Capítulo 39: Bônus Chloe

1448 Words
Entro em meu quarto batendo a porta com força. Argh! Que ódio! Porque minha mãe muitas vezes tem que me julgar por tudo de r**m que acontece com a minha irmã? Somos iguais, nascemos no mesmo dia, mas parece que dona Penelope só tem a Clara como filha e a famosa perfeita. Sempre foi assim, agora parando para pensar. Desde que sempre me defendia, ou até mesmo me divertia, a Clara estava enfurnada nos livros, mas nunca fui de deixar os estudos de lado, até porque sempre fui estudiosa como a minha irmã, mas nunca deixei de viver ao contrário dela, mas cada um é diferente na personalidade. Talvez eu seja até egoísta em pensar assim, mas agora vejo que talvez minha irmã se escondia atrás dos livros por causa do que vivia. Se eu soubesse um terço do que Clara me escondeu esses anos todos, com certeza, ela não chegaria ao extremo que a levou a se jogar naquele rio aquela noite. Por mais que minha mãe e até mesmo meus pais fossem amorosos um com o outro e com nós duas, em alguns momentos me sentia uma intrusa com a minha mãe que em várias vezes, me fazia questionar se era pelo meu jeito livre de ser, ou por não poder mais ter filhos depois que teve Clara, onde o útero não se contraiu causando uma hemorragia precisando uma histerectomia a tornando infértil. Mas que culpa eu tenho? Porque somente eu tenho que pagar por isso? Não tenho que levar uma culpa que seria destinada a nós duas e não somente a mim. Já meu pai, nossa, o senhor Karl sempre deu seu amor e atenção igualmente. Até mesmo quando Clara foi dada como morta, meu pai me amparou e me deu o colo que procurava. Não encontrei isso da minha mãe que, por ela, eu sim, era mais uma vez a culpada por algo que ela perdeu. Fiquei orgulhosa da minha irmã por ter tal atitude em não me interromper nos meus planos e ainda se juntar a todos nós para fazer Pedro e sua corja pagar. Mas, o que minha mãe falou, quer dizer, falou não, cuspiu na minha cara que eu era a responsável por uma decisão exclusivamente da minha irmã, fica martelando na minha mente, indo e vindo e dói pra c*****o! Claro que minha mãe nunca foi de todo m*l comigo, mas o que me leva a certeza de que Clara sempre foi a sua preferida, fora depois do seu desaparecimento, ela me olhar diferente. De início, parecia com raiva. Talvez por ela ter supostamente morrido e eu não. Depois, começou a me tratar de forma mais doce do que o normal e muitas vezes, até mesmo me chamava de Clara parecendo realmente, que eu Chloe quem havia morrido naquela noite. E lógico, eu fazia-me de louca e com isso, atendia aos seus caprichos e desejos, só que isso me deixava m*l. No fundo eu sabia que não era a negação ao luto e agora, depois do que ela jogou na minha cara, só constatou o óbvio. Mas não fico triste e jamais ficaria com a minha irmã ou meu pai. Até mesmo minha mãe não ficarei, só não estou preparada no momento em ficar de boa com ela. Sinto meu celular vibrar enquanto me deito na cama chorando e abraçando minhas pernas em posição fetal. Não queria falar com ninguém. Não queria ver ninguém na verdade. Só que não sou de entregar os pontos e não irei. Enxugando meu rosto com uma das mãos, pego meu celular com a outra e assim que vejo seu nome brilhar na tela, sorrio. Sinto uma paz tão grande que nem espero vibrar mais e já atendo. - Alô! – Minha voz chorosa me denuncia. - Meu amor. Não sabia que estava com saudades ao ponto de chorar ao telefone. – Sorrio ao ouvir sua palhaçada. Breno tem esse poder sobre mim. Ele parece sentir que não estou bem e isso é muito gostoso da sua parte. Me deixa à vontade para passar horas conversando com ele. Meu coração transborda de uma felicidade sem tamanho por meu namorado ser assim. Um pouco mais calma, fungo e suspiro sentindo um certo alívio em meu coração. Parece um tanto contraditório minha mudança de humor, mas quando estou com Breno é sempre assim. Se