Após resolver o m*l-entendido da aula de história na diretoria, voltei para as aulas normalmente até que o sinal tocou e deu a hora de ir embora. Naquele dia, ninguém me deu uma carona. Inferno! Mas, peguei o ônibus e conversei com a galera do teatro até a volta para casa. Eu me corroía por dentro ao querer contar sobre o que vi no pátio na hora em que saí, mas, evitei.
Poderia ser engano, sei lá! Passaria por boba. Mas, sentia que algo estava errado.
O ônibus parava na esquina da pensão. Bastava poucos passos e eu estava lá dentro. Assim que pisei no gramado após o cercado, vi o carro de Jason estacionar e parei. Parei e encarei o mesmo. Ele descia sozinho, não com Jéssica como de costume. Uniformizado, sem nenhuma alteração na roupa. Nada fora do lugar. Analisei tanto que ele percebeu e ao abrir a porta do jardim, me encarou de volta.
— O que foi? — Me despertou.
— Não, nada. — Balancei a cabeça negativamente e entramos juntos na pensão.
— Que bom que chegaram! — Disse tia flor. Usava óculos de sol, um vestido colorido e cheio de flores rosadas e amarelas. Sandália de praia e chapéu longo parecendo um guarda-sol de s***s. Várias malas, um alvoroço! Tinha inquilino por todos os lugares, murmurando e arrastando crianças e bagagens para não se atrasarem.
— Tia Flor?! — Eu e Jason dissemos ao mesmo tempo, arregalando os olhos.
— Eu disse que ia viajar, não disse?! Não sei por que a cara de surpresa. — Retirou os óculos da face e continuou. — Logo o ônibus vai chegar, então vou passar as regras. — Pausou e retirou um cartão. Ela preferia anotar para não esquecer. Sempre precavida. — Não manchem meu tapete. Deixem tudo onde está, não quero nada fora do lugar. Não quero nada sujo, então revezem na limpeza todo sábado! Jason, ajude Ariana a limpar o porão, ele está uma imundice e pretendo fazer quartos lá para abrigar os menos favorecidos e cobrar por isso. — Foi clara.
— PORÃO?! — BERREI.
— Pode deixar. — Ele não pareceu nada triste.
— Não quebrem nada! E acima de tudo... — Estreitou os olhos e encarou bem a Jason, mas, fez o mesmo comigo para me intimidar. — NADA DE FESTAS! ENTENDERAM? — Quase gritou.
— Sim senhora! — Dissemos novamente em conjunto.
— Perfeito, agora vamos pessoal, o ônibus chegou! — Disse minha tia ao escutar o barulho do motor.
Eu e Jason saímos da frente e aquela multidão passou. Minha tia foi sambando, cantando a música da globeleza e os gringos acompanharam. Passaram-se dez minutos e partiram, deixando o silêncio pairar no âmbito. Meu primo e eu ainda ficamos no mesmo lugar, sem graça e sem saber como reagir diante um do outro, até o vento tomar uma atitude e fechar a porta da frente sozinho. Roboticamente, viramos a face um de frente para o outro e nos encaramos.
— Nada de festas...? — Eu perguntei como quem não queria nada. Eu não estava "conversando" com ele, mas confesso que aliviei um pouco a barra ao menos nessa semana de convivência.
— Nada de festas... — Ele me respondeu.
A intriga não era maior do que um interesse em comum.
— Está... — Ele disse.
— Pensando no mesmo que eu? — Perguntei segurando o riso.
— Exatamente. — Se aproximou e me ergueu a mão. — Uma trégua? — Perguntava.
Eu apertei a sua mão e acenei.
— Uma trégua. — Mas, deixei claro. — ATÉ ela voltar. — O vi acenar. Mesmo porque, Jason não estava em posição de exigir nada. — E, com algumas pequenas condições... — Soltei sua mão.
Ele apenas estendeu os braços se dando por vencido e conversamos algumas coisas.
Coisas essas que vão ser interessantes para todos!