_Cheguei! - diz Aurélio entrando sem ser convidado - Não me chamaram mais eu vim mesmo assim.
_Você é como um chiclete Aurélio, quanto mais a gente tenta tirar mais gruda.
_Vou tomar isso como um elogio - diz colocando uma pequena caixa em cima da mesa.
_O que é isso?
_Torta de chocolate - diz com um sorriso, ele sabia que era a preferida dela.
_Você me conhece bem.
_Mais do que certas pessoas - diz mais alto.
_Aurelio!
_Esta bem - diz erguendo as mãos - Estamos em trégua.- então seus olhos se movem para a mulher sentada no sofá observando a conversa.
_Vem, deixe-me te apresentar a Alícia - diz Síria o puxando.
_Alicia esse é o Aurélio ou Don Aurélio, mas a gente nunca o chama assim.
_Prazer Alícia - diz Aurélio dando um beijo em sua mão - Que tal você preencher o vazio do meu coração? - diz dando uma piscadinha pra ela.
_Fica longe dela Aurélio! - diz Nico o ameaçando com uma espátula.
_Qual é? Por que vocês ficaram com todas as mulheres bonitas - diz se jogando no sofá.
_Você que é muito lento - diz Nico.
_Mas eu não tô namorando ninguém - diz Alícia que no meio da discussão havia sido esquecida.
_Então, quer sair comigo?
_Eu já disse que não. - grita Nico.
_Quem é o lento agora Nico - diz Aurélio rindo dele.
_Eu vou arrancar seu pescoço se chegar perto dela!
_Está bem, hoje eu quero paz - diz ele indo até os outros.
De longe Síria via Klaus tentando segurar o riso, parando para olhar ela percebeu que a cena diante de seus olhos era acolhedora, era como uma família deveria ser, unidos, apesar de suas diferenças, após terminar de cozinhar Síria e Alícia arrumam a mesa e eles se sentam para comer.
_Você já havia usado essa cozinha antes? - pergunta Nico se servindo de uma porção de arroz.
_Não, na verdade nunca nem dormi aqui - eles param e a olham surpresos.
_Por que?
_Nunca senti necessidade, sempre estive na casa do Ricardo - diz dando de ombros.
_Então por que comprou a casa? - pergunta Aurélio.
_Eu pensei que o dia que Ricardo encontra-se sua cara metade ele gostaria de um pouco de privacidade, então achei que seria uma boa ideia comprar a casa - ela sabia que um dia isso aconteceria, Ricardo vivia recebendo propostas, mas ele se recusava a entrar em um casamento de interesses, então aguardava de forma paciente o dia em que encontraria aquela aquém ele entregaria seu coração.
_Faz sentido - diz Nico.
Neste momento o telefone de Aurélio toca e ele atende.
_Alô! - todos observam sua expressão escurecer e seus olhos brilharem de ódio - MAS QUE p***a! EU VOU CAÇAR ESSE DESGRAÇADO! - ele desliga o telefone e Síria percebe sua mão tremendo.
_O que ouve? - pergunta Síria preocupada.
_Problemas com Emílio, eu vou matar esse desgraçado, desta vez ele não me escapa - sua expressão era sombria e em seus olhos havia uma promessa de uma morte lenta e dolorosa para Emílio.
_Eu preciso ir, quando terminar eu volto - diz ele se despedindo, Síria se levanta e lhe dá um abraço.
_Tome cuidado, e se precisar de ajuda e só ligar que eu estarei lá em um estralar de dedos.
_Obrigada pequena - sem mais esperar ele se vira e vai embora, Síria encara a comida em seu prato com tristeza, pois ele nem havia comido antes de sair.
Eles terminaram de jantar em silêncio, e como esperado a comida de Nico estava maravilhosa, comeram a torta que Aurélio havia trazido e ainda conversaram um pouco na sala.
_Eu vou indo - diz Alícia depois de algum tempo.
_Eu te levo - responde Nico se levantando - Boa noite pra vocês, e mantenha suas mãos longe da minha irmã - completa fuzilando Klaus com o olhar.
_Nunca faria nada que ela não quisesse - responde Klaus.
_Esse é o problema.
_Nico!
_Ta bom - diz se desculpando - Vamos Alícia.
_Tchau Sí, foi um prazer te conhecer Klaus - diz ela sorrindo.
_Igualmente.
Quando eles saem Síria tira os sapatos e se deita com a cabeça no colo de Klaus.
_Eu reparei que você sempre faz isso com Xavier - diz ele fazendo carinho na cabeça de Síria, isso sempre o havia incomodado, mas até então não achava que devia interferir em sua relação com outras pessoas, ele vê ela suspirar e imagina que devia haver alguma história por trás disso.
_Lembra que havia te dito que meu marido morreu?
_Sim, me lembro.
_Meu filho também morreu junto com ele - Klaus sentiu como se seu coração tivesse parado de tão grande que foi o choque, ele olhava para ela imaginando o quanto ela deveria ter sofrido com tudo isso.
_Eu sinto muito.
_Está tudo bem, hoje já estou mais acostumada, mas ainda sinto muita saudades - ela se vira e olha para ele - Ele era a criança mais doce do mundo, ainda me lembro que eu amava ficar segurando suas mãozinhas, aqueles dedos gordinhos - Klaus vê um sorriso triste se formar em seu rosto.
_Como ele morreu? - Klaus sabia que devia ser doloroso para ela se lembrar disso, mas era importante falar, ele queria que ela tirasse o peso que havia em seu coração.
_Os dois foram assassinados. - não era preciso ir muito Lange para saber o que havia acontecido, ela trabalhava com gente perigosa, uma hora a conta chegava, agora Klaus começou a entender sua relutância em aceitar a namorar com ele, ela temia que ele tivesse o mesmo destino que a sua antiga família.
_Foi por isso que você não queria ficar comigo? - Síria olha para Klaus com ternura, sua mão se ergue para acariciar seu rosto.
_Sim, você é importante para mim, e nunca me perdoaria se algo acontecesse com você - ele fecha os olhos e suspira, pega sua mão e leva aos lábios dando um beijo na palma.
_Você não vai me perder, agora eu pertenço a você Síria.