Venha para Mim

1851 Words
Não fiquei muito tempo na festa após Sunna se retirar. O Alfa foi chamado pelo Beta e outros machos que já tinham bebido mais do que o suficiente para diminuir o discernimento. Notei, também, que muitos machos não punham uma gota de álcool na boca, se mantendo sóbrios e alerta. Mais tarde soube por um m****o do clã que eram os sentinelas, de guada para proteger o clã. De barriga cheia e satisfeita depois de tanto tempo sem comer direito, o meu corpo relaxou e meus olhos m*l conseguiam se manter abertos. Mesmo em meio a tanto barulho de músicas, vozes e gargalhadas, estava cada vez mais difícil me manter desperta. Apenas o suficiente para manter distância da Luna Hira e de suas acompanhantes, sempre vestidas de roxo. Em determinado momento, acreditei que ninguém sentiria a minha falta, já que ninguém parecia perceber a minha presença. Fui me afastando no vale devagar, sem chamar muito a atenção, sem saber para onde poderia ir para dormir. Beta Tabita tinha me dito que um quarto estava sendo preparado para mim, mas eu não sabia onde ficava e precisava muito descansar. Respirei o ar fresco aliviada por finalmente estar longe da multidão. Senti-me um pouco culpada por aquelas pessoas terem me recebido tão bem e eu estar tao contente por me afastar delas. Talvez eu seja ingrata, mas precisava daquela distância. O ar da noite cheirava tão bem, mato, orvalho, vida e liberdade! Caminhei sem rumo alguns minutos, em busca de um cantinho mais confortável para sentar e descansar, Sendo parte do clã, me sentia protegida e segura pela primeira vez. Mais uma primeira vez… Encontrei um gramado que me parecia confortável o suficiente. Escolhi uma árvore de tronco largo, sentei e apoiei as costas nela. De olhos fechados revi os últimos acontecimentos, desde a fuga, me perder de Rebecca, descobrir que estava viva, ser encontrada por Alfa Dérik, a Confusão de sentimentos que ele me causa…. Para ser sincera, ainda não tinha certeza se estava livre ou se apenas mudei de prisão. Após a cerimônia de aceitação, me sentia parte do clã e fui tão bem recebida, que estava motivada a dar o meu melhor para me adaptar a essa nova realidade, cuidar e proteger todos os membros como sendo minha família. Esse sentimento de pertencimento e necessidade de proteger outras pessoas era novo para mim. No fundo, não passavam de estranhos, eu não podia simplesmente baixar a guarda, no entanto, a conexão que tinha com o clã era profunda demais para a minha compreensão. Não tão profunda quanto a conexão com o Alfa. Ainda sentia o calor do sangue dele percorrer minhas veias. Sem falar na voz dentro da minha cabeça que afirmou que ele era… Impossível… Como poderia? Ele era um Alfa poderoso e já tinha uma Luna. Sem falar na aparência. O capricho com que a natureza o desenhou foi aprimorado pelos exercícios de um guerreiro nato. Seus músculos eram desenvolvidos, não apenas por ser um lobo alfa, mas por ser um lutador. Mesmo na forma humana minha altura m*l conseguia alcançar a altura do seu peito. Imaginar o Alfa causou um pequeno sorriso no meu rosto, inconsciente e natural. Ele era bonito e atraente como nenhum outro macho. De olhos fechados tentei me lembrar de cada parte de sue corpo. A sensação de adormecer em seu colo, o calor que emanava de sue corpo e aquecia o meu. Me senti segura, tranquila, como se sues braços fossem o meu lar. As imagens que se formavam em minha mente, do corpo dele junto ao meu, causaram um a sensação diferente na minha barriga. Um calor novo, que se expandia quanto mais eu me lembrava do toque da minha mão no peito dele, nos ombros…. Minhas pernas começaram a tremer, mas minha mente não parou de produzir cada vez mais imagens, abandonando as lembranças recentes e criando novas, inéditas e mais íntimas. Seus olhos azuis encontrando os meus, a mão dele sobre a minha pele… Um desconforto desconhecido entre as minhas pernas me fez juntar os joelhos. A noite fria ficou mais quente e a brisa da noite não acalmava o calor. Movi as coxas, juntando-as ainda mais e senti a minha roupa de baixo molhada. Não sabia o que estava acontecendo comigo, mas não queria que parasse, era uma sensação nova, diferente, e causada apenas pela lembrança do grande alfa do clã dos Lobos Negros. Meu alfa…. — Está tentando escapar de mim, Pequena Luna? Abris os olhos e saltei como uma corsa, ficando de pé na frente do macho que ocupava a minha mente mais tempo do que eu desejaria. Ouvir a sua voz grossa e autoritária quando finalmente estava começando a relaxar foi um susto sem tamanho. Seu olhar era agressivo e ele parecia estar irritado. Não sei o que poderia ter causada tal irritação, mas meu coração bateu acelerado. Ele se aproximou mais de mim, resoluto e determinado. Eu tentei andar para trás, mas minhas costas esbarraram na árvore e fiquei encurralada. Fechei os olhos tremendo que me agredisse, mas estacou a dois passos de distância. Ouvi quando ele inalou o ar ruidosamente antes de se aproximar de mim mais um passo. Seu movimento diferente, mais lento e calculado. — Abre os olhos, Luna! Seu tom de voz também estava diferente, mais baixo, quase um sussurro. Obedeci e me deparei seu peito, o mesmo que tinha fantasiado momentos antes. Em vez de medo, senti a aflição entre as