Capítulo 2 - Provocar

1925 Words
[...] Eliza chegou atrasada a Burlesque. O local já estava um praticamente cheio. Passou rapidamente pelo corredor em direção ao camarim, quando encontrou Rinna, que era uma espécie de gerente daquele lugar. Ex-dançarina, praticamente inaugurou o local, dezenove anos atrás. – Que demora Liza! - A loira de  olhos azul-esverdeados lhe deu uma bronca. – Desculpa, perdi a hora. - Justificou-se envergonhada. – Tudo bem, mas não faça mais isso. Ah, hoje você vai apresentar o último show da noite. - Avisou com um sorriso nos lábios. Rinna sempre teve certa afeição por Eliza. – Eu? Mas o último show sempre foi da Leila - Lembrou bastante surpresa com a novidade. – Eu sei, mas todos adoraram a sua apresentação de ontem e Jack decidiu assim. - Explicou e ela sorriu. - Você sabe como  Jack é. Está sempre pensando naquilo que vai lhe dar mais lucro. – Sei sim, vou me arrumar. - Ela deu um beijo na bochecha da loira e saiu dali. Quando entrou no camarim, notou a presença de Beatrice. A mesma estava se olhando no espelho, enquanto se maquiava. – Deve estar feliz, não? - A mulher perguntou com um ar de ironia. – Não sei do que você está falando. - Eliza respondeu  se fazendo de desentendida, mas se sentindo satisfeita por ter de certa forma, vencido sua rival. Eliza e Leila jamais se deram bem, desde que a jovem entrou na Burlesque, pois a segunda nutria certa inveja de Liza, que sempre fez mais sucesso que ela nos palcos. – Hoje você será a última apresentação da noite. - A dançarina disse entre os dentes. – Eu sei. - A jovem confirmou, revirando os olhos e reparando na vestimenta da garota, que usava um vestido dourado bem curto, salto alto e um chapéu preto. – Você ta querendo o que garota? Roubar meu lugar? Daqui há pouco vai querer roubar meus clientes também! - Leila disse parecendo furiosa. – Vá pro inferno, Leila! Você sabe muito bem que não sou da sua laia. - Liza xingou e a mulher nem retrucou, pois já estava na hora de se apresentar. A morena voltou a focar em sua maquiagem e Leila saiu dali. Depois, Eliza foi no closet pegar seu look da noite. Um espartilho tomara-que-caia roxo com detalhes pretos e uma saia preta com botas de cano alto. Adorou a roupa e por isso, foi se vestir toda animada. ~*~ – E então Mano? O que vai fazer? - Harry refez a pergunta. – Vou pular a janela. - Respondeu Hudges. Harry arregalou os olhos e foi até a janela. – Mas é muito alto cara! Você vai morrer! - Exclamou  preocupado, enquanto colocava a cabeça para fora da janela e via o quanto era alta a distância dali até o chão. – Para de drama Harry. Vou pular e pronto! Preciso ver aquela mulher de novo. - Mordeu os lábios ao lembrar-se de Angel. - Cuidado para não se apaixonar, Christian. Nunca te vi tão entusiasmado com uma garota... - Eu não vou me apaixonar. Nem tenho coração, sou um cara totalmente ferrado na vida. - Desviou o olhar. - Ninguém jamais se apaixonaria de verdade por alguém como eu e na boa, só quero me divertir mesmo, vamos. - O chamou. – Pois eu não vou com você. Não quero me esborrachar no chão! - O loiro se afastou da janela. – É bom mesmo você ficar, assim a Esther vai demorar mais pra descobrir que eu saí. - Christian se aproximou da janela, colocando uma perna para fora da mesma. - Tchau irmão. – Tchau! - Despediram-se e Christian pulou a janela e depois, o muro de sua casa. Em seguida, foi até o ponto de táxi mais próximo, entrou em um  que já estava estacionado lá e foi até o cabaré. ~*~ Enquanto isso... Leila estava se apresentando. Estava se despindo, tirando