Piquenique

1246 Words
Uma semana passou desde que fui aceita no Clã dos Lobos Negros e não vejo o Alfa com a mesma frequência dos primeiros dias. Ainda assim, ele sempre faz questão de me buscar para a refeição do meio do dia. A rotina segue, com ele me alimentando enquanto me mantém em seu colo. A diferença é que ninguém se atreve a mencionar o meu nome ou algo sobre mim. Tenho a impressão de foram ordens do Alfa. Como Alfa de um grande clã, ele deve ser muito ocupado. No primeiro dia em que ele esteve fora, achei que me sentiria mais livre, porém, me peguei sentindo a sua falta e não escondi a alegra que senti quando ele veio me buscar para comer. O lado bom de ter tempo livre é a afinidade que estou desenvolvendo com Sunna. Ela tem se aproximado bastante de mim e acreditamos ter idade semelhante. Segundo os exames do Lorde Agar, ou “Aquele velho sonso”, como Alfa Derik o chama, tenho entre dezesseis a dezoito ciclos. Beta Tabita e Radit também me procuram para conversar ou dar um passeio, mas tenho a sensação de que, embora sejam gentis, o façam por cortesia, enquanto Sunna parece realmente gostar do tempo que passamos juntas. Uma coisa que notei, é que quando a Beta me chama para passear, sempre me leva para algum lugar onde consigo ver o Alfa, ora treinando, ora se exercitando. Ela também sempre fala dele, enchendo-o de elogios e me mostrando as vantagens de aceitá-lo como companheiro. Radit Faz o mesmo, e Sunna diz que elas são duas alcoviteiras e que ela concorda com elas de que o alfa é um bom partido, mas afirma que me apoia seja qual for a minha decisão, pois ela mesma é fiel ao companheiro dela, e vai se manter intocada até o encontrar Aprendi mais coisas no clã, por exemplo, senhora idosa que trabalha como criada se chama Nadira, e ela foi designada pelo Alfa para cuidar de mim. Traz o meu café da manhã, cuida das minhas roupas e do quarto, mas não fala muito. É estranho ter alguém para me servir, especialmente porque ela é livre e trabalha como servente para o clã desde que foi aceita nele. Ela era uma viúva com um filhote pequeno quando o pai do Beta Eli os encontrou na floresta, cercados por lobos perdidos. Ela é muito grata ao clã, mas como não tinha bens nem posição no clã, se ofereceu para trabalhar como criada. Os criados do clã são livres e levam uma vida digna e honrada, algo que me surpreendeu e me encheu de admiração pelo Alfa e seu modo de governar. Nadira me contou que o Alfa tem dormido em um dos quartos de hóspedes da mansão. Me sinto m*l por tirá-lo de seu quarto, mas ele argumenta que o meu lugar é na cama dele… Batidas na porta me afastaram dos meus pensamentos e corri para atender. — Bom dia, Luna Nadja! Está pronta para o piquenique? Por viajar demais na minha cabeça acabei me atrasando. — Bom dia, Sunna. Pode esperar um pouquinho, ainda não terminei de me vestir. Olá, Rael, com está hoje? Não pude deixar de apertar as bochechas do pequeno alfa bochechudo que estava no colo dela. — Muito bem, tia Luna, mas eu sou Alfa Rael. — Ele disse com o peito estufado e tom solene. — Oh, sim, me perdoa, grande alfa Rael! Apertei a bochecha dele mais uma vez antes de voltar para me trocar. Não tinha passado nem cinco minutos e o mini-Derik já estava reclamando. — Xuna, Poque tia Luna ta demolando? — Porque ela está enrabichada e vaidosa. — Respondeu em tom zombeteiro. — Ei, eu não estou enrabichada, só não sabia o que vestir, nunca fui a um piquenique. Acha que estou bem? Dei uma volta e sorria na tentativa de esconder a minha insegurança. Tantas fêmeas lindas e de corpos lascivos, enquanto eu me sentia uma tábua, sem forma e sem carne. — Hum… Está bem, sim, esse vestido ficou muito bem em você. Pode parecer fraqueza, mas ouvir o elogio sincero de Sunna me fez sentir melhor. Não podia evitar me sentir inferior. Queria dizer que estou acima de expectativas sobre o padrão de beleza ou simples aparência externa, mas Derik era um alfa poderoso e muito atraente. Seu corpo tinha sido esculpido com perfeição e ele já tinha provado muitas das fêmeas do harém e eu temia comparações. Minha mente dizia que ninguém deveria se sentir inferior pela aparência física, mas depois de tantos anos sendo tratada como escrava, sem direitos, recebendo abusos físicos e verbais, gente acaba acreditando… — Obrigada por me dar tanta roupa, Sunna, não sei como te pagar. — Não precisa pagar por nada, boba! Elas não dão mais em mim e ficam melhores em você. Agora, vai me dizer que não está a cada dia mais vaidosa? Ela sacudiu as sobrancelhas, implicante. Escondi meu rosto que certamente estava vermelho, pois ela tinha razão. — Não, ué… eu nem ligo para essas coisas…— Menti. — Não? Então por que está demorando tanto para se arrumar? É só um piquenique comigo e com Rael, não é como se você fosse encontrar um certo Alfa… Seguimos caminho para a área do bosque lateral que ela tinha escolhido para a ocasião. — Luna Hira não se importou de trazermos Rael? — Perguntei quando Sunna o deixou andar sozinho. — Ela não está sabendo. — Sunna! Ela vai ficar preocupada se não o encontrar e não souber seu paradeiro! — Humpf! Não é como se ela se importasse. Nosso pequeno alfa passa a maior parte do tempo conosco, no harém. — Como assim? Ele é tão pequenininho, deve sentir falta da mãe. Certamente, ela deve ser muito ocupada, mas uma mãe sempre arranja tempo para o filhote. — Nadja, tem muita coisa que você ainda não sabe. E não se preocupe, ele não sente tanta falta dela assim, já se acostumou. Olhei para o filhote que caminhava a nossa frente, feliz e alheio a nossa conversa. Vez por outra ele apontava para algum lugar ou alguém e falava em sua linguagem que nem sempre conseguíamos compreender. Quando passamos pela arena, não consegui evitar buscar o Alfa na área de treinamento, porém, estava vazio. Olhei para Sunna, decepcionada e intrigada. No meu íntimo, tinha esperança de vê-lo treinando no caminho… Ela notou a minha decepção. — Oh, você não deve estar sabendo ainda. Houve um ataque contra o clã vizinho e como são nossos aliados, Alfa Derik correu para ajudá-los. Ele levou Beta Eli e uma tropa. — Deve ser perigoso, acha que algo de r**m pode acontecer com eles? — Perguntei, assustada. — Não se preocupe, ninguém pode contra a terceira forma do Afa agora que voltou. Além disso, o Alfa aliado é como o Dérik e também tem o dom. Você vai gostar de conhecê-los. Ele é bonitão, mas do tipo que não fala muito, no entanto, a Luna dele é muito divertida e valente, nem parece que é humana! — Humana? Humanos existem mesmo? — Existem, sim, eu conheci alguns, mas uma Luna de nascimento humana foi uma surpresa para todo mundo. — Nunca vi um humano, muito menos uma Luna humana. — Luna Esmeralda sofreu muito antes de aceitar o Alfa Ares como companheiro. Mas essa história não é minha para contar. Vem, vamos arrumar nosso piquenique perto daquela árvore!
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