Capítulo 68

1003 Words
_Quando voltarmos eu vou cozinhar para você. _Eu vou gostar disso. A tranquilidade do jantar era nostálgica, e no silêncio da noite apenas o som das ondas se quebrando na praia era ouvido. Assim como Síria, Klaus se perdia em pensamento, especificamente sobre ela, ele sabia que ela carregava em seu peito uma dor enorme e apesar de sempre demonstrar ser forte, ela era frágil como qualquer outra mulher. Depois do jantar Klaus puxa Síria para se deitar na rede na varanda, ela se aconchega em seu peito enquanto a mão dele fazia carinho em suas costas. _Posso perguntar em que pensava hoje enquanto fazia o jantar? - a voz de Klaus era calma deixando claro que ela poderia escolher respondê-lo ou não. Ouvindo a pergunta de Klaus, Síria sabia que precisava respondê-la, se ele realmente queria ter algo sério com ela, era necessário que ele conhecesse toda a sua história, não lhe agradava relembrar seu passado, mas seria necessário se ela quisesse deixá-lo para trás. _Quando te vi cozinhando pensei em como é bom ter uma família, isso me trouxe antigas memórias. _Não precisa me dizer nada se isso trás lembranças ruins - ele sabia que o passado de Síria não era bonito e por isso ela relutava tanto em falar dele. Síria levanta a cabeça do seu peito para olhar nos seus olhos, ele não estava curioso, sua expressão estava serena, ela via apenas compreensão, e isso lhe deu forças para contar sua história. _Você já sabe como eu entrei para Fênix, então vou te dizer o que aconteceu depois disso - com um suspiro ela se prepara para abrir seu coração permitindo que memórias antigas voltassem a superfície - Na época estávamos investigando uma organização que estava envolvido com exploração infantil, um dia descobrimos seu esconderijo e fizemos um ataque, conseguimos resgatar quase cinquenta crianças, tudo de seis anos para baixo - Síria sente o corpo de Klaus tensionar, ela também não gostava de recordar aquelas lembranças - O ataque foi bem sucedido e acabei matando o homem responsável por aquela atrocidade. Klaus esperou em silêncio ele sabia que havia mais coisa nessa história. _Após alguns dias eu recebo uma ligação, Charles estava comigo no momento, haviam sequestrado meu marido e meu filho, o homem que havia feito isso queria vingar o cara que eu tinha matado, era seu irmão.Eu saí desesperada até o endereço que ele me deu, Charles foi comigo e avisou os outros, quando cheguei meu marido estava amarrado de joelhos e do seu lado estava meu filho - Síria para de falar sua garganta apertada, um nó se formando ela se senta se afastando um pouco de Klaus - Me lembro que meu filho estava amarrado e suas mãozinhas seguravam com força a camisa do pai - lágrimas começavam a rolar lentamente pelo rosto de Síria sua voz embargando - Ele tentou vir até mim quando me viu, mas suas perninhas também estavam amarradas. _Não precisa me dizer mais nada - diz Klaus a abraçando, ele sabia o quanto aquilo estava sendo doloroso para ela, e ele não queria ver ela sofrer. _Eu preciso, quero que você entenda porque não quis me envolver com você. - Síria enxuga o rosto e se prepara para continuar. _Meu marido não sabia o que eu fazia, nossa vida era difícil, mesmo que nós dois trabalhassemos, então ele ficou muito feliz quando eu disse que havia arrumado um emprego melhor, em pouco tempo a nossa vida mudou, não tínhamos mais contas, nem precisavamos regrar o que compramos no mercado, estávamos em uma casa melhor, meu filho em uma boa escolinha, tudo parecia bem. Até aquele dia, me lembro da cara de espanto dele quando Sauron disse o que eu fazia, mas eu não tive a oportunidade de explicar deram um tiro em sua cabeça na minha frente, lembro do susto que meu filho levou, das lágrimas descendo por seu rosto, ele me olhava chorando e tudo que eu queria era correr até ele e apertar seu pequeno corpinho contra o meu peito, eu implorei de joelhos para deixarem ele ir, e minha resposta foi um tiro na testa do meu pequeno - Síria puxa o ar com dificuldade seu corpo inteiro tremendo nos braços de Klaus - Depois disso, eu não vi mais nada eu só via Sauron na minha frente, quando o alcancei abri seu peito com a minha adaga e arranquei seu coração com as minhas próprias mãos, mas mesmo o matando a dor que eu sentia não foi embora, eu abraçava o corpo do meu filho como se eu pudesse trazer ele de volta, não sei em que momento eu desmaiei, mas quando acordei fizemos um enterro rápido, tinha pessoas que estavam atrás de mim e concordamos que eu deveria sumir, uma semana depois eu estava na Itália me recuperando, fiz algumas cirurgias para modificar o meu rosto, e depois de um tempo retornei com outro nome. Klaus tremia, ele não sabia o que falar, nunca havia pensado que ela teria passado por algo tão terrível em sua vida. Ele sempre soube que ela escondia algo dele, mas nunca pensou que pudesse ser uma informação tão forte. Quem em sã consciência matava uma criança na frente da mãe? Essa pergunta não saia da cabeça de Klaus, olhando seu rosto banhado de lágrimas ele fazia ideia de quanta dor ela sentiu ao longo dos anos, e não era só a dor, pela forma com que Síria falava, Klaus sabia que ela se culpava por tudo o que ouve com sua família, ela estava quebrada, e agora ele entendia bem o por que dela o rejeitar, ela temia que acontecesse com ele o mesmo que ouve com sua outra família, não era que ela na época não se interessasse por ele, ela temia o perder, assim como havia perdido seu marido e filho. _Síria não é seu nome verdadeiro? - Klaus não esconde a surpresa em seu rosto, ele nunca havia imaginado que ela usava um nome falso. _Não.
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