o chorão do Carlos. Isso não, ninguém fala do meu filho desse jeito. Eu me aproximo dela e a olho bem dentro dos olhos. Não é só o meu marido que pode parecer assustador, posso ser muito pior do que ele. — Você perdeu de vez o juízo? Olha lá como fala do meu filho Madalena, ou posso fazer você engolir os próprios dentes. Ela me olha assustada, provavelmente não esperava essa reação da minha parte. — Me perdoe, senhora, não quis parecer... — Tem alguma coisa muito errada com você — digo a interrompendo. — Faz tempo que venho te observando e vou descobrir o que é. Agora saia do meu quarto e diga a babá que já estou indo. — Sim, senhora. Observo a mulher sair de cabeça baixa e não falar mais uma palavra. Pode até parecer infantil da minha parte, mas essa mulher não vai ficar mais muito tempo dentro da minha casa. Vou até à mesinha de cabeceira, pego o telefone e faço uma ligação para o Grupo Smith. A ligação é logo atendida pela secretária p*****a do meu marido, mais uma que ele deve comer escondido por aí. — Presidência do Grupo Smith Empreendimentos. Até a voz dela é irritante. — Passe a ligação para meu marido agora mesmo. — Senhora Smith, o senhor James está ocupado no momento. — Não me lembro de ter perguntado se ele estava ocupado, mandei passar a ligação para ele agora. Escuto sua respiração do outro lado da linha. — Sim, senhora, vou passar a ligação agora mesmo. Não demora muito e escuto a voz do meu marido na linha. — O que aconteceu Amélia? Por que está me ligando? Educado como sempre. — Como você nunca está em casa, liguei apenas para informar que vou começar a procurar outra empregada. — Madalena não está dando conta do serviço? Ela não comentou nada comigo sobre estar precisando de ajuda. Tem algo estranho nessa frase. — E, por que ela comentaria com você alguma coisa se nem eu mesma tenho esse privilégio, meu marido? Ele fica mudo por alguns minutos até que volta a falar. — Por que você quer mais uma empregada? — Não quero mais uma empregada James. Quero uma empregada para substituir Madalena, é ela que eu não quero mais. — Isso está fora de cogitação — responde rápido demais e acho isso estranho. — Não vou demiti-la, apenas vou mandá-la de volta para a mansão dos seus pais. — Amélia, não tenho tempo para isso agora, já disse que não e está acabado. O infeliz desliga o telefone na minha cara. Isso não vai ficar assim, estou cansada dessa situação. Agora, nem trocar de empregada posso? Cansei de ser a esposa obediente e boazinha que faz tudo o que o marido quer, James que me aguarde.
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