Finalmente a sós, parte II

526 Words
Senti-lo afastar o rosto só para o som estalado ecoar baixinho me levou ao céu por segundos. E para terminar de matar, sua boca encostou na minha pele, atrás da orelha e sussurrou enquanto os pressionava para que eu pudesse sentir os lábios se moverem, palavra por palavra e distinguir cada sílaba, cada letra. — Enquanto seu Leão estiver aqui, nada vai te fazer m*l. Hm?— Deu passos para trás, me soltou e sorriu satisfeito ao me perceber completamente desconcertada, ofegante e sem graça. — O... — Suspirei coçando a orelha. — O último que fez isso comigo, teve o carro batido num poste e acabou numa cela detido. — Empinei o nariz e me concertava aos poucos. Era marrenta! — Está me ameaçando? — Desafiá-lo não era uma boa ideia. — Considere apenas um aviso... — Dei um passo à frente e ele ficou parado. Dei uma volta no seu corpo enquanto Donnie me acompanhou com o olhar, parando por cima do ombro ao me ter em suas costas. — Eu não te conheço. Salvei sua vida, porque é o que devemos fazer com o próximo e não por outro motivo em especial. — Cada frase era como uma facada no seu ego. — Eu aceitei seu agradecimento, mas não pedi a sua ajuda. — Ergui apenas uma sobrancelha. — No dia que eu tiver medo de homem, eu viro sapatão. — Suspirei pausadamente. — Se bem que, com tanto macho escroto ultimamente, até que não é má ideia. — Virei as minhas costas e comecei a andar. — Ah! — Parei. Quase ia me esquecendo. — Não se aproxime de mim assim de novo como se fosse alguma vagabunda sua. — E continuei a caminhar. — Com quem pensa que está falando? — Enfurecido, segurou meu pulso e me virou de frente. A gente se encarou como se raios esbravejassem num choque demoníaco e explosivo de temperamentos cujo tal perímetro era pequeno demais para que coubesse ambos em um lugar só sem que uma catástrofe acontecesse. Ele se sentia na obrigação de me dominar. E eu, me sentia na obrigação de evitar ser dominada! Segurei no seu pulso que me agarrava, passei o pé atrás em seu tornozelo e o puxei de vez, forçando a dar um mortal de frente para mim e cair de costas no chão em um golpe que havia aprendido nas minhas aulas de Karatê (no youtube). Ele gemeu rouco e coloquei o pé sobre seu peitoral para imobilizá-lo. — E eu sou faixa vermelha! — Virei a cara, balancei os cabelos, empinei a raba, rebolei e saí. — Que... — Gemeu com a mão no peito. — Que mulher... — Não sabia se era elogio ou não. Assim que fui embora, ele retirou o celular do bolso e discou um número. — Fala, chefia. — Ao atender, uma voz de homem meio marginalizada o respondeu. — O nome dela é Ariana. — Disse Donnie se levantando aos poucos. — Quero saber de cada passo que ela dá. Entendeu? E levante um dossiê completo sobre a vida dela, para ontem. — Ordenou. — Pode deixar! — Respondeu e desligou.
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