O Pai do Meu Melhor Amigo - Paixão Proibida

Fim

Recuperei minha tranquilidade no instante em que Dante abriu a porta.

ㅡ Como pude esquecer disso? ㅡ falei, tentando conter o riso.

— Ele é sonâmbulo desde criança. — Dante deixou Lucas, inconsciente, seguir o caminho que queria fazer até o quarto onde estávamos.

Ele balbuciou algumas palavras que não conseguimos identificar, até que seguiu até sua cama e deitou, adormecendo por completo novamente.

Seguimos para sala e o deixamos descansar, respeitando a regra de não quebrar o transe em que ele estava.

Dante se serviu de uma xícara de café e me entregou outra, parecendo tão aliviado quanto eu.

Se não tivéssemos sido interrompidos, eu não teria conseguido me controlar. Isso me faz ficar alerta.

— Precisamos acabar com algo que nem começamos, não é? — Dante despejou tais palavras como se soubesse o que eu estava pensando.

E eu odiei admitir, mas ele estava certo. Aquilo não podia continuar.

Dois dias juntos e causamos mais estragos do que poderíamos imaginar. Não seria sábio causar ainda mais danos, criar problemas que teríamos que carregar até o resto de nossas vidas.

— Tivemos uma noite incrível. Obrigada, Dante.

— Por que me agradece? — Ele perguntou, confuso.

— Por me ajudar a recuperar um pouco da confiança que havia perdido. Não sou o melhor exemplo de autoestima, mas você me fez me sentir... desejada. — Falei um tanto envergonhada, mas com sinceridade.

— Você é impressionante em todos os aspectos, Olivia. É uma pena estejamos no lugar errado e na hora errada.

Ele deu mais um gole em seu café, e eu o acompanhei.

Não havia nada mais que pudesse dizer, ou algo que mudaria àquela situação.

Não começamos nada além, e foi bom não termos continuado. Seria pior se desprender das ideias que percorriam em minha mente se algo a mais tivesse acontecido.

Já era difícil o suficiente digerir o sabor do impedimento. Tão amargo quanto o café sem açúcar que tomava.

Assim era a vida, feita de decepções e pitadas e momentos inesquecíveis.

A maior parte da trajetória que vivemos na terra é feita de frustração, então, nada mais justo do que aprendermos a lidar com esse sentimento.

Passamos a madrugada envoltos em silêncio. Não foi constrangedor, muito pelo contrário.

Foi confortável, e por um instante, quis que aquele momento não terminasse.

Assistimos a um filme de comédia romântica que passava na televisão, e apenas ouvimos a risada um do outro naquelas horas que seguiram.

Quando pela manhã, ambos sem conseguir dormir, assistimos o sol nascer através da janela.

Dante vestiu suas roupas, já secas a tal hora, e juntou seus pertences. Escolheu ir mais cedo e não quis acordar Lucas para se despedir.

Antes de partir, ele se aproximou de mim para quebrar o silêncio daquele momento que criamos desde o instante em que entramos em um acordo de não nos vermos mais.

— Adeus, Olivia. — Ele se aproximou e deu um beijo rápido em meus lábios, apenas para marcar aquela despedida.

O vi sair pela porta e me senti em paz pela decisão que tomamos. Tive que fingir que não queria vê-lo de novo, saber mais sobre ele e sua vida.

Tive que guardar para mim minhas vontades, assim como vinha fazendo por longos anos.

Não podia ser egoísta naquele momento, não com Lucas. Ele não merecia nada daquilo, e já me senti m*l o suficiente por guardar um segredo dele.

Por isso, tentando me redimir e tornar as coisas mais fáceis, preparei um belo café da manhã para nós, com o que dava para fazer com a pouca quantidade de comida que ele comprava.

Esperei até ele acordar, ainda sem um pingo de sono, ansiosa para finalmente voltar a rotina normal depois da festa de aniversário.

Porém, enquanto aguardava, vi seu celular vibrar por diversas vezes. Não sabia se era algo urgente, então me aproximei pra checar àquela ligação repetitiva.

Quando mais perto da tela, a ligação finalmente parou. Porém, uma caixa de mensagem recebida piscou sobre a tela, com as seguintes palavras:

"Faltam apenas 5 dias!"

"m*l posso esperar para viajar por toda europa com você."

Cinco dias? Lucas iria partir em cinco dias e sequer me disse?

Percebi então que minha frustração com Dante não era a única que eu precisaria lidar.