Jin
21 de fevereiro
Sexta
Manhã
Eu vi Nathan lme olhando rápido, até ele decididamente vir em minha direção.
-Por que não deixou seu irmão me bater?- Sua voz era áspera, eu dei de ombros.
-Por que não deixou seu irmão me bater?- Ele falou novamente. Eu não sei.
-Não queria que ele se machucasse.- menti. Era notável que Nathannão estava revidando e, embora não entender o porquê, não queria que ele acabasse como nariz quebrado e o rosto inchado como Levi.
-Eu não revidei.- Ele disse como se fosse óbvio e eu agradeci a mim mesmo por pensar mais rápido dessa vez.
-Como eu poderia saber que você não ia revidar?- Falei e ele pensou por meio segundo.
-Pare de mentir para mim, eu sei que tem um motivo!- Ele falou alto e tocou com as duas mãos nos meus ombros. Eu me encolhi. Como ele pode falar alto comigo depois do que aconteceu? Ele se aproximou de mim e eu recuei até bater contra uma parede - Por que? Por que não deixou seu irmão me bater?- Eu não tinha uma resposta. O que ele esperava que eu dissesse?
-Eu não sei!! –Falei alto, mas ele não se afasta. Ele encara minha boca e segura minha nuca com uma das mãos. Não estava esperando por isso. Não estava esperando essa proximidade repentina. –Louco!- Falei soprado e ele colocou o dedo indicador sobre a minha boca para que eu me calasse.
Seu rosto se aproximou perigosamente perto do meu pescoço e eu senti seu nariz roçar levemente nele. Ele me encarou com seus olhos castanhos e eu não pude evitar olhá-lo de volta. Observei sua boca, avermelhada e levemente cortada pelo soco do meu irmão.
-Não se preocupe, não está doendo. Você pode me beijar.- Mil comentários sarcásticos passaram pela minha cabeça e como eu queria poder dar um fora nesse metido, mas eu realmente estava com vontade de beijá-lo naquele momento. Ele só não podia saber disso.
-Beijar você? O que você pensa que eu sou? Não. De jeito nenhum.- Tentei empurrá-lo, mas ele só prensou mais seu corpo no meu.
-Ande, Hyung. Eu sei que você quer.- Ele disse próximo ao meu ouvido e pareceu que não ouviu nada do que eu disse, pois um segundo depois eu pude sentir seus lábios nos meus.
Lembro de ter o visto fechar os olhos devagar, como alguém que cede a cair na tentação e me vi hesitando. Recuando sem saber o que fazer, mas ele estava decidido. Não iria deixar eu dizer não.
Isso, sem dúvida, não deveria estar acontecendo. Esqueci que estava no meio do corredor da escola, sendo prensado entre o corpo de Nathane um quadro de avisos. Eu só conseguia me concentrar nos lábios macios de Nathane a vozinha quase muda da minha consciência dizendo para eu não ceder. Mas isso era quase impossível.
Eu precisei buscar ar e Nathanse aproveitou dos meus lábios semi abertos e o invadiu com sua língua. Céus, eu sei que irei me arrepender disso e me sentir o maior idiotas de todos, mas eu retribuí. Senti Nathanaprofundar o beijo e descer umas das suas mãos pelo meu abdome, a mão pesada e gelada, que acabara de entrar por baixo da minha camisa. Também senti sua respiração entrecortada sobe os meus lábios, eu devia estar da mesma forma, ofegando intensamente e ignorando essa fato somente para poder continuar.
A mão dele na minha nuca agarrou o meu cabelo para inclinar a minha cabeça para o lado. Eu soltei um gemido baixo. Ele sorriu durante o beijo em resposta. O que eu estou fazendo? Isso é loucura. Eu não deveria estar fazendo isso. Não no meio corredor. Não com ele. Não deveria ter tocado o seu rosto e, definitivamente, não deveria estar me sentindo tão bem com seu toque.
Ele desceu mais a mão até parar no cós da minha calça e iria descer mais ainda se eu não tivesse segurado sua mão. Ele me olhou com os olhos negros. Balancei a cabeça negativamente e ele me encarou por uns dois segundos, dois segundos que pareceram muitos mais longos do realmente foi.
- Sente isso?- Nathanimpulsionou o seu quadril na minha direção, me empurrando com mais força contra a parede. Eu paralisei. Senti seu m****o rígido sobre a calça jeans, enquanto ele me olhava analisando minhas expressões faciais. - É o que acontece comigo quando eu fico perto de você.
