— Lucas pode acordar a qualquer momento. — minha respiração ofegante ecoou pelo cômodo silencioso.
— Então faremos silêncio. — Dante finalmente se desprendeu da porta. Parecia querer se manter ali o tempo que conseguisse, como se dependesse de um autocontrole que não possuía.
Como eu poderia julgá-lo? Sentia tudo tão intensamente que não sei como havia ficado tão plena até o momento.
Quis gritar ao vê-lo caminhar lentamente em direção a mim, quase calculando cada passo dado para não fazer barulho algum.
Já a alguns centímetros distante de mim, olhei para cima, buscando seu rosto. Sua respiração pesada atingiu minha pele, e vi o quanto ele estava ofegante, assim como eu.
Ergui minha mão em um impulso, a apoiando na musculatura rígida de seu peitoral. Não entendi porque fiz aquilo, me deixei agir com as emoções a flor da pele.
Permitir que eu seguisse de acordo com meus sentimentos seria arruinar tudo que tentei construir em meus pensamentos durante o dia que seguiu após nos conhecermos. Defini objetivos e metas que quis esquecer que havia criado no instante em que o vi perto de mim.
Eu queria ele, e sentia isso em cada centímetro do meu corpo. Em cada gota de suor, cada fisgada que me atingia internamente. Queria sentir os braços dele ao meu redor, me mantendo presa junto daquele corpo forte.
Não imaginava haver atos o suficiente para descrever em ações tudo que desejei fazer com Dante desde o momento em que o vi, e queria que ele me mostrasse que eu estava errada.
— O que você está fazendo comigo, Olivia? — Ele ergueu a mão esquerda em direção ao meu rosto, colocando a mecha de cabelo que cobria parte da minha bochecha para trás da orelha. — O que você tem que me deixa tão imprudente? — disse, como se eu pudesse responder a tal pergunta.
Me sentia da mesma forma, estávamos ambos imersos em um oceano de desejo, presos nos milhões de possibilidades em que poderíamos nos satisfazer.
— Eu poderia te fazer a mesma pergunta, Salvatore. — falei com a voz mansa, baixinho, me aproximando mais de seu rosto.
Senti ambas as mãos dele apertarem minha cintura com brutalidade. Quis agarrá-lo, sentir de novo o gosto dos seus lábios e a maciez deles contra os meus.
— Não vou conseguir parar. — Ele avisou antes que eu prosseguisse. — Quando eu começar, não vou poder parar, Olivia. Está entendendo? — suas palavras apenas pioraram o ardor que atingiu meu rosto.
Soltei um gemido sôfrego ao roçar meus lábios nos dele, ainda sem o beijar, apenas me recordando da sensação de ter sua pele contra a minha.
Parecia algum tipo de bruxaria, um feitiço que foi avassalador e me fez ficar perdidamente louca por aquele homem.
Era inquietante, irritante e me fazia questionar o que ele tinha de especial para me deixar a mercê de suas vontades.
Porque suas vontades, de repente eram minhas também. Seu desejo era o meu, como se fossemos um e compartilhássemos o mesmo raciocínio.
Em seus olhos, eu enxergava a mesma fome, o mesmo desespero que sentia em mim.
Ali, encostada contra ele, friccionando nossos corpos com violência, eu quis ceder. Quis me entregar de vez apesar do lugar e do momento inoportuno.
E eu iria ceder, iria fazer o que ele quisesse, se não tivéssemos sido interrompidos.
Um barulho vindo do lado de fora fez que nos afastássemos, e como se eu tivesse despertado de um sono profundo, pude me observar como uma espectadora ao julgar minhas ações.
Estava louca, e isso era um fato para mim ao considerar o que fazia naquele quarto com Dante.
— Merda. — Dante falou, desesperado.
Seguiu até a porta e colocou o ouvido contra a madeira, tentando escutar o que Lucas fazia, mas nada ouviu.
Até que, como se não pudesse piorar, ouvimos duas batidas na porta.