TORTUGA

1282 Words
Rebecca ouviu batidas na porta e uma voz desconhecida dizer: - O capitão mandou avisar que estamos próximos de Tortuga. Seu coração acelerou, daqui a um tempo ela estaria cara a cara com Blackew. Já estavam navegando há muito e ela não saia do quarto. Guardou as fotos que estava vendo e subiu ao convés na noite, o céu estava limpo e estrelado. Ela avistou Vicenzo no timão e foi falar com ele. - Quando chegaremos? - De manhã, falando nisso –ele olhou para os lados antes de continuar- você teve novas visões? Essa busca por Blackew a fez esquecer totalmente o assunto. Ela nem ao menos havia falado do sonho com o colar para Vicenzo. - Na verdade tive. - Certo...ALFREDO! Ele apareceu correndo. - Sim, capitão? - Fique no timão, vou entrar. - Sim senhor, capitão. - Venha... Ele pegou Rebecca pelo braço e a levou até sua cabine: - Então... - Então? - Me conte... - Bem...Na realidade eu já a tive há algum tempo... - E não me contou? Ele parecia ofendido. - Sinto muito, mas com toda essa agitação me esqueci completamente. De certa forma era verdade, ela se lembrou de contar para Vicenzo, mas estava um pouco ressentida e depois se esquecera. - Muito bem...Conte-me agora. Ela contou tudo que vira. - Então...Você simplesmente deve usar o colar que durante o amanhecer terá as visões? -É, mas acho que não é tão fácil assim... Elas só devem acontecer quando eu realmente precisar de ajuda. Mesmo porque, não tem sentido usá-lo se não precisar! - Tem razão, faça o seguinte - ele se dirigiu até o armário, o abriu e retirou a caixa onde o colar estava guardado - use-o. Colocou o colar em seu pescoço. - Nesta noite, para ver se temos alguma informação sobre Blackew. - Certo. - Sabe, realmente esse colar lhe fica muito bem - disse sorrindo. - Obrigada Vicenzo... Bem, vou dormir, daqui a pouco amanhece e não queremos perder essa oportunidade, não? - Claro que não! E não se preocupe, lhe contarei tudo que ele falar. Rebecca ficou paralisada. -Como? - Lhe direi tudo que acontecer durante a nossa conversa. - E por que você faria isso? Agora era Matteo que não estava entendendo. - Achei que você queria saber. - Eu quero, por isso mesmo vou com você. Agora ele entendeu, ela pretendia ir junto falar com Blackew, mais isso era algo que ele não podia permitir. -Nem pense! Pelo que soubemos, ele está atrás do colar, pode haver muito perigo. - Vicenzo, você realmente acha que eu não iria por eu mesma saber o que ele quer? Ela não falava brava, mais sim surpresa pela ação de Vicenzo. - Que perigo pode haver? - Ele pode te reconhecer. Se o pouco que conheço sobre Capitão Blackew, não devemos dar-lhe opções! - Vicenzo, pense bem, realmente você acha que eu, que fui embora de East Bridge há muito tempo, que nunca ouvi falar dele, seria lembrada? - Não sei...- Vicenzo parecia escolher bem as palavras. - Acho que você não deve ir. Eles ficaram por um bom tempo se encarando, até que Rebecca disse: - Vamos fazer o seguinte, dormirei com o colar e veremos se ele tem uma opinião sobre isso. Isso parecia conversa de louco, ela realmente queria saber a opinião de um colar? - Se o colar tem opinião? - Você me entendeu, se alguma visão aparece –ela suspirou antes de continuar.