Eu não disse nada. Minha respiração descompensada falava por si só. Ele franziu o cenho e olhou para os dois lados corredor. Tinha uma pessoa aqui e ali, eu esperava que tivesse menos, mas não me importei tanto assim.
-Eu não devia ter feito isso.- Ele disse seco como se arrependesse. Minha raiva instantânea foi quase palpável, eu não pude acreditar. Eu que não devia ter feito isso! Ele que se aproximou! O que m***a ele está pensando?
Ele se afastou de mim num passo e iria me dar as costas assim. Mostrando para mim ao vivo e a cores que podia me ter quando quisesse. Assim como ele podia ter todos os outros. Eu disse não para ele. Eu sei que disse não. Ele se lembra disso?
-Não se preocupe, eu não senti nada.- Falei alto e firme. Uma das primeiras vezes que a minha raiva não é acompanhada por uma fraqueza sem sentido e tão natural.
-O que disse?- Ele falou se virando para trás para me encarar.
-O que você ouviu!- Eu temia que a minha voz soasse manhosa ou esganiçada. Mas eu me saí bem. A expressão dura, incomum no meu rosto.
-Você quer que eu te faça sentir alguma coisa?- Ele falou bravo, mas malicioso.
-Eu não acho que Você conseguiria.- falei petulante e ele me encarou por alguns segundos, até um coordenador vir e parar entre a gente.
-Quem estava brigando? Eu não posso me ocupar por um segundo e já tem aluno se matando nessa escola!- Nosso olhar estava preso um no outro e a coordenadora foi quase cem por cento ignorada.- Vamos, respondam!
-Demorou para chegar, hein? A briga acabou já faz um bom tempo.- Nathanfalou com a voz grosseira.
-Jin?- Ela chamou brava.
-Eu cheguei atrasado. –Falei e ela voltou o olhar para Nathan.
-Eu sei que foram os seus amigos, Nathan! Ande, me dê os nomes!- Por um segundo achei que Nathanfosse entregar meu irmão, mas ele estava com uma feição quase ofendida.
-Por que tem que ser sempre os meus amigos?
-Não foram?- Ela falou brava.
-Não!
-Então me desculpe. Quem estava brigando?
-Eu não estava aqui, cheguei agora.- Ele disse um pouco mais calmo. E a coordenadora chamou por outras pessoas no corredor pronta para fazer as mesmas perguntas.
Tomei meu rumo para a aula de física antes que Nathanpudesse dizer qualquer coisa.
Nathan
Sexta
Manhã
Meu nome foi chamado na diretoria em plena aula de química. Eu não sei se agradecia ou se me negaria a ir por precisar de ponto nessa matéria, mas eu nem estava prestando atenção mesmo. Não conseguia tirar Jin da minha cabeça e pensar na nomenclatura dos ácidos.
Saí pela porta da sala e encontrei Levi e Aidan junto a professora que nos levaria a coordenação. O rosto de Levi estava adquirindo uma cor roxa em vários lugares e a boca parecia que tinha sido picada por uma abelha.
-Se fudeu!- Falei rindo e apontei para o rosto de Levi. Ele riu um tanto magoado e Hobi nem olhou para mim.
-Eu nem tava metido nessa m***a de vocês agora de manhã!- Aidan falou com a voz agressiva olhando para o corredor. Eu e Levi nos entreolhamos. –Vocês vão dizer isso a ela!
-Olha o beta bravo!- Falei rindo até perceber que estava rindo sozinho. Não tinha notado o clima tão pesado. Levi até sorriu, mas quando magoou o corte na boca ele voltou a ficar sério.
Caminhamos em silencio até a coordenação e sentamos em frente da mulher de uns 59 anos. Ela já nos conhecia. Eu sempre acabava vindo aqui com o meu grupinho, nunca fomos exemplo, mas dessa vez ela estava séria demais. As vezes ela até sorria e dizia “vocês de novo?” para só depois nos mandar sentar e a conversa começar.
-Sentem.
-Eu não estava metido na briga de manhã! Eu tenho que voltar para a sala!- Aidan falou e permaneceu em pé mesmo depois de eu e Levi ter sentado.
-Aidan, sente. –Ela disse sem olhá-lo, a voz carregada de autoridade. Ele sentou de braços cruzados como uma criança. –Eu estou tão tão decepcionada com vocês... -Ela tocou a testa por alguns segundos- Eu sempre soube que vocês davam problema aos professores pela conversa em sala, as notas baixas, algumas confusões no refeitório... Mas eu achei que fosse só isso. Levi, o que houve com o seu rosto?
