Verena conferia o seu celular de cinco em cinco minutos, aquilo me deixava com os nervos à flor da pele, qual era o problema daquela garota?
Decidiu sair de sua clausura a pouco, e agora já suspira pelos cantos da casa por alguém que nem conhece?
“Esse não parece ser o seu tipo de coisa Verena” – Pensei.
Sim, eu apenas pensei, eu não podia falar com ela diretamente, a minha vontade de fato era chacoalhar ela para que entenda que aquele encontro era só algo informal, que ela não precisava fantasiar nada.
Verena desceu as escadas saltitando a cantarolando uma canção do Renato Russo, e até nisso era uma chata...
Estava feliz pela primeira vez em muito tempo conseguiu sentir algo verdadeiramente palpável!
Ao chegar à cozinha lá estavam seu pai e sua avó preparados para o inicio do jantar.
- Está com o rostinho mais corado querida, como passou o dia?
- Bem vó, obrigada por me perguntar.
- É Verena, se passou o dia tão bem por que não cogitou ir me ajudar na empresa? Hoje o dia foi caótico! Ninguém conseguiu interpretar nada na reunião.
- Pai...
- Não me olhar com essa cara de cachorro abandonado Verena!
- Ora Marcos nos poupe de seus chiliques! Você disse para a Verena ficar em casa, e ela ficou. Não desconta nela as merdas do seu dia. – Disse Ester servindo uma taça de vinho branco para ela e uma para o filho – Relaxe Marcos, deixa a Verena ok?
Marcos olhou para a filha que havia perdido o semblante alegre que havia invadido a sala momentos antes de seu rompante.
- Filha, me perdoa! Eu só quero que você se interesse... Quero que entenda a sua importância em nossa empresa. É o nosso legado.
Verena concordou com a cabeça, mas não emitiu nenhuma palavra.
- Olha o que quero dizer é que, é claro que acho que você merece descanso, todo mundo merece. Mas também preciso de você lá...
- Pai, posso te falar uma coisa sem você se chatear?
- Claro que sim.
- Eu não sou a mamãe.
- Do que está falando Verena?
- Pai eu sei que engulo tudo o que você me fala, e quase sempre eu concordo com tudo! Mas estou cansada de levar nas costas as suas frustrações por que minha mãe, a administradora de ouro, eu apenas me pareço com ela, mas não sou.
Ester visualizava as expressões e ouvia a cada palavra em silêncio, ela sabia que sua neta estava coberta de razão.
- Filha... De onde tirou isso? Eu não quero colocar essa pressão sobre você.
- Então para pai... Sério. O senhor nem percebe então o que está fazendo.
O celular de Verena começou a tocar, era ele.
- Se não se importam vou ir para o quarto, preciso atender essa ligação.
- Verena não saia assim no meio do nosso assunto! - Disse Marcos
- Pai, depois! Não estou com cabeça para discutir com você agora.
Ela saiu sem olhar para o rosto de seu pai ou sua avó, apenas queria logo subir ao seu quarto para ligar de volta para Felipe.
Verena sentiu em seu coração o peso de ter que finalmente dizer a verdade ao seu pai, não para ela não dava mais! Ela jamais poderia substituir Helena, era um tipo de alma avessa uma da outra, embora Verena parecesse à mãe em sua forma física.
Ela discou de forma apressada o número de Felipe, que ela sabia de cor de tanto olhar e observar sua conversa.
- Oi...
- Oi, Verena?
- Sim.
- Pensei que não queria me atender, se estou atrapalhando me fala...
- Não está, fique tranquilo. E então...
- Ah liguei de bobeira só, queria ouvir sua voz.
Ah meu Deus, a conversinha mole!
- Ouvir a minha voz? Você nem devia se lembrar do som da minha voz.
- Claro que me lembrei de você Verena, não consegui tirar você do meu pensamento. E nosso Chopp ainda marcado? amanhã?
- Sim está me fala depois onde nós podemos nos encontrar.
- Não vai ser necessário, eu vou passar aí pra te buscar.
- Certo qual horário?
- Umas oito da noite está bom?
- Sim, marcado então Felipe.
- Certo, eu vou parar de encher você. Se já ouvi sua voz posso agora ir dormir feliz...
- Ah não fala assim, por que eu sei que é mentira. E você tem que saber que odeio mentiras.
- Você é quem está supondo que sou mentiroso, eu estou sendo sincero com você. Pensei em você o tempo todo Verena, por isso resolvi ligar.
- Você não precisa apenas me ligar, podemos falar por mensagens também!
- Eu não queria invadir o seu espaço...
Verena Permaneceu em silêncio, não sabia como responder.
- Mentira Verena, eu fui pego na mentira mesmo. Eu liguei para invadir o seu espaço – Disse Felipe rindo.
- Não tem problema, não fiquei brava com a ligação, até foi bom, mostra que você tem interesse de sair comigo não é?
- Tenho interesse de muitas coisas com você, mas vamos começar pelo Chopp.
- O que seriam muitas coisas?
- Ah não dá pra falar, só pra mostrar. Mas não precisa ficar ansiosa não, é só fechar os olhos e pensar em mim durante a noite.
- Felipe tchau!
- Tchau Verena, pensa em mim que com certeza eu vou pensar em você.
Verena desligou a ligação sorrindo, não acreditava ainda no atrevimento de Felipe, mas ela havia gostado.
Eu pude ver em seu sorriso malicioso, e depois quando estava no chuveiro nua se tocando com urgência e com seus pensamentos voltados a Felipe.
Ela imaginou as formas como ele a tocaria, e onde ele faria isso.
Ela só se permitia pensar isso em secreto em seu quarto, ali não haveriam julgamentos.
Eu me atreveria a dizer que nunca havia chegado tão longe, não com o pensamento em alguém real.
Que não fosse um personagem fictício.
Verena estava ultrapassando uma linha, e eu estaria com ela durante essa caminhada.