- Se ele disser que devo ir, irei, caso contrário, não saio deste navio, trato? Sua mão foi esticada, Vicenzo vacilou, mais apertou a mão no ar, fechando o acordo. - Boa noite então... - Boa noite. Rebecca estava dormindo, e começava a amanhecer, no momento em que o sol entrou pela janela e bateu no colar, imagens começaram a se formar em sua mente. "Ela se dirigia por uma rua escura, estava apreensiva quando entrou em um tipo de casa. Sentado no meio do lugar, se encontrava um vulto n***o, preto. Ela se dirigiu a ele, que rapidamente puxou a espada, com esse movimento, homens apareceram e a cercaram. Ele ia dizer algo...". Tudo escureceu, as imagens sumiram do nada e ao longe uma voz fez-se ouvir: - Rebecca? Srta. Beckey? Acorde... Ela abriu os olhos e teve um choque com a claridade que vinha das vidraças. Ao seu lado estava parada Giovanna: - Nós estamos chegando em Tortuga, o Matteo quer falar com você, está em seu gabinete. Ela deu as costas e saiu, fechando a porta atrás de si. "Ótimo" pensou "Estava prestes a ouvir algo importante, quando me despertam! Por ordem de Vicenzo, imagino..." Ela colocou um robe que lhe fora dado (tentou não imaginar de quem era) e espiou o corredor. Vazio, certo, então era seguro passar. Ela rapidamente fechou a porta e passou pelo silencioso corredor. Ao chegar nos aposentos do capitão, bateu duas vezes na porta. - Entre. O pirata estava parado no meio da sala, m*l teve tempo de fechar a porta quando ele disparou: - Então? - Então? Sim, claro! Bom dia, Vicenzo! Ela falou com um falso sorriso ingênuo. - Bom dia - seu tom foi seco. - Dormiu bem? Obviamente ele estava perguntando se tivera visões, mas como ela estava um pouco irritada resolveu testar o humor do capitão pela manhã. - Ah, posso dizer que sim! O colchão é muito aconchegante, dormi logo. Ela conseguiu seu objetivo, Matteo irritou-se. - Vamos parar com isso? Você teve visões ou não? - Se você queria saber isso, por que não perguntou algo? Vicenzo abriu a boca para falar, mas Rebecca o cortou. A brincadeira acabara. - Sim, tive. E para sua infelicidade, eu vou com você! - Sua companhia nunca me deixa infeliz. Mas antes me conte o sonho. Ela falou tudo, inclusive a perca da fala por ser acordada. Vicenzo ouviu, depois começou a andar de um lado para o outro perturbado. - O que foi? - Você n******e ir-disse aos poucos-é muito perigoso! - Nem vem - agora a irritada era ela - nós fizemos um trato! - Sei que fizemos - ele parecia apreensivo - mas a visão é clara. Ela nos avisa tudo! Você não percebe? Ele disse parando de andar e olhando diretamente para os olhos azuis de Rebecca: - Se você for, ele te reconhecerá e vai mandar prendê-la. Ela havia entendido agora. Realmente, se fosse, se arriscaria a ser capturada por piratas, de novo. De repente, a luz fez-se em sua mente: - Aí que você se engana! - O quê? - Arranje algumas roupas...Com Giovanna. Ele arqueou as sobrancelhas, obviamente não entendendo, mas mudou sua expressão no mesmo instante. - Agora entendi! Venha comigo. Eles saíram do gabinete e se dirigiram para o convés, Giovanna estava lá, fazendo exatamente nada. - Espere aqui. Disse e se dirigiu para a pirata. Quando ele começou a falar, a boca de Giovanna começou a se movimentar e olhou na direção de Rebecca. Vicenzo continuou falando e, um pouco relutante, ela saiu, entrando no interior do navio. Matteo voltou para onde a garota se encontrava e esperou a pirata voltar, agora trazendo trajes dobrados na mão: - Tome - falou rispidamente, entregando-as a garota e sumindo. Rebecca esticou as roupas a sua frente: - Você não espera que eu use isto, não é? - A ideia foi sua. - Mudei... - Tarde demais, coloque as roupas quando formos sair. -Como assim, quando formos? Não vamos agora? - Não, meus marinheiros vão localizar Blackew e pedir que ele se encontre comigo em uma taberna. - Que se encontre assim é melhor, tenho tempo de me arrumar... - Isso mesmo, faça-o.
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