peça por peça e naquele momento estava só de lingerie. A casa estava bem cheia e Rinna estava no balcão do bar conversando com Jack, o dono da Burlesque. – Pelo jeito vamos faturar um bom dinheiro hoje, Rinna! - Constatou Jack, enquanto olhava com malícia para Leila dançando. – Acho essa menina vulgar demais. - Rinna criticou. A loira platinada nunca foi com a cara azeda de Leila. - Prefiro a Eliza. Quando vejo ela dançando, me lembro de como eu era, há longos vinte anos. – Nostalgia? - Jack perguntou tomando um gole do seu drink. – Sim. Eu era tão inocente e sonhadora. Você me prometeu mundos e fundos e depois ferrou com minha vida. Tomara que não aconteça à Eliza o mesmo que me aconteceu... - Falou com os olhos marejados. – Não pense nessas coisas Rinna, esquece isso. E tudo que fiz foi te ajudar. - Explicou de forma cínica. - Você tinha sido expulsa de casa, ninguém ia te querer mesmo. Devia dar graças aos céus por eu ter te acolhido aqui. - Não seja hipócrita. Você e eu sabemos muito bem que você não vale o pão que come. É um explorador desgraçado de quinta categoria.  - Ao ouvir isso, Jack fechou os punhos e os dois já iam começar a discutir mas foram interrompidos por Leila, que havia acabado de terminar de dançar. – E aí gente? - A mulher cumprimentou. - Alguém tem um isqueiro? - Jack tirou um de seu casaco e entregou a ela. – Parabéns Leila! Hoje você foi otima!  - O homem elogiou. – Eu sei chefe, obrigada. - Respondeu convencida, acendendo seu cigarro. - Tenho que ir, preciso atender meus clientes. - Falou maliciosamente se afastando, mas resolveu voltar. - Ah, já ia me esquecendo. Já era para a sua queridinha ter entrado no palco, Rinna. Mas está atrasada como sempre. Não sei porque ainda não foi demitida... - Provocou. - Se você que é uma porcaria de dançarina não foi demitida, por que a Liza seria? - Rinna perguntou arqueando uma sobrancelha e Leila fechou a cara enfurecida e saiu dali. – Essa garota adora me provocar. - Ela resmungou irritada. - Mas ainda vou coloca-la em seu devido lugar. - Garantiu tomando um gole de uísque. [...] As luzes se apagaram por alguns minutos. Tudo ficou completamente escuro, o que fez com que alguns clientes começassem a reclamar. A luz teria acabado? Não. Fazia parte do show. O show da Angel/Eliza. As cortinas do Burlesque Lounge se abriram e a luz ficou em tom avermelhado. Eliza apareceu deslumbrante. Em seguida, começou a tocar uma música sensual. Vários assovios foram ouvidos.  Ela surgiu mascarada e rebolando no poste de pole dance. Esticou o braço até o mesmo e enroscou a perna lá. Enquanto dançava, seus olhos foram de encontro a platéia, procurando Christian. Já estava sentindo falta dele. Logo, seus olhos o encontraram. Ele estava de pé ao lado de uma das mesas. O moreno olhou-a de cima a baixo e mordeu o lábio inferior, fazendo a garota corar. O olhar dele parecia de um tarado. Seus olhos cinzas estavam escuros e pareciam querer arrancar um pedaço da morena. Liza desceu do poste e começou a desamarrar o espartilho. Todos os homens gritavam para ela, que só olhava para Hudges. Mas ela estava mesmo a fim de provocar. Estava indo na direção de Hudges, que já estava todo e******o pois achou que ela iria dançar com ele novamente. Porém, ela deu uma piscadela para ele e foi dançar com outro cliente. Um rapaz loiro de olhos cor de mel e bonito também. Não tanto quanto Christian, é claro. Ela tirou o espartilho na frente do rapaz, ficando apenas com a lingerie e mini-saia. Em seguida, acariciou o rosto do jovem, que aparentava ter pouco