minhas pernas aumentar e juntou as coxas novamente. Ele notou o meu gesto, fechou os olhos e inalou o ar mais uma vez. Quando os abriu, tive a visão mais atraente e aterradora daquele homem. Um de seus olhos estava o azul frio que eu tanto admirava, o outro olho estava completamente preto. Esticou a mão e segurou meu pescoço empurrando um pouco para o lado esquerdo. Aproximou o rosto e cheirou a parte entre o pescoço e o ombro, Ele não encontrou em mim e para minha surpresa, somente a proximidade dele me fez desejar mais. Algo dentro de mim desejava que ele fizesse alguma coisa, eu até mesmo esperava por algo que não sabia o que era. — Teu cheiro é tão… doce, Pequena Luna. Poderia me perder com esse aroma. Ele afastou o rosto do meu pescoço, mas continuou no mesmo lugar. Seus olhos de cores diferentes me fitavam, como se buscassem alguma coisa dentro dos meus. — Eu te fiz uma pergunta, Luna. Ele fez uma pergunta? Quando? Ah, sim… — Você me disse que eu não era uma prisioneira, mas uma m****o do clã, logo, não tenho motivo para escapar…Eh… Alfa. — Comecei respondendo com uma confiança que nunca imaginei ter, até que, no meio da fala, me lembrei de que estava falando com um alfa, aliás, com o Alfa. Ele permaneceu me encarando em silêncio por alguns segundos antes de um sorriso aparecer no canto de sua boca e seus olhos brilharem com mais intensidade. — Vejo que está perdendo o medo de mim e aprecio isso, Pequena Luna. Durante essa conversa, a mão dele continuava em meu pescoço, e seu polegar deslizava pela minha pele, acariciando um ponto entre o pescoço e o ombro que estava deixando a minha mente enevoada e minha parte íntima mais molhada. — Você é meu Alfa. — A frase saiu de minha boca vinda não sei de onde. O sorriso no rosto dele se alargou mostrando os dentes brancos. Seus olhos completamente negros. — Deixe a sua Loba sair para brincar, Nadja! — Disse com a voz mais gutural. Apesar do tom de voz baixo e amigável, soou como uma ordem, e quase perdi o equilíbrio com a força com que sentir o comando em meus ossos. Ele me soltou e ficou parado na minha frente, aguardando que algo acontecesse. Fechei os olhos quando senti uma forte dor na espinha. — Venha Luna, se mostre para mim e farei de você minha fêmea! Sua voz parecia um rosnado e quando abri os olhos, pelos negros se espalharam por seu corpo. Ele estava se transformando, não na terceira forma, mas em seu lobo. Era impressionante a maneira em que ele controlava a transformação, aguardando que eu… Oh, grande Deusa! Minhas pernas se contorcer e gritei de dor. Cai no chão de joelhos. Algo dentro de minhas estranhas queria sair, senti o corpo tão quente que não conseguia raciocinar. Meus ossos quebraram e a dor era excruciante. Minha pele ardia, podia sentir cada poro queimar, aguardando por pelos que não desenvolviam. Apesar de toda a dor que eu sentia, minha transformação não avançava. Não sei quanto tempo passou, mas a dor apenas aumentava e não segurei mais o choro e os gritos de dor. Ouvir passos se aproximando, correndo em nossa direção, o Lobo do alfa rosnou e se posicionou na minha frente, de modo protetor e possessivo. Ele gritouosnou para todos que se afastassem. — Rr…Minha fêmea… Venha para mim! O seu corpo mudou totalmente e na minha frente estava o maior e mais belo lobo que poderia existir, seus pelos completamente negros, na cor dos seus olhos. Ele andou de um lado para o outro, ainda rosnado para qualquer um que se quer olhasse na minha direção. Sentir meus poros se arrebentarem e abri os olhos. Pelos cinzentos começaram a aparecer nas minhas mãos, as unhas caíram, deixando carne viva em seu lugar. — Tragam o óleo de Baco, nosso Alfa reivindicou a fêmea! Corram, antes que a transformação se complete e ele monte nela sem preparação! Os sons ao meu redor pareciam vir de dentro d'água, mas reconheci a voz, era o idoso barbudo. Demorei para entender o significado do que ele dizia e tentei falar algo, mas não conseguia controlar a minha boca. O que estava acontecendo, o alfa reivindicou a minha loba para… Não consegui concluir o raciocínio, pois os ossos da minha perna quebraram em outros lugares. Não conseguia mais gritar, apenas gemer de dor. O lobo do Alfa virou as costas para as pessoas que assistiam à cena e se virou para mim, lambendo o meu rosto. Sua língua em minha pele parecia uma lixa, arranhando a carne dolorida, mas, ainda assim, proporcionavam um pouco de alívio. Os pelos que saiam de meus poros foram ficando tintos de sangue. Eu não tinha muita experiência com transformações, mas aquilo não parecia normal. O Alfa lambei o sangue, e para minha surpresa, encolheu as orelhas e chorou comigo. Ele uivou bem alto, um choro profundo. Ouvi algumas vozes questionando se seu iria morrer… “ Ela está muito fraca, Alfa, é cedo para isso, interrompa a transformação dela.” O lobo rosnou, mas o Beta não saiu do lugar. “ Alfa, não é a hora…” Em meio a minha dor vi a figura do lobo voltar a forma Humana; Olhos azuis marejados me encararam. Segurando o meu rosto, ele ordenou: — Retorne, loba, não é sua hora! Obedeça, agora! Sou o seu Alfa e ordeno que retorne e só volte quando a sua humana estiver pronta! Depois disso, tudo ficou escuro e apaguei.
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