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917 Words
Olivia Fernandes O suor escorria pela minha testa enquanto eu encarava, incrédula, cada repost das minhas fotos nas redes sociais. Não conseguia processar que isso estava mesmo acontecendo. Como foi que deixei chegar nesse ponto? Pelo menos, as fotos não eram tão reveladoras... Eu estava de ‘lingerie’, sim, em poses provocantes, mas não era nada que ultrapassasse um certo limite. Isso, no entanto, não aliviava o aperto no meu peito ao imaginar a reação dos meus pais. E pior ainda, a do meu irmão, se eles descobrissem que eu tinha feito essas fotos. Esse pensamento me torturava, ao mesmo tempo em que sentia um gosto amargo de contradição na boca, como o sabor de um pomelo. Porque, mesmo sabendo que não podia, eu ainda queria prosseguir. Sabia da relação entre Lucas e Dante, e que isso tornava tudo errado. Mas o desejo de sentir o toque do Dante, o mais velho dos Salvatore, me consumia. E me sentia culpada. Culpada por ainda ter sentimentos tão fortes por Lucas, mesmo depois de tudo. Meus planos de me declarar na noite anterior foram destruídos quando descobri que ele mantinha um namoro em segredo. E o pior é que eu nem tive tempo de confrontá-lo sobre isso ainda. Esse assunto ficou guardado para um momento oportuno, e eu não ia desistir de descobrir mais sobre essa tal Luara. Enquanto me afundava em autocrítica, meus olhos vagavam até as crianças brincando no parque onde eu costumava ir para tentar relaxar. Elas pareciam tão livres, tão cheias de inocência... Sem a menor ideia do peso que a vida adulta iria colocar sobre seus ombros um dia. Expectativas dos pais, traumas, pressão social... Tudo isso viria para esmagá-las, mais cedo ou mais tarde. É inevitável. E o tempo não espera por ninguém. No fim das contas, o que nos resta é seguir em frente. Viver, apesar de tudo. [...] Dante Salvatore Eu estava parado na varanda do escritório, observando o caos distante de Caliandra. Última semana naquele maldito emprego como editor sênior da revista. Deus, como eu odiava aquilo. Não só a revista em si – fútil, mesmo sendo famosa em todo o distrito – mas também as pessoas, os ambientes cheios de luxo desnecessário e conversas vazias. Eu só queria me livrar desse estilo de vida, abandonar o brilho falso e mergulhar em algo mais... real. Uma vida mais simples, onde eu pudesse me dedicar às minhas paixões, aos meus hobbies. Mas enquanto o alívio por finalmente migrar para um emprego mais tranquilo começava a surgir, algo continuava queimando dentro de mim. O cheiro dela ainda estava impregnado na minha pele. Olivia. E com isso, a culpa. O que eu tinha feito? Me envolvi com uma mulher tão mais jovem, tão perto da idade do meu filho. Merda, isso me corroía. Nós não conversamos profundamente, mas era óbvio que ela e Lucas tinham quase a mesma idade. E pensar nisso só tornava tudo pior, só intensificava o incômodo que eu sentia depois que o desejo finalmente esfriou. Eu me deixei levar pela tentação, cego, como um i****a. Afundei de cabeça, e se Lucas não tivesse interrompido... eu teria continuado. Isso só me fazia sentir ainda mais repulsa por mim mesmo. — Salvatore? — A voz de Ester me tirou do transe. — Ester. — Respondi apenas por educação, m*l disfarçando a impaciência. — Vai ser assim que você se despede da sua chefe? — Ela soltou, cheia de sarcasmo, trancando a porta atrás de si com um estalo audível. — Pensei que teria um pouco mais de consideração, Dante... Aproximou-se de mim com aquele andar de quem já sabia o que queria, o rosto perto demais do meu. Me afastei, dois passos para trás, me jogando na poltrona de couro atrás da mesa. Não estava interessado no jogo de Ester. Não dessa vez. — Quer que eu agradeça pelos anos de serviço, Ester? É isso que você quer? — Minha voz saiu carregada de ironia. — Que humor, hein? O que aconteceu com você? — Ela ignorou a barreira que tentei impor e se aproximou mais uma vez, lenta, quase como uma predadora. Ela se inclinou até que seus s***s estivessem praticamente na altura do meu rosto. Eu não pude deixar de rir de canto, incrédulo com o quanto ela estava disposta a se rebaixar. Minha mão foi até sua cintura, subindo até o pescoço quente, pressionando um pouco mais firme do que o necessário antes de deslizar os dedos até a bochecha marcada de blush. Segurei seu rosto entre minhas mãos, forçando seus olhos a encontrarem os meus. — Não fica assim, Ester... nós tivemos nossos momentos, certo? — Sussurrei, a boca tão próxima dos seus lábios manchados de vermelho. — Mas sabe, agora você só vai poder aproveitar essas memórias. Porque é tudo o que vai restar de nós. Soltei seu rosto com uma brusquidão que deixava clara a repulsa que sentia. Ela recuou, surpresa. Pela primeira vez, Ester ficou sem palavras, se afastando rápido e saindo da sala sem olhar para trás. Eu não me sentia bem por ter sido tão duro, mas, com o histórico dela, eu sabia que era necessário. Mas eu estava enganado em achar que ela aceitaria aquilo facilmente. Em breve, descobriria até onde ela podia ir. Quando o final do expediente se aproximou e eu estava prestes a deixar o escritório, senti o celular vibrar no bolso. Peguei-o apressado. Era isso que eu estava esperando o dia todo. O motivo da minha ansiedade.
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