Fique longe de mim!

1769 Words
Sarah Ele segura o meu queixo, erguendo-o suavemente como se tentasse me fazer olhar nos olhos dele, forçando-me a enfrentar a realidade que eu tanto quero evitar. — Eu preciso de você... eu te amo — a voz dele sai rouca, carregada de uma intensidade que me atinge como um golpe direto no coração. Os seus olhos, intensos e vivos, estão fixos nos meus. O som daquela palavra — amor — reverbera dentro de mim, criando um turbilhão de emoções que luto para controlar. O meu corpo reage a ele de uma forma que não consigo evitar. Por que ele tem que ter essa barba tão sexy? É uma distração maldita. A textura dela contra a minha pele sempre me deixava arrepiada. E aquele cheiro? Deus! O cheiro dele é exatamente como eu me lembrava. Ele usa a mesma colônia, o mesmo perfume que me fazia querer me perder nele. Meus pensamentos fogem do meu controle. "Ele é tão perturbador, tão perturbador! Amor? Ele disse amor?" A raiva começa a borbulhar dentro de mim, misturada com um ressentimento profundo. "Ama nada! Se me amasse, teria me procurado. Teria ligado para mim. Não teria saído com um monte de mulheres." As lembranças dessas mulheres, dessas noites que ele passou longe de mim, corroem as minhas entranhas, e eu sinto uma pontada no peito. d***a! Eu não deveria ter voltado. Agora terei novas lembranças para me martirizar, para me assombrar nas noites solitárias que estão por vir. Eu fecho os olhos, na tentativa de bloquear a visão do desejo que vejo refletido nos olhos dele, da forma como ele me olha, como se quisesse devorar cada parte de mim. Sua boca... aquela boca sexy... Eu queria poder esquecê-la. — Para quê? — murmuro para mim mesma, mas imediatamente sinto os lábios dele sobre os meus, forçando a minha boca a se abrir, buscando respostas, exigindo uma conexão que eu tento negar. Seu corpo se cola ao meu, como se fôssemos um só, e sinto a força dos músculos dele contra o meu corpo frágil. Ele sempre foi a imagem da perfeição para mim, algo que eu tanto conhecia e, ao mesmo tempo, algo que perdi. Ele me puxa com tanta força contra o seu peito que meu corpo se inclina para trás, perdendo o equilíbrio por um breve segundo. Sua boca... Oh, a maneira como ele me beija, com uma fome selvagem que faz meu corpo se submeter, as chamas do prazer queimar de novo dentro de mim, despertadas por um simples beijo. Um beijo que, por si só, é delicioso e cheio de promessas não ditas. Eu o amo. Sim, isso é uma verdade inegável. Sempre o amei. Abdiquei de tudo, da minha vida, da minha cidade, para estudar, para tentar ser melhor, mas jamais pensei em deixá-lo. Eu esperava que ele compreendesse, que sentisse tristeza, talvez, mas compreensão. Eu não esperava o que ele fez! E o pior de tudo é que ele saiu com outras mulheres. O pensamento disso acende uma chama de raiva dentro de mim, uma chama que arde mais forte do que o desejo. Empurro-o, mas é inútil, como tentar mover uma montanha. Então mordo os seus lábios. — Deus! — Ele exclama, recuando, e vejo o sangue escorrer de sua boca. Ele me olha com uma mistura de surpresa e dor. — Nunca mais me toque, está ouvindo? — Minha voz sai forte, mas por dentro estou tremendo. Eu não queria que isso chegasse a esse ponto. Pedro, sempre tão preparado, retira um lenço do bolso e pressiona contra a boca. Seu olhar escurece, e por um breve momento eu vejo um lampejo de algo que parece... arrependimento? Ou talvez seja apenas dor. — O que está pegando? Fala na minha cara! Eu quero saber! — Sua voz é afiada agora, a raiva fervendo dentro dele. — Foi o fato de eu ter sido grosso com você? Por ter explodido quando você disse que ia ficar quatro anos longe de mim? Ou é o fato de eu ter saído com algumas mulheres? A pergunta é um soco. Eu não consigo respirar por um momento, mas ele continua. — E se fosse o contrário? Você gostaria? — Ele avança para mais perto, e eu sinto o calor de seu corpo. — Você me bloqueou, se manteve distante de mim! — Ele continua, e sua voz sobe. — E eu sou homem, p***a! Tenho minhas necessidades! — Machista isso sim! — Eu o interrompo, a raiva tomando conta de mim agora. — Eu tenho as minhas também. Ou você acha que a mulher não tem? Que só sente desejo quando está com você? Ele me olha com uma mistura de choque e incredulidade. — O que você quer dizer com isso? Minha respiração está pesada, e as palavras saem antes que eu possa me impedir. — Que eu saí com alguns caras também. —Não, você não é assim. Eu te conheço Sarah. Você só sairia com alguém se envolvesse sentimento. Eu sorrio e ergo as sobrancelhas. —Então... Pedro ofega. —Pois eu não acredito! E cadê esse cara? —Chega de conversa! Eu não tenho que te dar satisfação de nada. E fica longe de mim! Pedro