Esse não parece ser o seu tipo de lance

1017 Words
Verena conferia o seu celular de cinco em cinco minutos, aquilo me deixava com os nervos à flor da pele, qual era o problema daquela garota? Decidiu sair de sua clausura a pouco, e agora já suspira pelos cantos da casa por alguém que nem conhece? “Esse não parece ser o seu tipo de coisa Verena” – Pensei. Sim, eu apenas pensei, eu não podia falar com ela diretamente, a minha vontade de fato era chacoalhar ela para que entenda que aquele encontro era só algo informal, que ela não precisava fantasiar nada. Verena desceu as escadas saltitando a cantarolando uma canção do Renato Russo, e até nisso era uma chata... Estava feliz pela primeira vez em muito tempo conseguiu sentir algo verdadeiramente palpável! Ao chegar à cozinha lá estavam seu pai e sua avó preparados para o inicio do jantar. - Está com o rostinho mais corado querida, como passou o dia? - Bem vó, obrigada por me perguntar. - É Verena, se passou o dia tão bem por que não cogitou ir me ajudar na empresa? Hoje o dia foi caótico! Ninguém conseguiu interpretar nada na reunião. - Pai... - Não me olhar com essa cara de cachorro abandonado Verena! - Ora Marcos nos poupe de seus chiliques! Você disse para a Verena ficar em casa, e ela ficou. Não desconta nela as merdas do seu dia. – Disse Ester servindo uma taça de vinho branco para ela e uma para o filho – Relaxe Marcos, deixa a Verena ok? Marcos olhou para a filha que havia perdido o semblante alegre que havia invadido a sala momentos antes de seu rompante. - Filha, me perdoa! Eu só quero que você se interesse...  Quero que entenda a sua importância em nossa empresa. É o nosso legado. Verena concordou com a cabeça, mas não emitiu nenhuma palavra. - Olha o que quero dizer é que, é claro que acho que você merece descanso, todo mundo merece. Mas também preciso de você lá... - Pai, posso te falar uma coisa sem você se chatear? - Claro que sim. - Eu não sou a mamãe. - Do que está falando Verena? - Pai eu sei que engulo tudo o que você me fala, e quase sempre eu concordo com tudo! Mas estou cansada de levar nas costas as suas frustrações por que minha mãe, a administradora de ouro, eu apenas me pareço com ela, mas não sou. Ester visualizava as expressões e ouvia a cada palavra em silêncio, ela sabia que sua neta estava coberta de razão. - Filha... De onde tirou isso? Eu não quero colocar essa pressão sobre você. - Então para pai... Sério. O senhor nem percebe então o que está fazendo. O celular de Verena começou a tocar, era ele. - Se não se importam vou ir para o quarto, preciso atender essa ligação. - Verena não saia assim no meio do nosso assunto!  - Disse Marcos - Pai, depois! Não estou com cabeça para discutir com você agora. Ela saiu sem olhar para o rosto de seu pai ou sua avó, apenas queria logo subir ao seu quarto para ligar de volta para Felipe. Verena sentiu em seu coração o peso de ter que finalmente dizer a verdade ao seu pai, não para ela não dava mais! Ela jamais poderia substituir Helena, era um tipo de alma avessa uma da outra, embora Verena parecesse à mãe em sua forma física. Ela discou de forma apressada o número de Felipe, que ela sabia de cor de tanto olhar e observar sua conversa. - Oi... - Oi, Verena? - Sim. - Pensei que não queria me atender, se estou atrapalhando me fala... - Não está, fique tranquilo. E então... - Ah liguei de bobeira só, queria ouvir sua voz.   Ah meu Deus, a conversinha mole! - Ouvir a minha voz? Você nem devia se lembrar do som da minha voz. - Claro que me lembrei de você Verena, não consegui tirar você do meu pensamento. E nosso Chopp ainda marcado? amanhã? - Sim está me fala depois onde nós podemos nos encontrar. - Não vai ser necessário, eu vou passar aí pra te buscar. - Certo qual horário? - Umas oito da noite está bom? - Sim, marcado então Felipe. - Certo, eu vou parar de encher você. Se já ouvi sua voz posso agora ir dormir feliz... - Ah não fala assim, por que eu sei que é mentira. E você tem que saber que odeio mentiras. - Você é quem está supondo que sou mentiroso, eu estou sendo sincero com você. Pensei em você o tempo todo Verena, por isso resolvi ligar. - Você não precisa apenas me ligar, podemos falar por mensagens também! - Eu não queria invadir o seu espaço... Verena Permaneceu em silêncio, não sabia como responder. - Mentira Verena, eu fui pego na mentira mesmo. Eu liguei para invadir o seu espaço – Disse Felipe rindo. - Não tem problema, não fiquei brava com a ligação, até foi bom, mostra que você tem interesse de sair comigo não é? - Tenho interesse de muitas coisas com você, mas vamos começar pelo Chopp. - O que seriam muitas coisas? - Ah não dá pra falar, só pra mostrar. Mas não precisa ficar ansiosa não, é só fechar os olhos e pensar em mim durante a noite. - Felipe tchau! - Tchau Verena, pensa em mim que com certeza eu vou pensar em você.   Verena desligou a ligação sorrindo, não acreditava ainda no atrevimento de Felipe, mas ela havia gostado. Eu pude ver em seu sorriso malicioso, e depois quando estava no chuveiro nua se tocando com urgência e com seus pensamentos voltados a Felipe. Ela imaginou as formas como ele a tocaria, e onde ele faria isso. Ela só se permitia pensar isso em secreto em seu quarto, ali não haveriam julgamentos.   Eu me atreveria a dizer que nunca havia chegado tão longe, não com o pensamento em alguém real. Que não fosse um personagem fictício. Verena estava ultrapassando uma linha, e eu estaria com ela durante essa caminhada. 
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