Olivia Fernandes
Senti o pânico crescer dentro de mim quando vi a foto de Lucas piscando na tela do celular de Dante. Sem pensar duas vezes, agarrei o telefone e desliguei a chamada com um movimento rápido, antes de colocar o celular no modo silencioso. Meu coração batia forte e minhas mãos estavam tremendo incontrolavelmente.
— Tudo bem? — Dante perguntou novamente, claramente preocupado com meu comportamento estranho.
— Sim, está tudo bem. — Tentei sorrir, mas o sorriso saiu forçado e sem vida.
Dante franziu o cenho, evidentemente confuso, mas decidiu não pressionar mais. Ele continuou dirigindo em silêncio, enquanto eu lutava para controlar minha respiração e meus pensamentos. Cada segundo parecia uma eternidade. Eu precisava pensar em algo, qualquer coisa, para sair daquela situação antes que tudo fosse ainda mais longe do controle.
— Sabe, meu filho mencionou uma pessoa especial recentemente, mas, como sempre, não deu detalhes. Às vezes é difícil ter uma simples conversa com ele. — Dante começou, tentando quebrar o silêncio. — Desculpe, Olivia, não quero ser esquisito falando do meu filho com você.
Seu comentário fez meu coração acelerar ainda mais. Eu precisava agir rápido antes que a situação saísse de vez do controle.
— Não precisa se desculpar, eu só estou um pouco cansada, — menti, tentando disfarçar o estranhamento com uma voz quase um sussurro. — Mas… ele deve realmente se importar com ela.
De repente, uma ideia arriscada me ocorreu. Era a única saída que conseguia pensar naquele momento.
— Dante, poderia me deixar aqui na esquina? — Pedi abruptamente. — Acho melhor para evitar boatos, vizinhos são muito fofoqueiros.
Tentei disfarçar o melhor que pude, arrumando uma mentira que soasse convincente, fingindo que morava naquele bairro longe do campus.
Dante me olhou com uma expressão surpresa, mas assentiu sem hesitar. — Claro, sem problema. — Ele virou o carro na próxima esquina e parou.
Senti um alívio momentâneo ao soltar o cinto de segurança com as mãos trêmulas e abrir a porta do carro. Mas, antes que eu pudesse sair, Dante me segurou levemente pelo pulso.
— Eu te fiz alguma coisa? — Perguntou, com um olhar de preocupação sincera em seu rosto. Eu sabia que tinha estragado tudo.
— Não, não é você, Dante… — Acariciei a mão dele de volta, sentindo os olhos se encherem de lágrimas pelo nervosismo que sentia. — Me desculpe por sair assim, acho que isso foi muito para mim, sabe… muito apressado.
Queria poder bater minha cabeça contra o banco de couro ao ouvir aquelas mentiras saírem da minha boca. Eu sabia que queria mais, e teria continuado se tivéssemos tido a oportunidade. Mas agora parecia tarde demais.
Dante me observava enquanto eu falava, claramente confuso com a repentina mudança de comportamento. Sentia que havia algo mais, algo que eu não estava contando, mas decidiu deixar pra lá naquele momento.
— Me perdoe, bella… acho que as coisas saíram do controle. — Ele exibiu um olhar preocupado. — Se quiser me ver de novo, o que eu gostaria muito apesar do nosso acordo, me ligue. — Ele me entregou um cartão com seu nome. Dante Salvatore.
Agora tudo parecia ainda mais real. Segurei o cartão na mão, sentindo o peso da situação. Sem saber mais o que dizer ou fazer, apenas me despedi dele com um longo e intenso beijo, antecipando a falta que sentiria do toque daquele homem que até então era um estranho em minha vida.
Um estranho agora ainda mais próximo do que eu podia imaginar.
Ao sair do carro e percorrer aquela esquina vazia, em busca de um lugar seguro para pedir um carro e voltar para o campus, considerei me deixar levar e afundar ainda mais naquela confusão. Mas, contrariando meus pensamentos, assim que virei a esquina, peguei meu celular e liguei imediatamente para Lucas. Ele atendeu na primeira chamada.
— Olivia, você está bem? Eu estava te ligando para contar o que aconteceu, já que você sumiu. — Lucas começou, mas eu o interrompi.
— Lucas, eu estou muito cansada agora. — Disse, tentando manter a voz firme. — Podemos nos falar amanhã? Eu preciso descansar.
Não sabia mais como continuar com essas mentiras, especialmente com ele. Não era fácil, já que ele me conhecia muito bem.
— Claro. — Lucas respondeu, percebendo a exaustão na minha voz. — Me encontre na biblioteca amanhã, temos muito para conversar. Durma bem, Liv.
Eu sequer respondi, apenas guardei o celular contra o peito, desejando que, no dia seguinte, acordasse desse pesadelo.
Mas, em uma contradição agridoce, isso significaria esquecer de Dante.
Teria que tomar uma decisão.