Otwerside, parte final

1460 Words
Após o acontecimento, Kyle, Valentina, Yumi, Becca, Jéssica, Layla, Black e eu nos apertávamos dentro daquele seu Opala n***o. Black tinha certeza de que não havia tantas garotas da última vez que nos encontrou. Já viram um carro de palhaço? Exato. Era o que estava acontecendo agora. Mas, quem liga quando estamos indo na direção da MANSÃO OTWERSIDE?! Enfim vou conhecer o cafofo que o Donnie mora! Um grande muro coberto de plantas nos esperava. Os portões possuíam dois leões em pé, um de frente para o outro. Tão dourados que cogitei a possibilidade de serem realmente feitos de ouro puro. Seu jardim pareceu um labirinto de arbustos de rosas vermelhas e o chão abaixo todo ladrilhado em carmesim. No centro, uma fonte de água cristalina com o símbolo da família Otwerside talhada na pedra e um querubim no topo com uma flecha do amor. Logo atrás, chamando a atenção, um casarão branco sustentando o telhado marrom através de pilastras cilíndricas e pesadas. A mansão era tão grande, que a própria casa branca do presidente dos USA poderia competir em questão de tamanho. Nossa, queria ter um cafofo desse! Os grandes portões se abriram e deram passagem para que pudéssemos entrar. Seguranças em todos os lugares. Não seguranças de terno, gravata e microfone. E sim, brutamontes malvestidos com armas na mão, coçando o saco, bigode sujo e lenços na cabeça. Eles nos encaravam de cima à baixo, principalmente quando saímos cambaleando do carro um atrás do outro como se houvesse um portal dimensional para levar aquele pessoal a outro espaço para que pudesse caber! Eu me alongava sobre os saltos de couro e ajeitava as argolas, os cabelos e o resto da roupa. Os demais gemiam e estalavam os ossos. — Ariana. — Black me chamou a atenção. Os seguranças começavam a se reunir nos portões da rua por onde entramos, preparando uma limusine n***a. — Josh está de saída. Você tem três minutos. Ele sabe que você irá vê-lo. — Black pressionou mais uma vez. Olhei para meus amigos e acenei. — Faça isso como se nossa vida dependesse disso, amiga! — Becca tentou me dar apoio. — HAHAHA... — Quase desmaiei de nervoso, tentando disfarçar. — Obrigada... — Estamos aqui, jogando energias positivas! — Jéssica comentou junto com Kyle, acendendo um charuto e dando início aos balacobacos do santo. Um, segurava um prato de farofa e a outra uma galinha de plástico preta. — Eu vou logo entrar nessa p***a antes que... — Me virei e subi as grandes escadarias. É agora. Se preparem, vamos lá! As portas se abriram e me deram a visão que precisava. Uma sala bem luxuosa. Sofás de couro e camurça vermelha. Tapete de animal, quadros famosos comprados do mercado n***o. Havia homens em cada canto do cômodo. Eu pude escutar estalos de fogo na palha. Ao virar a face em câmera lenta e minhas tranças balançarem com as argolas, vi que uma lareira estava acesa de frente para uma poltrona. A mão do soberano estava ali com um grande anel em seu dedo e uma taça de vinho. Para a melodia se tornar mais abusiva, deixei os estalos dos meus saltos no carpete ecoarem a cada rebolado meu. Ergui o queixo, ajeitei os s***s e fui retirando lentamente a minha jaqueta de couro. O coração acelerou. Josh se levantava enquanto bebericava o líquido da taça e umedecia os lábios com a língua. Encarou o relógio por segundos. Segundos esses que eram preciosos para mim e já haviam se passado 60. Eu parei a metros dele. Não podia brincar agora. Quando pensei em iniciar a conversa, fui interrompida. — Como pode se parecer tanto com ela? — Ele já começou mexendo com minha mente. Aquele velho leão experiente fazia Donnie parecer um gatinho manhoso. — Desculpa? — Perguntei, não havia entendido. — Pensei que a conhecesse. — Rodou a taça em mãos balançando o vinho. — São quase idênticas. Não me admiraria se meu filho um dia estivesse interessado em você. — Ele riu e embaçou o vidro com seu hálito e novamente bebeu mais um gole. Fiquei sem graça com o que havia dito. E ele me comeu mais tempo. De quem estava falando? Quem