A CONVERSA QUE NUNCA DEVERIA SER OUVIDA

759 Words
O Sereia Esmeralda já havia partido há dois dias. Vicenzo esperou o Black Sea estar a uma distância segura antes de partir de Tortuga. Desde esse tempo Rebecca saiu poucas vezes do quarto. Vicenzo começou a estranhar esse comportamento, por que de repente ela se tornou tão inacessível? Ele tinha acabado de resolver que ia vê-la, quando batem na porta. -Diabos...Entre. Ele se surpreendeu com que entrara, não é que a garota resolveu visitá-lo? O que mais surpreendeu o pirata foi o modo de como ela estava. Continuava com seus vestidos, melhor, com os vestidos que j**k lhe dera, mas seus cabelos não se encontravam perfeitamente presos, ao contrário, estavam soltos, caindo ondulados sobre seus ombros. O constante sol ao que ela era sujeita fez com que o castanho clareasse, intercalando com fios loiros. Não foi só isso que mudara, ela parou de usar o costumeiro ** de arroz e podia-se ver o bronze de sua pele, adquirido depois de tanto tempo em um navio. Além disso, ela não usava mais o espartilho, fazendo com que o vestido mostrasse suas reais formas, não apertando tanto seu corpo. E os sapatos mudaram, não se ouvia mais os batuques do salto, mas sim o som de botas no chão. -Não atrapalho, não é? -Não... Posso saber a razão disso? Nesse ponto ela fechou a porta e se aproximou de Vicenzo. -Me ensina a usar espadas? Se Matteo não estivesse sentado, com certeza desabaria. -Como? -Me ens... -Eu entendi o que você disse, só não entendi o porquê você disse. E por que você está assim? Notando que iria demorar, ela se sentou. -Você não acha que eu era lady demais pra quem está em um navio pirata? -Realmente, era diferente da maioria aqui. Mas isso não era algo r**m. -Não? -Não, você era assim. Mesmo parecendo um pouco f*****o às vezes. -f*****o? -Não imagino ninguém optando por usar um espartilho... - completou com um dos seus famosos sorrisos de canto de lábio. Ela se calou e Vicenzo notou como tudo estava sendo estranho desde que Johnny partira. -Becca...Você está assim por causa do Johnny? Ela rapidamente levantou o olhar. -John? Não, eu só...Resolvi me testar. -Se testar? -É, mas chega de falar de mim, certo. Você vai me ensinar ou não? -Ensinar o quê? -A lutar com espadas, oras! A expressão no rosto de Matteo era de total incredulidade. -Por qual motivo? -Bem, para Blackew eu sou uma pirata. Como posso me passar por pirata sem nem ao menos saber segurar uma a**a? Há algumas léguas de distância, Johnny m*l podia esperar a hora de desembarcar depois dos dias de viagem. Ele ficara amigo de um tripulante do Black Sea com quem dividia o quarto, Natan, o mais jovem no navio depois dele. Como o navio já atracara há um tempo, Johnny resolveu que era hora de procurar pela taberna. Ele se dirigiu ao gabinete de Blackew, quando ia bater, notou que a porta estava entreaberta e parou ao ouvir vozes. Dois homens conversavam dentro da sala. Depois de se certificar de que o corredor estava vazio, Johnny colou o ouvido na porta. Imediatamente ele reconheceu as vozes. A primeira era do primeiro imediato e a segunda do próprio capitão do navio. -E o garoto? -Não teremos problema com ele. -O sr. tem certeza de que pode confiar em Matteo? -Silver, parece que você não me conhece! -Vai matá-lo? -Certamente. -E se ele fugir? -Fugir? -Sim, depois de saber tudo sobre esse mistério, ele pode tentar fugir e ficar com todo o tesouro. -Ele nunca saberá de tudo, e se caso fugir, terá seus planos frustrados. -Como tem tanta certeza? -Porque eu nunca contarei sobre a moça. -Então Matteo não sabe que necessita dela? -Ele não tem ideia. -Realmente...Matteo não é algo muito preocupante. -Agora vá, Silver. -Sim, senhor. Ao ouvir isso Johnny virou-se e correu o mais silencioso que podia, parando na metade do corredor. Virou e voltou a caminhar lentamente de volta de onde tinha partido. Nesse tempo Silver saiu da cabine do capitão e o viu: -Rapaz, o que quer? -Vou perguntar ao capitão se posso sair. Ele recebeu um olhar cínico de Silver, que continuou sua caminhada. -Com licença, capitão? -Entre Johnny. O que quer? -O navio já está atracado há um certo tempo. Vocês irão começar as buscas? -Não ainda, por quê? -Eu gostaria de saber se posso passar parte do dia fora. -Pode. Só isso? -Só. -Então vá. -Obrigado Capitão! Com isso Johnny saiu do aposento, mas voltou para seu quarto ao invés de sair.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD