-Já devemos estar chegando.
Vicenzo estava ao leme, seguindo as próprias coordenadas.
Ao longe ouviram alguém berrar:
-Conjunto de recifes à frente.
Rebecca rapidamente se virou e viu a alguns metros uma bacia de recifes rosados, sobrepondo-se ao mar.
-Uma pergunta.
-Sim?
-O navio n******e ir até lá, pode?
-Não.
-Então, como chegaremos lá?
-Com o bote.
-E isso não é arriscado também?
-É.
-Ah, sim. Quem vai estar no bote?
-Nós dois.
-Oh... Certo, então. Como chegaremos sem quebrar o bote?
-Na hora descobriremos isso.
-Você sabe nadar?
-Sei.
-Certo, estava só checando.
-Você sabe?
-Não sei...Não me lembro de nadar ultimamente.
Depois de um tempo, Matteo e Rebecca estavam remando em direção aos recifes.
-Vicenzo, por que eu tenho de remar?
-Porque só eu não dou conta.
-Está me chamando de pesada?
-Não. A madeira é pesada.
-Você não poderia ter chamado alguns de seus homens?
-Não quero que eles descubram o que tem lá.
-Certo, você está com o mapa?
-Estou.
-Que bom, pois chegamos.
O capitão tirou o mapa de seu bolso, sem deixar que os marujos que estavam no Sereia Esmeralda vissem.
-Não chegamos não.
-Chegamos sim.
-Não de acordo com o mapa.
-Vicenzo, é impossível prosseguir. Não estou com v*****e de voltar nadando até o navio.
-Muito bem. Cuidado ao andar sobre eles.
-Ao O Quê?
-Como você pretende chegar até o mapa?
-Eu não pretendia, esperava que você fosse sozinho.
Vicenzo olhou para ela, como quem dizia: "Sério? Tolinha..."
-Mas... Onde vai estar esse mapa?
-Não sei, mas teremos de procurar não?
Ele saiu do bote e a ajudou a sair também.
-Cuidado onde pisa.
-Ainda bem que estou de botas.
Começaram a andar cautelosos pelo recife, procurando distinguir algo do rosa. Estavam nessa quando de repente Rebecca ouve o som de algo se quebrando, seguido de um grito. Ela correu para o local em que Vicenzo acabara de desaparecer e pelo descuido, acabou quebrando outra parte do recife e caindo também.
O estranho foi que o som não foi de alguém caindo no mar, mas sim um banque s***o. Rebecca observou e viu que se encontrava em uma caverna subterrânea. Então por que ela não se machucara ao cair?
-Tudo bem com você?
Ela levou um susto e notou que o motivo era que havia caído em cima do Matteo.
-Pode se levantar, fazendo o favor?
-Claro, me desculpe.
Ambos se levantaram e puseram-se a observar o lugar.
Era uma típica caverna submersa, úmida, fria, escura, a única luz que se via era a do sol que entrava pelas novas aberturas. Olhando mais ao fundo, o pirata viu uma tora de madeira.
-Ótimo, se tivéssemos fogo.
-Nós temos. Aqui.
Ela apontou para a parte trás da tora, fora da visão de Vicenzo, onde se encontravam fósforos. Ele fez fogo e olharam para dentro da caverna.
-Espero que você não diga 'as damas primeiro'.
-Eu não ia...
Matteo começou a avançar, com a garota em seu encalço.
Eles andaram por um tempo em profundo silêncio, já não se ouvia o mar e o único som era o das botas sobre as pedras. A luz produzida ia iluminando a escuridão, mostrando rochas e rochas. Até que em um certo momento, o túnel virou para a esquerda e começou a ficar íngreme, quando sem aviso voltou ao normal e a caverna acabou. Com a iluminação eles podiam ver uma mesa de pedra, com uma caixa de madeira amarrada a ela com cordas.
-Não queriam que isso saísse daqui.
-E com razão.
Ela se ajoelhou ao lado da mesa e tentou desatar as cordas.
-O que você está fazendo?
Vicenzo a olhava com um ar confuso, e foi com esse mesmo olhar que ela o encarou.
-Temos de soltar, não?
-Claro, mas há um jeito mais fácil.
Ele tirou a espada e cortou as cordas, que rapidamente caíram no chão.
-Se você quer passar por pirata, tem de pensar como um...
Com um olhar atravessado e sem responder, ela foi até a caixa e a abriu. Retirou o pedaço do mapa e mostrou a Vicenzo.
-Levamos a caixa junto?
-Não, os homens não devem notar que trouxemos algo.
-Como se eles já não estranharam a nossa demora de voltar à superfície.
Ela fechou a caixa e a deixou como estava. Eles se viraram e voltaram pelo longo caminho, tomando muito cuidado na descida, que era muito perigosa. Depois de um tempo de caminhada, começaram a ver uma luz ao fundo, que não era produzida pelo archote na mão de Matteo. Eles haviam chegado na saída. Recolocaram tudo no lugar, guardaram o mapa e iam sair, quando notaram que nenhum dos dois alcançava a a******a do teto.
-E agora?
-Fique de quatro.
-O Quê?
-Eu vou te usar como apoio, vai logo...
-Apoio? Já está começando a pensar como pirata.
Ele se ajoelhou e Rebecca subiu em suas costas.
-Ainda bem que você não está de salto. Alcançou?
-Aham. Só que não consigo subir.
Vicenzo levantou o olhar e viu que ela estava com os braços e rosto para fora, mas não conseguia se forçar para cima.
-Desça.
-O quê? Descer?
-É.
Ela desceu e Matteo se levantou. Ele juntou as mãos e as colocou um pouco à frente do corpo, curvando-se um pouco. Rebecca o observou um pouco preocupada.
-Isso seria para...?
-Coloque o seu pé nas minhas mãos e se apoie para subir.
-Você tem certeza de que quer fazer isso?
-Vá logo.
Ela levantou a perna direita e colocou o pé nas mãos estendidas de Vicenzo. Apoiou-se nas costas arqueadas dele e com um impulso, alcançou a superfície. Ele ajudou-a a subir completamente e depois ela que o ajudou.
-Vicenzo, você está bem?
Eles ouviram a voz distante de Alfredo.
-Estou ótimo.
Voltando-se para a jovem, disse:
-Eles provavelmente se perguntam por que a demora para voltar do mar. Somente concorde com o que eu disser.
Ela olhou um pouco desconfiada antes de concordar.
De volta ao Sereia, Alfredo foi a encontro deles.
-Por que a demora? Já pensávamos que vocês haviam morrido!
-Abaixo do recife encontramos uma caverna subterrânea. Resolvemos ver se tinha algo interessante.
-E tinha?
-Nada.
-Então por que a demora?
O pirata só olhou para o companheiro, inclinando a cabeça em silêncio.
A resposta do mais velho foi enrubescer enquanto olhava para a moça e desviar os olhos, enquanto os demais membros da tripulação que estavam ao redor soltaram risadas nada discretas e voltaram ao trabalho.