— Ela está madura!
Gritei furioso antes de jogar o jarro de vinho que ele estava me oferecendo contra a parede.
— Alfa, o corpo dela é de menina ainda e seu lobo desejava-
— O que pensa que eu sou, Eli? Ela está pronta, eu sei, eu vi!
Foda-se esse Beta do c*****o! Quem ele pensa que é? Por acaso sou algum pervertido?
Estava angustiado, nervoso, preocupado e principalmente confuso. A minha conexão com aquela fêmea não era nem de longe normal ou simples. Tinha cada vez mais perguntas sem respostas. Tive que ser drogado para soltá-la e deixar que se aproximassem.
Ela estava ferida, ensanguentada, vários ossos fraturados e não estava cicatrizando!
Só depois do velho sonso me dar uma dose extra forte da beberagem dele que consegui subjugar a minha natureza. Tive que deixá-la na minha cama e ordenei Tabita que cuidasse dela, pois, vê-la naquele estado me faria perder o controle novamente.
Diante de tamanha angústia, o i****a do meu Beta ainda estava vomitando bobagens como se eu fosse algum devorador de filhotes!
Nadja não era um filhote, eu tinha certeza disso!
— Viu? Como assim “viu”?
— Eu… — Hesitei por um momento. Confiava em Eli, mas o que eu estava prestes a revelar estava além da minha compreensão. — Eu vi a loba dela, Eli! Ela se revelou para mim!
A culpa era minha, ao ver uma loba Luna por trás dos olhos dela fiquei fascinado. Não pensei em mais nada, precisava ajudá-la a se transformar e tomá-la para mim.
— Mas, Alfa…Como? — ele questionou estupefato.
— E não sei! Os olhos dela, Eli… Eu vi os olhos dela mudarem, de negros para azuis, como os meus. A loba dela tem a cor dos meus olhos nos dela. Foi como ver um reflexo no espelho, mas era ela. É diferente das outras Lunas que conheci, uniu minhas três formas, a minha fera se jogaria aos pés dela se ela ordenasse!
Beta Eli arregalou os olhos antes de se dirigir à porta do meu escritório, onde estávamos. Ele olhou para o corredor, certificando-se de que não havia ninguém por perto e a fechou.
— Alfa, está dizendo que…
— Sim, Eli, minha fera se submeteu a uma loba que ainda nem nasceu!
— Pelos deuses, se os anciãos souberem…— Ele balançava a cabeça de um lado para o outro para ver se o cérebro absirvia as informações com maior facilidade.
— Você pretender abrir a boca? — Perguntei erguendo uma sobrancelha.
— Claro que não, Dérik, você é meu melhor amigo, não apenas o meu Alfa. Jamais te trairia.
— Tanto faz, eu negaria de qualquer jeito. — Tentei sorrir, mas não pude. Estava preocupado demais com Nadja para melhorar o humor.— Não é como se eu me importasse com eles e suas opiniões obsoletas…
— Por que a loba dela se revelou para você? Quer dizer, geralmente isso acontece entre companheiros após marcados…
Ignorei o comentário e prossegui com o meu relato.
— Ela sumiu da festa, pensei que pudesse estar tentando escapar e-
— Ela aceitou o clã, por que escaparia? Deve ter só se afastado do tumulto-
— Vai deixar eu falar ou vai adivinhar? — Ele insistia em interromper, aquele i****a.
— Perdão, Alfa, continue.
Ele pediu perdão, mas estava mais tranquilo e sentou numa cadeira.
Respirei fundo e passei as mãos pelo rosto cansado.
— Quando a encontrei, parecia estar dormindo tranquilamente, enquanto eu estava aflito de preocupação. O suposto descaso dela me irritou profundamente, estava aborrecido, mas aquele cheiro…
— Cheiro? — Questionou com o cenho franzido.
— Cheiro de fêmea no cio. Ela não tinha cheiro de óvulo pronto para ser fecundado, mas o aroma era tão forte e poderoso quanto, tive que me esforçar para a fera não tomar a frente. As minhas três formas unidas, o desejo de possuí-la era descomunal. Quando ela me encarou de volta, os olhos estavam azuis. Era a loba, se revelando para mim. O cheiro ficou mais forte, uma fêmea, Luna e intocada, molhada, no cio bem na minha frente
— Cacete... Qualquer macho sem marca se excita com o cheiro de uma Luna no Cio, não queria estar na sua pele...
— Consegui me segurar por um fio, mas perdi o controle quando ela disse que-
— O que ela disse?
— Que eu era dela.
— O quê? — Ele saltou da cadeira, embasbacado. — Como? Que palavras ela usou, exatamente?
— “ Meu Alfa”!
Ele sentou-se novamente, menos empolgado.
— Hum… Mas Dérik, você é o Alfa dela…
Um i****a!
— Não desse jeito, Eli! Qual é, eu não sou um filhote que fica de p*u duro com qualquer buraco! Foi uma reivindicação!
— Impossível! — Ele levantou de novo, dessa vez, tão chocado quanto eu fiquei.
— Tem mais.Não te disse antes, porque não tinha certeza, porém, a minha fera a reivindicou desde a primeira vez que a vi, martelando na minha cabeça para possuí-la o mais rápido possível, que está madura, e que eu mate qualquer alfa que tente tomá-la de mim!