mais de vinte anos de idade. Deu uma olhada de r**o de olho para Christian, que estava com a cara bem fechada. Não tinha gostado nada daquilo. Estava com ciúme e a morena estava adorando tudo aquilo. Começaram a gritar "Tira, tira!", e assim ela o fez, tirando sua saia também, ficando apenas de calcinha e sutiã. Começou a passar as mãos pelo seu próprio corpo, se tocando, mas ainda assim, sempre rebolando. Enquanto se acariciava por alguns instantes, desviou seu olhar de Christian e quando voltou a olhar, percebeu que ele não estava mais ali, o que deixou a garota triste. Será que ele havia indo embora pra sempre? Será que não ia mais voltar? Mesmo assim, continuou o show. Era seu ofício e não podia parar, já que aquele era seu ganha pão. Após dançar mais um pouco, fingiu que ia tirar o sutiã, mas fez um sinal de negativo com o dedo indicador e sorriu, deixando a platéia delirada com sua performance. Mandou um beijo para o público e deixou o palco, ao som de muitas palmas. Ela colocou um roupão e foi em direção ao bar, onde Rinna - Jack havia saído - estava. – Você arrasou Liza! - Elogiou batendo palmas. – Obrigada! - Agradeceu e pediu ao barman que lhe trouxesse um suco de laranja. Estava morrendo de sede. – Olha, se você continuar desse jeito, sempre será a última atração da noite! E vai ganhar bem mais dinheiro, hem? – Tomara Rinna. Tô precisando muito de dinheiro. – Por que Liza? O que aconteceu? - A loira perguntou preocupada. – O de sempre Rinna. Problemas, mas não quero falar sobre isso. Bom, vou me trocar, até mais tarde. - Despediu-se indo em direção ao seu camarim. [...] No corredor... Quando Eliza estava quase chegando ao camarim, foi puxada por alguém para um dos quartos da Burlesque. Esses quartos eram para que as dançarinas - algumas, como Leila, faziam programa - ficassem com os clientes. Foi tudo muito rápido e antes que ela pedisse socorro gritando, percebeu que era Christian. Mentalmente, deu graças aos céus por estar mascarada. – Você? - Perguntou surpresa. – Você adora me provocar, não é? - Sussurrou prensando-a na parede e distribuindo beijos pelo pescoço dela que se arrepiou. - Ficou se esfregando naquele babaca só porque sabia que eu estava vendo. – Está maluco, garoto? - Perguntou - Eu só estava fazendo meu trabalho, faz parte. - Mentiu descaradamente. – Sim, estou maluco. Por você!  Qual o seu nome garota? - Indagou olhando nos olhos dela. Aqueles olhos que pareciam não querer mais sair de sua mente. – Angel. Meu nome verdadeiro você nunca vai saber. - Respondeu sorrindo maliciosamente e ele engoliu em seco. – Sabe Angel, desde que te vi, tem uma coisa que queria muito fazer com você. – E por que você não o faz? - Provocou-o. - É que... Não sou muito de ter certos tipos de contatos físicos da cintura para cima. - Ele começou a corar - Mas você tem lábios tão carnudos e provocantes.  - Se sentia controverso. - O quê? - Ela franziu o cenho - Seja lá o que for, não seja covarde. Faça! - O instigou e Hudges não resistiu e a beijou com urgência. As mãos dele apertaram a cintura dela, colando seus corpos. Enquanto isso, Eliza bagunçava seus cabelos macios e arranhava as costas dele. A língua dele explorava cada canto da boca dela, que gemeu quando ele mordeu de leve seu lábio inferior. Eles se afastaram ofegantes e Hudges pôs a mão sob a máscara dela, como se fosse tira-la. - Não!!! - Eliza gritou se afastando dele assustada. – O que foi Angel? Por que não quer deixar eu ver seu rosto? - O moreno perguntou confuso.
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