VIAGEM SECRETA

1078 Words
-Já devemos estar chegando. Vicenzo estava ao leme, seguindo as próprias coordenadas. Ao longe ouviram alguém berrar: -Conjunto de recifes à frente. Rebecca rapidamente se virou e viu a alguns metros uma bacia de recifes rosados, sobrepondo-se ao mar. -Uma pergunta. -Sim? -O navio n******e ir até lá, pode? -Não. -Então, como chegaremos lá? -Com o bote. -E isso não é arriscado também? -É. -Ah, sim. Quem vai estar no bote? -Nós dois. -Oh... Certo, então. Como chegaremos sem quebrar o bote? -Na hora descobriremos isso. -Você sabe nadar? -Sei. -Certo, estava só checando. -Você sabe? -Não sei...Não me lembro de nadar ultimamente. Depois de um tempo, Matteo e Rebecca estavam remando em direção aos recifes. -Vicenzo, por que eu tenho de remar? -Porque só eu não dou conta. -Está me chamando de pesada? -Não. A madeira é pesada. -Você não poderia ter chamado alguns de seus homens? -Não quero que eles descubram o que tem lá. -Certo, você está com o mapa? -Estou. -Que bom, pois chegamos. O capitão tirou o mapa de seu bolso, sem deixar que os marujos que estavam no Sereia Esmeralda vissem. -Não chegamos não. -Chegamos sim. -Não de acordo com o mapa. -Vicenzo, é impossível prosseguir. Não estou com v*****e de voltar nadando até o navio. -Muito bem. Cuidado ao andar sobre eles. -Ao O Quê? -Como você pretende chegar até o mapa? -Eu não pretendia, esperava que você fosse sozinho. Vicenzo olhou para ela, como quem dizia: "Sério? Tolinha..." -Mas... Onde vai estar esse mapa? -Não sei, mas teremos de procurar não? Ele saiu do bote e a ajudou a sair também. -Cuidado onde pisa. -Ainda bem que estou de botas. Começaram a andar cautelosos pelo recife, procurando distinguir algo do rosa. Estavam nessa quando de repente Rebecca ouve o som de algo se quebrando, seguido de um grito. Ela correu para o local em que Vicenzo acabara de desaparecer e pelo descuido, acabou quebrando outra parte do recife e caindo também. O estranho foi que o som não foi de alguém caindo no mar, mas sim um banque s***o. Rebecca observou e viu que se encontrava em uma caverna subterrânea. Então por que ela não se machucara ao cair? -Tudo bem com você? Ela levou um susto e notou que o motivo era que havia caído em cima do Matteo. -Pode se levantar, fazendo o favor? -Claro, me desculpe. Ambos se levantaram e puseram-se a observar o lugar. Era uma típica caverna submersa, úmida, fria, escura, a única luz que se via era a do sol que entrava pelas novas aberturas. Olhando mais ao fundo, o pirata viu uma tora de madeira. -Ótimo, se tivéssemos fogo. -Nós temos. Aqui. Ela apontou para a parte trás da tora, fora da visão de Vicenzo, onde se encontravam fósforos. Ele fez fogo e olharam para dentro da caverna. -Espero que você não diga 'as damas primeiro'. -Eu não ia... Matteo começou a avançar, com a garota em seu encalço. Eles andaram por um tempo em profundo silêncio, já não se ouvia o mar e o único som era o das botas sobre as pedras. A luz produzida ia iluminando a escuridão, mostrando rochas e rochas. Até que em um certo momento, o túnel virou para a esquerda e começou a ficar íngreme, quando sem aviso voltou ao normal e a caverna acabou. Com a iluminação eles podiam ver uma mesa de pedra, com uma caixa de madeira amarrada a ela com cordas. -Não queriam que isso saísse daqui. -E com razão. Ela se ajoelhou ao lado da mesa e tentou desatar as cordas. -O que você está fazendo? Vicenzo a olhava com um ar confuso, e foi com esse mesmo olhar que ela o encarou. -Temos de soltar, não? -Claro, mas há um jeito mais fácil. Ele tirou a espada e cortou as cordas, que rapidamente caíram no chão. -Se você quer passar por pirata, tem de pensar como um... Com um olhar atravessado e sem responder, ela foi até a caixa e a abriu. Retirou o pedaço do mapa e mostrou a Vicenzo. -Levamos a caixa junto? -Não, os homens não devem notar que trouxemos algo. -Como se eles já não estranharam a nossa demora de voltar à superfície. Ela fechou a caixa e a deixou como estava. Eles se viraram e voltaram pelo longo caminho, tomando muito cuidado na descida, que era muito perigosa. Depois de um tempo de caminhada, começaram a ver uma luz ao fundo, que não era produzida pelo archote na mão de Matteo. Eles haviam chegado na saída. Recolocaram tudo no lugar, guardaram o mapa e iam sair, quando notaram que nenhum dos dois alcançava a a******a do teto. -E agora? -Fique de quatro. -O Quê? -Eu vou te usar como apoio, vai logo... -Apoio? Já está começando a pensar como pirata. Ele se ajoelhou e Rebecca subiu em suas costas. -Ainda bem que você não está de salto. Alcançou? -Aham. Só que não consigo subir. Vicenzo levantou o olhar e viu que ela estava com os braços e rosto para fora, mas não conseguia se forçar para cima. -Desça. -O quê? Descer? -É. Ela desceu e Matteo se levantou. Ele juntou as mãos e as colocou um pouco à frente do corpo, curvando-se um pouco. Rebecca o observou um pouco preocupada. -Isso seria para...? -Coloque o seu pé nas minhas mãos e se apoie para subir. -Você tem certeza de que quer fazer isso? -Vá logo. Ela levantou a perna direita e colocou o pé nas mãos estendidas de Vicenzo. Apoiou-se nas costas arqueadas dele e com um impulso, alcançou a superfície. Ele ajudou-a a subir completamente e depois ela que o ajudou. -Vicenzo, você está bem? Eles ouviram a voz distante de Alfredo. -Estou ótimo. Voltando-se para a jovem, disse: -Eles provavelmente se perguntam por que a demora para voltar do mar. Somente concorde com o que eu disser. Ela olhou um pouco desconfiada antes de concordar. De volta ao Sereia, Alfredo foi a encontro deles. -Por que a demora? Já pensávamos que vocês haviam morrido! -Abaixo do recife encontramos uma caverna subterrânea. Resolvemos ver se tinha algo interessante. -E tinha? -Nada. -Então por que a demora? O pirata só olhou para o companheiro, inclinando a cabeça em silêncio. A resposta do mais velho foi enrubescer enquanto olhava para a moça e desviar os olhos, enquanto os demais membros da tripulação que estavam ao redor soltaram risadas nada discretas e voltaram ao trabalho.
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