— Bem… Deve ter uma explicação. Já perguntou ao velho Agar se é possível para um Alfa como você ter mais de uma alma gémea?
— Não! Não tinha como, não sabia que ela sentia o mesmo, mas depois de hoje…. Pelo menos a loba dela aceitou a “fera”.
— Se for possível, Alfa, é uma bênção de Hecate! Nosso clã vai vibrar de alegria! Imagine o alvoroço que será uma Luna de verdade reinado sobre- Merda!
Eli arregalou os olhos e virou-se para mim, o rosto pálido.
Embora ele não tivesse mencionado, nós dois tínhamos o mesmo nome em mente.
Bateram à porta e Eli levantou para abrir. O velho sonso adentrou o escritório com um sorriso enorme no rosto, como se tivesse tirado a sorte grande.
— A pequena Luna está dormindo, coloquei os ossos no lugar, mas. Alfa, creio que o senhor teria que intervir e ordenar a Loba Luna que restaure a humana, ela está se recusando a fazê-lo.
— O que quer dizer? A forma humana está sofrendo e a loba não a quer curar?
— A natureza está punindo a humana, se eu pudesse adivinhar, diria que é um castigo por aprisioná-la no seu corpo por tanto tempo.
— Nadja está aprisionando sua natureza de propósito?
— Não sabemos, Alfa, podemos perguntar quando ela acordar, mas, por hora, recomendo que ordene a loba enquanto a humana está adormecida, se não, a pequena Luna acordará em meio a muitas dores.
A ideia de Nadja acordando mais uma vez em sofrimento me fez seguir direto para o meu quarto. A minha fera rosnou, furiosa com a nossa Luna Loba, imaginando como gostaria de puni-la por se recusar a regenerar a nossa Pequena Luna.
No quarto, o cheiro de sangue impregnava o ar. Tabita e Sunna estavam terminando de limpá-la. A pequena Luna estava nua deitada na minha cama, o lençol coberto de sangue e a pele alva dela destoava do cenário de morte. Tabita correu para pegar um lençol e esconder o corpo dela de nós, mas eu fui mais rápido e a peguei nos meus braços.
Eli teve o bom senso de permanecer de costas.
— Troquem a roupa de cama.— Ordenei com o coração pesado ao ver a frágil Luna naquele estado. A sua pele pálida, lábios arroxeados e ferimentos cobrindo todo o corpo. Se não pudesse ouvir o seu coração bater, pensaria que estava morta.
— Está pronto, Alfa Dérik. — Disse Sunna em voz baixa para não acordar a minha Pequena.
A deitei suavemente na cama e a cobri com um lençol; Estava fria e respirava lentamente. O meu coração apertou e cobri-a mais uma vez com uma das peles dos animais que cacei.
Só então, Tabita fez sinal para que Eli e Agar adentrassem o meu quarto.
— Alfa, precisa fazer logo!
Fechei os olhos, exasperado e respirei fundo. Por mais que as sugestões de punição enviadas à minha mente por minha fera fossem, no mínimo, interessantes, ter que subjugar a pequena Luna que ainda nem nasceu, não era algo que eu desejasse fazer, não fosse estritamente necessário.
Subi na cama, com o corpo dela entre as minhas pernas, segurei o pescoço de Nadja, ainda desacordada e apliquei uma pequena pressão.
Ela permaneceu imóvel.
Abaixei a frente do meu corpo e aproximei a boca da orelha dela.
— Luna, cure a sua humana!
Não houve reação, mas a aceleração nos batimentos de Nadja revelavam que a loba estava ciente e fingindo-se de morta.
— Não quero te obrigar, mas o farei se necessário, cure a sua forma humana, agora!
Ouvi a expressão de espanto de Tabita e olhei para o rosto de Nadja. Os seus olhos estavam abertos, idênticos aos meus. Como não podia deixar de ser, em se tratando de uma Luna de nascimento, ela se recusou a obedecer-me.
A fitei nos olhos e deixei o meu lobo se mostrar a ela. Os olhos negros dele, vidrados nos azuis dela.
— Seja uma fêmea boazinha e obedeça!
Os lábios de Nadja se ergueram sutilmente, revelando pequenos caninos brancos. A jovem Loba estava enfrentando o meu lobo numa clara desobediência ao Alfa do clã. Qualquer m****o que fizesse algo semelhante teria a garganta devorada por ele, mas o lobo estufou o peito de orgulho, antes de pressionar o pescoço dela com mais força.
— Eu sou seu Alfa e te ordeno, Luna Nadja, que cure a sua forma humana agora!
A pequena loba rosnou ferozmente e tentou se soltar das minhas mãos em vão. Enfraquecida e ferida por ela mesma, era impossível que os seus esforços sequer mostrassem algum efeito sobre mim. Após alguns segundos de rebeldia, ela recolheu-se, os olhos de Nadja voltaram a sua cor n***a antes de fecharem. Anda adormecida, os seus ferimentos cicatrizaram rapidamente a nossa frente.
— Já viu algo semelhante antes, velho? — Perguntei sem tirar os olhos dela.
— Não, meu Alfa! A natureza dela deve estar muito irritada com a forma humana para agir de maneira tão autodestrutiva. Nos mostra que Luna extraordinária ela será!