No estacionamento, passo os olhos pelos carros à procura da minha BMW. A lua alta no céu ilumina o asfalto de uma forma quase mágica, e por um breve momento, esqueço onde estou. O brilho suave das estrelas me faz suspirar enquanto me vem à cabeça uma imagem que tenho evitado há tempos: nós dois, Pedro e eu, nos beijando sob o luar em algum canto esquecido da fazenda. A luz prateada da lua banhando nossas peles, enquanto ao longe, imagino meu pai furioso com a minha demora para o jantar.
As refeições, na nossa casa, são sagradas. Meu pai exige que todos estejam à mesa, sem exceção. Isso sempre foi motivo de tensão entre Pedro e ele. Nunca houve um convite para que Pedro jantasse conosco, por mais de dois anos de relacionamento. Era como se meu pai sempre tivesse duvidado do nosso futuro juntos, como se ele soubesse que aquilo não duraria. Talvez ele nunca tenha realmente acreditado que Pedro fosse o homem certo para mim. Ou, quem sabe, era apenas ciúmes. Mas essa resistência sempre fez Pedro pensar que meu pai estava manipulando minhas decisões, principalmente a de me mudar para São Paulo.
"Seu pai fez a sua cabeça para você ir embora", ele costumava dizer, com uma amargura no olhar que me partia o coração. Pedro acreditava piamente nisso, mas a verdade é que meu pai apenas incentivou. A ideia de estudar enfermagem em São Paulo já rondava a minha mente há tempos. Eu precisava sair daqui, respirar novos ares, conhecer a cidade grande, explorar as minhas possibilidades. Abrir meus horizontes e, principalmente, provar para mim mesma que eu era capaz de ser mais do que a garota da fazenda.
Aqui, tudo é isolado. Na fazenda, meu pai mantém um pequeno posto médico para atender os funcionários. Ele fez isso pensando nas emergências, já que qualquer acidente pode ser fatal dada a distância de qualquer hospital. Meu sonho sempre foi trabalhar nessa clínica, fazer a diferença. Eu quero ser útil, ser algo além de uma mulher rica que vive da fortuna do pai ou do marido. Quero conquistar o meu espaço, ganhar meu próprio dinheiro, ser independente.
Não quero viver de mesada para sempre, muito menos depender de um homem para tudo.
Pedro
Algo me diz que aquele cara não era o namorado dela. A forma como eles interagiam... Não parecia ser algo íntimo, não do jeito que Sarah e eu éramos. Mas e se for? Quem é ele, então? Será que ela conheceu alguém em São Paulo? Duvido. Isso não parece com ela. Não, aquilo era uma armação. Tem que ser algum parente dela, talvez um primo.
Esses pensamentos se repetem em minha cabeça, martelando enquanto eu aguardo dentro do carro. Estou estacionado do outro lado da rua, observando a saída da festa. Sarah nunca foi de ficar até o fim dos eventos. É questão de tempo até ela aparecer, e quando isso acontecer, vou falar com ela. Eu preciso falar com ela.
E não demora muito.
A porta da frente se abre, e lá está ela, deslizando pelo caminho como se estivesse flutuando. Meu coração dá um salto. Eu quase perco o fôlego ao vê-la. Meu corpo reage de imediato – as pernas fraquejam, meu peito aperta de ansiedade. Ela está sozinha, sem o cara que vi antes. Um sorriso involuntário se forma nos meus lábios. Bingo! Ele só pode ser algum parente.
Respiro fundo, e uma onda de esperança percorre meu corpo. Preciso me recompor antes de me aproximar dela, mas é difícil. Sarah caminha distraída, olhando para o céu estrelado, e o jeito como a luz da lua ilumina seus cabelos me faz lembrar de todas as noites que passamos juntos sob aquele mesmo céu. Ela está usando um vestido branco com desenhos pretos abstratos, o tecido moldando suas curvas de uma forma que me faz engolir em seco. O brilho da lua torna seus cabelos ainda mais reluzentes, como se cada fio fosse banhado por um manto prateado. Ela é a coisa mais linda que já vi, e mesmo assim, uma dor terrível se mistura ao desejo dentro de mim.
Forço minhas pernas a se moverem. Minhas mãos suam, mas a decisão está tomada. Ela precisa me ouvir. Me aproximo lentamente até que estou ao lado dela, e sem conseguir controlar a minha ansiedade, chamo por seu nome.
— Sarah.
Ela dá um pequeno sobressalto, seus olhos arregalados, e por um instante vejo o medo e a surpresa no seu rosto.
— Deus, Pedro? — ela diz, o nome saindo com incredulidade.
— Precisamos conversar — insisto, a minha voz saindo mais desesperada do que pretendia. Vejo-a levar as mãos aos ouvidos, como se quisesse me bloquear. O gesto me irrita de uma forma profunda.
— Não, Pedro! Não quero ouvir nada de você. Você é o tipo de homem de quem devo manter distância — ela rebate, sua voz carregada de mágoa. Ela dá alguns passos para se afastar, mas antes que consiga se afastar muito, estendo a mão e a seguro pelo braço, puxando-a contra o meu corpo. O contato imediato faz com que uma onda de prazer percorra o meu corpo. Tê-la assim, tão perto novamente, é quase insuportável de tão bom.
— Eu entendo que você esteja com raiva pelo que eu disse naquele dia — começo, tentando justificar-me, mesmo sabendo que as palavras soam vazias agora —, mas eu já te pedi desculpas! O que mais eu posso fazer para consertar as coisas entre nós?
Ela me olha com um semblante de dor misturado à raiva, e a sua resposta atinge-me como um t**a.
— Você acha mesmo que tudo se resume àquele dia? — ela questiona, dando-me as costas e começando a andar de novo.
Eu não deixo que vá. Puxo-a de volta para mim, mais forte desta vez, quase esmagando o seu corpo contra o meu. Uma sensação quase divina me invade, um calor intenso que toma conta de mim. Cada célula do meu corpo reage à proximidade de Sarah. O meu corpo a quer, desesperadamente. Cada músculo, cada nervo.
— Eu tentei seguir em frente, eu juro — confesso, minha voz um sussurro. — Tentei viver a minha vida sem olhar para trás, mas falhei. Não consigo. Eu... sinto muito a sua falta, Sarah.
Ela encara-me, os olhos ainda frios, o seu rosto um enigma que não consigo decifrar.
—Oh, que dózinha dele. Você pensa que sou i****a? E a garota que estava com você?
Eu ofego, fico com raiva do seu deboche.
—Eu a conheci hoje, ela que é muito atirada.
Ela me olha com ira nos olhos.
—Mentira! Você está pensando que sou tonta? Você não conseguiu segurar seu p***o entre as pernas. Na primeira oportunidade você foi viver sua vida.
— Eu não tenho sido muito eu ultimamente. As coisas não estão muito boas para mim. Meu pai...
—Isso não justifica!
—Sarah, eu saí com algumas mulheres sim, mas foi apenas s**o.
Ela dá um riso nervoso.
— E você fala para mim assim, na maior? Ah, vai se catar.
Ela tenta se afastar se desvencilhando da minha mão que ainda segura seu braço, mas eu a puxo mais para mim. Bem perto. Sinto imediatamente meu m****o inchando de t***o. Ele fica duro como uma pedra. Só ela me deixa assim.
—Odeio sentir tanto a sua falta, mas sinto. — Digo ofegante, focando seus lábios cereja.
—Solte-me Pedro. —Ela diz se debatendo.