se parecia comigo? Foco, Ariana, FOCO! — Seu filho. — Disse. — Sobre ele que vim falar. — Também se interessaria por ele? — Perguntou. — Eu posso ser mais interessante... Ele deu um passo à frente. Usava um terno vermelho sangue, quase preto e uma gravata n***a. — A família Renoir. — Falei em poucas palavras. — Te soa familiar? Ele parou. Colocou a taça sobre a mesinha e estalou os dedos. Até o pescoço. — Faz tempo que não ouço esse nome desde que me tentaram um golpe e retirei tudo o que tinham. — Cada palavra dele era cheia de si. Se glorificava em cada letra pelos seus atos do passado. — Eles sequestraram o Donnie. O mantém em cativeiro em uma ilha. Eles traficam drogas nos corpos das pessoas e... — ...e daí? — Aquela pergunta, dentre todas, era a única que não queria ouvir. — E daí? — Eu ri e dei um passo à frente. — Ele é o seu filho e está em perigo e você pergunta... "E daí?" — Dei outro passo. Os seguranças se aproximavam, mas, Josh ergueu a mão e os impediu. Queria ver o que iria acontecer. — Não chamo aquilo de filho. — Frio, murmurou. — Donnie só me trouxe problemas, eles me farão um favor se matá-lo. — Eu não acreditava no que ouvia. Meus olhos se encheram de água. Não por tristeza e sim de ódio. — Como pode falar isso? Que tipo de monstro é você? — Eu dizia, mas, nada parecia surtir efeito contra ele. — Queria eu poder ao menos ter um pai e uma mãe que cuidasse de mim. E com essa oportunidade que tem, desperdiça viajando pelo mundo e cuidando de armas ao invés de alguém do seu próprio sangue? — Novamente, perguntei. Ele gargalhou. E isso me consumia. — Do que está rindo? — Perguntei. — De fato, parece muito, muito com ela. — Josh se aproximou e tocou meu rosto. — Até o jeito de se preocupar com as pessoas. — Mordeu o lábio. — Mas, não. Não acredito nessas coisas do destino. — Ele não estava dando a mínima para o que havia dito. Empurrei a mão dele do meu rosto e o encarei mais uma vez. — Duzentos milhões. — Eu joguei. — Hm? — Ele me perguntou. — É o que preciso para libertar o Donnie. Só peço isso. — Eu quase implorei. — Sério? — Josh quase esganiçou num gargalhar. Seus sapatos se moviam sobre o carpete. Ele retirou um charuto de marca britânica que deveria valer mais do que meu livro quando estivesse a venda e um segurança se aproximou, tirou o isqueiro e o acendeu para ele. A fumaça fétida exalou na sala e invadiu minhas narinas. — Pensei que ele valesse mais do que essa esmola! Josh abriu a porta. Encarou Black, os garotos, e a limusine que acabara de estacionar. Eu não estava com ele, então, todos sacaram que eu não havia cumprido a missão. Josh desceu as escadas, entrou no carro e foi embora. Tudo estava perdido? Black deixou as Winx lá fora e foi para o interior do salão. Não havia mais gangsteres, apenas os snipers por aí apontando armas para eles. Black me encarou de costas para seu corpo com as mãos na parede da lareira. As chamas daquela pedra não eram mais ardentes do que as que emanavam de meus olhos âmbares. — Então, é isso. — Disse Black. Estava tão focada que eu pude escutar ele retirar o telefone do bolso e discar as teclas. — Snipers... — Ele encarou minhas costas e deixou claro que daria a ordem de execução. De repente, um barulho de um tiro ecoou. Exatamente. O tiro de uma Taurus. Na perna direita de Black. Eu fui mais ágil quando virei de vez e o acertei. Ele caiu no chão aos gritos, tremendo de dor. Os garotos entraram no recinto preocupados com o que havia acontecido após o barulho. Tinha sangue no tapete e o grande brutamontes chorava feito um bebê. Valentina filmava tudo para rever em casa. Eu... Caminhei devagar até o celular ao lado do rosto dele, peguei e continuei a ligação. — Cessem fogo. — Ordenei. — Vocês têm uma nova líder agora. Desliguei e encarei as Winx. — Vamos recuperar o Donnie. — Respirei fundo e assoprei o cano da arma. — Mas, do nosso jeito! — E guardei a pistola ainda quente, na cintura. — Arrasou... — Kyle proferiu e quebrou o silêncio.
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