Você está vivendo! Mas por você?

1415 Words
Verena ditou sem sua cama exausta, dormiu perfeitamente bem com os seus sonhos a pino em sua cabeça. Eu podia jurar que a vi sorrindo uma ou duas vezes a noite. Quando acordou, estava de bom humor, em grande parte por que o seu encontro com o imbeciloide estava se aproximando, mas também por que era sábado, e não precisava se preocupar com obrigações com os capitães da indústria, e muito menos com os filhinhos de papai de sua faculdade. Desceu e dessa vez fez diferente, se apertou em um biquíni que já não cabia mais nela a um tempo, notou que sua pele em comparação com a pele morena de Felipe chegava a contrastar. Sua avó, que já estava a postos desde cedo estranhou a afobação da neta aquela manhã, não via Verena assim tão animada há tanto tempo... Ester poderia jurar que ela ficaria emburrada, pela discussão que tivera com seu pai na noite anterior, mas nem isso havia abalado Verena. Verena sentou se a beira da piscina com um suco de laranja, seu celular e seus fones de ouvido, tentou se atualizar de todas as formas, queria parecer descolada, inteligente e antenada com as novidades do mundo exterior. Mas era velha desde nova, e nada do que fizesse dali para de noite mudaria isso... Sua avó se aproximou dela enquanto teimava em ouvir alguma música da moda. - Queria, podemos conversar? - Claro vó, alguém morreu? - Ah Verena é claro que não! - Certo, então pode falar... - Quero falar sobre ontem, a discussão que você e o teimoso do seu pai tiveram. - Vó, você quer mesmo estragar o meu ótimo humor com esse assunto? Eu não quis ofender o meu pai, só quis ser sincera pela primeira vez na vida. Sinto muito que aqui as coisas sejam tão debaixo dos panos que sinceridade nunca foi o nosso forte... - Verena sei que se sente m*l meu amor, mas sabe que foi dura com o seu pai! Ele só está tentando acertar... - Vó, como você se sentiria se sua vida toda tivesse sido traçada, antes de seu nascimento. Como se sentiria se tivesse que ser uma cópia de alguém que já morreu! Eu vivo sob uma meta inalcançável de ser como minha mãe. Eu nunca serei! Devo ser administradora, devo falar inglês, alemão e até a d***a de alemão fluentemente... Devo acordar no horário, devo dormir no horário, não posso cometer excessos por que sou filha do dono, devo ser exemplar. Devo sorrir aceitar, me submeter. Isso é cansativo! Sei que minha mãe era perfeita, e quando o seu Marcos olha pra mim ele a vê... A cópia perfeita de sua esposa imaculada, mas aposto que a minha mãe cometeu erros. Sei que quando alguém morre é totalmente colocado como uma divindade na família, ahh, mas a Helena está olhando por nós. E se não estiver? Ela não pode estar sei lá, curtindo uma praia? Vó eu quero e preciso cometer os meus próprios erros! Eu sou Verena, não sou Helena... Somos pessoas diferentes. Ester ouviu tudo aquilo com atenção, balançando a cabeça a cada afirmação de sua neta. - Estou te ouvindo falar tudo isso, mas não entendi ainda o motivo do bom humor. Ou de acordar tão cedo para se bronzear... - Eu tenho um encontro, é importante para mim. - E quem é o felizardo? Aposto que é aquele gatinho que trabalha no Rh não é? - Não vó, não é ninguém que você conheça. - Hum... Que mistério! Mas divirta se minha neta... - Obrigada. Ester deixou Verena sozinha com seus pensamentos... Ela gargalhou sozinha, e eu junto com ela quando a sua avó desejou que ela se divertisse. Será que seria esse o conselho se soubesse que ela iria sair não se sabe para onde com um completo estranho que conserta jardins? O pensamento a divertiu. Permaneceu ali, tentando se ajustar. Verena tinha uma pressão tão pesada em seus ombros que nunca se permitia relaxar, repare em como ela acordou cedo como forma de controlar até o tom de sua pele. Ela tinha necessidade de cometer os próprios erros, era verdade. Mas ela estava prestes a cometer um erro que muitos de vocês cometem todos os dias. Mas para Verena, aqueles erros