-Uma briga boba, mas foi fora do colégio.- Mentiu e tocou a boca rapidamente.
-Esse é o problema de vocês! Seu rosto está acabado, Levi. Isso não é nada bobo!- Ela disse suspirando. –Eu não sei nem por onde começar! Eu não sabia das agressões a Jin! O garoto é todo na dele. Eu não sei o que fazer com vocês!- Ela estava tão tensa. Aidan murchou como se reconhecesse a culpa e Levi me olhou apreensivo.
-Isso não vai mais acontecer.- Falei e ela me encara.
-Eu sei que não vai mais acontecer. Eu não tenho dúvida disso, Nathan! O pai dele veio aqui dizendo que um de vocês afogou ele na piscina da escola, em pleno jogos! O que eu deveria dizer a ele? Percebem o quanto isso é doentio? – A voz dela era rouca e sempre quando estava com raiva acabava mexendo a mão em concordância com a fala. Haviam muitas piadas sobre isso, mas dessa vez nenhum de nós três ousou em dar um sorriso.
-Só foi eu. Eles não tem nada aver com isso.- Levi falou tomando a frente.
-Agradeço a sinceridade, Levi. Mas esse não foi um caso isolado, não foi?- Ela disse séria. O óculos na ponta do nariz e os cabelos esvoaçados. Negamos com a cabeça e ela suspirou.
-O senhor pode processar a escola, seus pais, Jeon, podem ir presos por tentativa de homicídio! Percebem a gravidade que isso se tornou?- Ela falou nos olhando atenciosamente. Eu quase podia ver o nervosismo emanando deles dois e até de mim.- Meninos... Eu já liguei para os pais de vocês e marquei uma reunião.- Levi me olha com os olhos marejados e no mesmo instante lembro do quanto a família dele é instável. Seu pai, um descontrolado que não para no emprego e sua mãe que deixa o marido fazer de tudo com Levi porque na maioria do tempo está tendo uma crise de overdose.
-Não vai ser necessário, eu juro. Nunca mais toco nele!- Levi falou de imediato. É, ele tem medo do pai.
-É tarde para isso.-Ela suspirou- E eu ainda preciso saber desses outros casos que o pai de Jin não comentou. Esse não deve ser o comportamento de alfas, meninos. –Ela olhou para mim e Levi e ignorou Hobi por um momento. –Vocês ainda terão um acompanhamento de um profissional.- Ela disse simples e alcançou o telefone que tocou.
-Um profissional?- Hobi falou e a coordenadora pediu que ele esperasse até ela terminar o telefonema.
-Meu pai vai me matar.-Levi sussurrou para mim. E eu sabia que não tinha tanto exagero aí.
-A culpa é bem mais de vocês do que minha!-Aidan sussurrou também.
-Diz isso para ela, Aidan!- Falei e a coordenadora desligou o telefonema.
-Que profissional?- Aidan perguntou novamente.
-Um psicólogo. Uma hora por semana para cada um.- Ela falou séria.- Podem ir agora. Eu falo com vocês depois.
Nós três nos levantamos no mesmo instante e saímos da coordenação para voltarmos a sala em passos bem lentos. No meio do caminho desviamos de um homem no celular, ele tinha o cabelo grisalho e uma estatura alta. Ele passou despercebido por mim e Levi, que estávamos distraídos demais com a culpa, mas Aidan nos parou e nos olhar para o homem.
-Ele é o dono da SM, eu tenho certeza!- Aidan falou apontando discretamente.
-Sério? Temos que falar com ele!- Levi falou me olhando como se buscasse uma aprovação. Estar no mesmo lugar que o dono de uma das maiores empresas de música da Coréia do Sul era surreal. Não teríamos outra chance como essa.
-Eu acho que tenho um CD demo nosso na bolsa, posso ir na sala de aula e voltar correndo!- Falei animado, esquecendo da conversa na coordenação por um breve momento, até Jin sair de um dos corredores e ir em direção ao suposto dono da SM.
-Pai?- Jin chamou e o senhor se virou para ele com um semblante sério. Os dois idiotas me olharam sem acreditar.
-A princesa é filho dele?- Levi falou de olhos arregalados apressando o passo para longe dos dois e eu Aidan o seguimos sem pensar.
-Que p**a conhecidência...- falei uns segundos antes de nós três nos separamos para voltar as salas.
Era difícil de acreditar. Nosso sonho de formar uma banda nunca esteve tão perto e tão longe ao mesmo tempo.