O Sereia Esmeralda já havia partido há dois dias. Vicenzo esperou o Black Sea estar a uma distância segura antes de partir de Tortuga.
Desde esse tempo Rebecca saiu poucas vezes do quarto.
Vicenzo começou a estranhar esse comportamento, por que de repente ela se tornou tão inacessível? Ele tinha acabado de resolver que ia vê-la, quando batem na porta.
-Diabos...Entre.
Ele se surpreendeu com que entrara, não é que a garota resolveu visitá-lo? O que mais surpreendeu o pirata foi o modo de como ela estava.
Continuava com seus vestidos, melhor, com os vestidos que j**k lhe dera, mas seus cabelos não se encontravam perfeitamente presos, ao contrário, estavam soltos, caindo ondulados sobre seus ombros. O constante sol ao que ela era sujeita fez com que o castanho clareasse, intercalando com fios loiros. Não foi só isso que mudara, ela parou de usar o costumeiro ** de arroz e podia-se ver o bronze de sua pele, adquirido depois de tanto tempo em um navio. Além disso, ela não usava mais o espartilho, fazendo com que o vestido mostrasse suas reais formas, não apertando tanto seu corpo. E os sapatos mudaram, não se ouvia mais os batuques do salto, mas sim o som de botas no chão.
-Não atrapalho, não é?
-Não... Posso saber a razão disso?
Nesse ponto ela fechou a porta e se aproximou de Vicenzo.
-Me ensina a usar espadas?
Se Matteo não estivesse sentado, com certeza desabaria.
-Como?
-Me ens...
-Eu entendi o que você disse, só não entendi o porquê você disse. E por que você está assim?
Notando que iria demorar, ela se sentou.
-Você não acha que eu era lady demais pra quem está em um navio pirata?
-Realmente, era diferente da maioria aqui. Mas isso não era algo r**m.
-Não?
-Não, você era assim. Mesmo parecendo um pouco f*****o às vezes.
-f*****o?
-Não imagino ninguém optando por usar um espartilho... - completou com um dos seus famosos sorrisos de canto de lábio.
Ela se calou e Vicenzo notou como tudo estava sendo estranho desde que Johnny partira.
-Becca...Você está assim por causa do Johnny?
Ela rapidamente levantou o olhar.
-John? Não, eu só...Resolvi me testar.
-Se testar?
-É, mas chega de falar de mim, certo. Você vai me ensinar ou não?
-Ensinar o quê?
-A lutar com espadas, oras!
A expressão no rosto de Matteo era de total incredulidade.
-Por qual motivo?
-Bem, para Blackew eu sou uma pirata. Como posso me passar por pirata sem nem ao menos saber segurar uma a**a?
Há algumas léguas de distância, Johnny m*l podia esperar a hora de desembarcar depois dos dias de viagem. Ele ficara amigo de um tripulante do Black Sea com quem dividia o quarto, Natan, o mais jovem no navio depois dele.
Como o navio já atracara há um tempo, Johnny resolveu que era hora de procurar pela taberna. Ele se dirigiu ao gabinete de Blackew, quando ia bater, notou que a porta estava entreaberta e parou ao ouvir vozes. Dois homens conversavam dentro da sala. Depois de se certificar de que o corredor estava vazio, Johnny colou o ouvido na porta. Imediatamente ele reconheceu as vozes. A primeira era do primeiro imediato e a segunda do próprio capitão do navio.
-E o garoto?
-Não teremos problema com ele.
-O sr. tem certeza de que pode confiar em Matteo?
-Silver, parece que você não me conhece!
-Vai matá-lo?
-Certamente.
-E se ele fugir?
-Fugir?
-Sim, depois de saber tudo sobre esse mistério, ele pode tentar fugir e ficar com todo o tesouro.
-Ele nunca saberá de tudo, e se caso fugir, terá seus planos frustrados.
-Como tem tanta certeza?
-Porque eu nunca contarei sobre a moça.
-Então Matteo não sabe que necessita dela?
-Ele não tem ideia.
-Realmente...Matteo não é algo muito preocupante.
-Agora vá, Silver.
-Sim, senhor.
Ao ouvir isso Johnny virou-se e correu o mais silencioso que podia, parando na metade do corredor. Virou e voltou a caminhar lentamente de volta de onde tinha partido. Nesse tempo Silver saiu da cabine do capitão e o viu:
-Rapaz, o que quer?
-Vou perguntar ao capitão se posso sair.
Ele recebeu um olhar cínico de Silver, que continuou sua caminhada.
-Com licença, capitão?
-Entre Johnny. O que quer?
-O navio já está atracado há um certo tempo. Vocês irão começar as buscas?
-Não ainda, por quê?
-Eu gostaria de saber se posso passar parte do dia fora.
-Pode. Só isso?
-Só.
-Então vá.
-Obrigado Capitão!
Com isso Johnny saiu do aposento, mas voltou para seu quarto ao invés de sair.