seriam catastróficos para o rumo de sua história. Confiar demais em alguém era de fato perigoso, mas além de confiar se entregar completamente e lançar seu destino nas mãos de outra pessoa... É completamente insano. E eu ainda não consigo acreditar em toda a m***a que Verena faria, se convencendo sempre de que era o melhor a se fazer. Quantas de vocês mulheres fazem isso? Porra, eu fico com raiva só de pensar, enquanto cagada vocês fazem apenas para que um homem note vocês. Muda o cabelo, a roupa, o modo de falar e de agir. Verena queria parecer descolada, não se parecia em nada com ela mesma ouvindo rap acústico em seu fone de ouvido. Balançava a cabeça tentando se comunicar com aquela música, mas não era para ela, não foi feito para caber em Verena. Ela era diferente, e era isso que ela não tinha paciência para entender. Era bom vê La vivendo, era bom ver o seu sorriso, que antes andava tão apagado. Mas era torturante assistir o motivo dessa reviravolta. Levantou se após assar no sol, ignorou o seu pai quando passou por ele, voltou ao seu quarto. Olhou-se no espelho e odiou tudo o que viu, se achava f**a, sua autoestima era baixa e ninguém nunca se preocupou em ajuda la com isso. Nunca teve sua mãe ali para afofar os seus vestidos, e por mais que Ester estivesse sempre ali para fazer esse papel, não era a mesma coisa para ela. - Olhou durante um longo tempo as opções que tinha de vestuário, experimentou milhares de roupas. Seu pai bateu três vezes em sua porta antes de entrar. - Minha filha, podemos conversar? - Claro que sim pai... -  Me perdoa? - Sim, me desculpa também. Falei demais, mas não foi para te magoar. - Mas... - Mas eu falei a verdade. Desculpe, mas não vou retirar, é como me sinto. - Tudo bem, sua avó me disse que vai sair com alguns coleguinhas hoje. - Pai, coleguinhas? - Desculpe, eu ainda te vejo como se tivesse na primeira série. - Eu sou uma mulher agora, e tenho um encontro. - E com quem? - Pai, i********e quer dizer alguma coisa para você? - Ok, Ok! Mas tome cuidado, por favor. - Pode deixar, tenho spray de pimenta e você me obrigou a praticar aquela luta... Como era o nome? - Se não sabe o nome, o dinheiro foi bem gasto mesmo! – Disse Marcos sorrindo. - Pai, por favor, me dê um espaço... Preciso disso agora. - Tudo bem, farei isso. Amo você Verena, não se esqueça. - Te amo também.   Verena escolheu com cuidado o que usaria se sentiu tão inadequada em suas roupas, tão m*l, acabou escolhendo um vestido amarelo. Odiou por que parecia mais nova do que realmente era, denotava inocência, e era exatamente o oposto do efeito que queria causar em Felipe. Mas tudo bem era o que ela tinha, decidiu não colocar o vestido, estava suando e ainda faltavam tantas horas, as a ansiedade dela não a deixava fazer mais nada. Ficou o dia inteiro olhando aquele celular, como se fosse uma tábua para sua salvação. Eu me irritava ao ver aquilo, era totalmente o oposto do que queria que aquela garota fizesse. Queria que ela saísse do país, viajasse o mundo, saísse para descobrir outras culturas, queria que vivesse e um amor, mas não vivesse apenas para isso.Queria que estudasse algo que lhe arrancasse o fôlego, que tivesse uma vida extraordinária. Queria que ela pudesse ver o mar, e nunca cometer os erros de sua mãeSe Verena pudesse falar com a mãe, nem que seja por um segundo, ela saberia... Que ela tinha tantos arrependimentos, tanto a fazer... Ela diria a filha para relaxar e viver a vida com mais dignidade e mais paixão. A vida perfeita contada a Verena estava longe de ser verdadeira.  Verena  estava determinada a viver as margens de tudo, talvez eu estivesse errada... A história ainda estava muito prematura para que eu tirasse minhas conclusões, talvez estivesse absurdamente errada com tudo, talvez absolutamente certa. Mas só o tempo poderia me dizer algo concreto.  Eu só conseguia pensar, Verena por favor não me decepcione! 
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