Sinto por ela é uma tempestade interna, um redemoinho que me arrasta para baixo, sugando todas as esperanças que ainda restam. Cada lembrança é um fio cortante que me puxa de volta ao momento em que ela decidiu partir. Eu me pergunto se ela alguma vez se importou o suficiente para lutar por nós, assim como eu não lutei. E essa dúvida é um veneno que me corrói por dentro. Com um gesto abrupto, decido que não posso mais ficar parado. Preciso agir, preciso encontrar uma maneira de consertar o que quebrei. — Sarah! — grito, fazendo com que algumas pessoas se voltem para olhar. A voz é mais alta do que eu pretendia, mas o impulso de alcançá-la é irresistível. Ela se vira lentamente, e por um momento, nossos olhares se encontram. O mundo ao nosso redor parece desaparecer, deixando apenas nós dois. Mas logo a expressão dela se fecha, e a barreira que nos separa parece mais forte do que nunca. — O que você quer, Pedro? — Ela pergunta, a voz firme, mas eu posso sentir a dor escondida sob a superfície. — Precisamos conversar — digo, tentando conter a urgência que emana de mim. Ela balança a cabeça, quase em desespero. — Conversar? Sobre o que? Sobre como você decidiu seguir em frente sem mim? — Ela cruza os braços, como se estivesse se protegendo. Sinto que a minha garganta secar. O que eu posso dizer para mudar a opinião dela? O que eu posso fazer para que ela veja que, apesar de todos os erros que cometi, ainda a amo profundamente? — Não foi assim — tento argumentar. — Eu estava perdido, Sarah. Perdi você e não soube como lidar com isso. Ela dá um passo para trás, como se as minhas palavras a empurrassem. — E agora, o que mudou? Você não é o único que sofreu, Pedro. Você não é o único que se perdeu. — Seu olhar é um misto de raiva e tristeza, e isso me corta mais do que qualquer coisa. — Eu sei que não. E é exatamente por isso que estou aqui — falo, desesperado para que ela entenda. — Eu não quero que isso acabe. Eu sei que cometi erros, mas não posso viver sem você. — E como eu posso acreditar nisso? Como eu posso confiar em você novamente, depois de tudo o que aconteceu? — A vulnerabilidade na sua voz faz o meu coração doer. — Eu prometo que vou mudar. Vou lutar por nós, por tudo o que temos. Não posso deixar você ir, Sarah. Não posso! — Cada palavra sai como um grito de desespero. Ela parece hesitar, e por um momento, eu posso ver uma fração de esperança em seus olhos. Mas, como um feitiço quebrado, ela rapidamente se recobra e o olhar de determinação retorna. — Eu não sei, Pedro. Você precisa entender que não é tão simples assim. Eu também tenho que me proteger. A sensação de impotência me invade, e eu quase me sinto como se estivesse afundando. — Então, me dê uma chance. Uma única chance para provar que posso ser o homem que você merece. — E se eu não quiser mais? — Sua pergunta é um soco no estômago, e eu a ouço, mas não consigo aceitar a ideia de que ela pode estar certa. — Não faça isso comigo, por favor. Você é tudo o que eu tenho. — Pedro, não é justo para você nem para mim. — O desespero em seu olhar é igual ao meu. Nós dois ficamos em silêncio, absorvendo o peso da situação. Cada segundo parece uma eternidade, enquanto a verdade se instala entre nós como um abismo que pode nunca ser atravessado. — Você sabe que eu te amo, não sabe? — Pergunto, minha voz suave. Ela hesita, e por um momento, o silêncio entre nós é palpável. É como se o tempo tivesse parado, e tudo o que existe são nós dois, parados no meio de uma tempestade emocional. — Eu amo você, mas isso não é suficiente — ela finalmente responde, e a dor nas suas palavras me atinge como uma flecha. Eu não posso deixá-la ir assim. Eu não posso. — Sarah... — começo, mas as palavras falham em sair. O desespero me envolve, e sinto que o chão está desmoronando sob meus pés. A única coisa que sei é que não posso perder a chance de lutar por ela. Então, aproximo-me, tentando alcançar a conexão que sempre tivemos. — Por favor, não me deixe — imploro, e, por um momento, os nossos olhos se encontram de novo. Eu vejo a luta dentro dela, o conflito que a mantém presa entre a dor e o amor que ainda existe entre nós. Essa luta é tudo o que preciso para saber que ainda há esperança. — Eu... — ela começa, mas a voz dela se quebra, e o olhar se desvia. Eu me afasto um pouco, dando a ela espaço, mas meu coração está gritando por dentro. Cada batida é um lembrete do que podemos ter, do que já tivemos. E, acima de tudo, do que ainda podemos conquistar, se apenas pudermos encontrar o caminho de volta um para o outro então dou um ultimato. —Se sair agora da minha vida, nunca mais entrará novamente nela. Eu vou te arrancar do meu coração.
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