estou no inferno, vou ao céu em segundos. Percebendo meu silêncio, Breno se preocupa e logo me enche de perguntas. Acho fofo demais! - Amor, o que houve? Me conta minha linda quem te deixou assim. Não gosto de te ver desse jeito e eu estava brincando ao dizer isso. Amor? Amor? - Calma meu lindo. Só estava me preparando para falar porque estou assim. E sim, estou com muitas saudades, mas não estou chorando por isso. – Ouço sua respiração soltar em alívio. - Meu amor, você me assustou. Mas afinal, o que aconteceu minha linda? – Insiste. Respiro fundo e conto tudo à ele. Breno quem me mostrou o que por anos me negava a enxergar a preferência da minha mãe com Clara. A culpa que eu já carregava por vê-la se jogar naquele rio e não conseguir fazer nada e por essa mesma culpa, me manter em silêncio por ela e meu sobrinho. Primeiro, por não sabermos quando e se ela acordaria do coma. Segundo, por um pedido da minha própria irmã. Não podia negar isso à ela. Clara sabe bem que tanto nossa mãe quanto Claire, não só não concordariam com o plano, como fariam de tudo para fazer minha irmã me convencer o contrário. Fora que são fofoqueiras demais e poderiam pôr tudo a perder. Para não fazer justiça por minha irmã e agora com o que ela levantou de suspeita que aquele trio do m*l podem ter feito algo no passado também, será feito por elas da mesma forma. Sei que deveria ter feito isso antes, investigar o passado desses três, mas me prendi a fazer justiça pela minha irmã, vendo a tristeza em meus pais e amigos. Minha gana em querer tanto mudar o status da minha família, que nem me foquei nessa parte. Como sempre, Breno me escuta com atenção ouvindo-me desabafar tudo o que aconteceu e assim que termino, já estou chorando novamente. Nunca me senti tão m*l por minha mãe me tratar assim e sempre pensando o pior da minha pessoa. - Amor, me escuta. Você sabe que não fez nada de errado. Não deixa essas palavras que a sua mãe disse te influenciarem. Talvez, ela tenha dito tudo isso por estar com raiva e nem percebeu. Não leve para o coração que às vezes, na hora da raiva, ela acabou extrapolando. – Ele tenta me tranquilizar. Sorrio fraco, e assinto para não acabar entrando em paranoia. Pode ser isso mesmo, mas nada me tira da cabeça por tudo o que aconteceu antes, que a minha mãe não me ama assim como diz para todos que sente de forma igual com as filhas. Ela extrapolou sim, mas fez por maldade mesmo. Eu vi isso no seu olhar. E quando Clara disse que a ideia era dela, dona Penelope nem uma desculpa foi capaz de manifestar. - Tudo bem amor. Você está certo. “Toc, toc, toc” - Filha, eu posso entrar? – Meu pai diz do outro lado da porta. - Um segundo pai. – Respiro fundo. – Amor, vou desligar. Mais tarde nos falamos. Meu pai quer falar comigo. - Tudo bem minha linda. Saiba que te amo e estou aqui sempre para e por você. Sorrio com isso. É tão bom sermos amados e ter a graça de uma pessoa estar ali por você. Me emociono e após pigarrear, respondo. - Eu sei amor e também te amo. – Ouço seu riso ao me declarar. Nos despedimos e coloco meu celular na mesinha de cabeceira e peço que meu pai entre. - Pode entrar pai. Quando a porta se abre, ali está ele. Meu herói, meu pai a quem tanto amo. Sorrio com os olhos marejados vendo meu pai num jeito desengonçado se aproximar. - Filha... - Pai. Abrindo os braços, dou um pulo da minha cama e corro em sua direção. Ali, me senti aquecida, acolhida e amada. Foi naquele abraço que desabei. Sua mão deslizando por meu cabelo, me acalenta. - Shiii minha pequena. Chora minha filha, chora tudo o que está doendo aí dentro. Por mais que eu estivesse triste e ferida com aquelas palavras, estava feliz. Feliz por meu pai estar ali ao meu lado. Continua... Agora vocês entendem um pouco porque Penélope não gosta tanto da Chloe. Mas será que seja só por isso mesmo?
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