Engano

2269 Words
O velho sonso abriu a porta da cabana, que surpreendentemente estava toda iluminada. — Oh, finalmente chegaram, não imaginei que demorariam tanto! — Disse ao nos ver, balançando os braços para entrarmos e apontou para uma cama arrumada. — E sãos duas, terei que arrumar outra cama! Deitei Nadja na cama previamente arrumada enquanto e velho trocava o lençol da outra cama, onde Adanir ficara por tantos dias. — Do que está falando, velho? — Perguntei intrigado, não era como se ele soubesse que iríamos para lá naquela noite. Eu nem deveria estar no território. — Quando o gama levantou de repente com os olhos prateados, ficou óbvio. Não ficou? — O velho sorriu para mim, animado. — Anda, deite a criança aqui, o cheiro do companheiro dela vai ajudá-la a melhorar mais rápido. Aliás, Eli, onde está o Adanir? — Ele foi levar o General Azis para a prisão, foi ele o traidor que atacou as fêmeas. — Azis… — O velho cofiou a barba pensativo, — sempre soube que era uma maçã pobre, mas não pensei que era burro. As pessoas não param de me surpreender… Observei o velho com crescente irritação, ele não pareceu surpreso quando chegamos com as fêmeas. O que ele sabia e como sabia? Enquanto me questionava a respeito de Agar, ele veio até a cama onde Nadja estava deitada e a minha reação instintiva foi agarrá-la de maneira protetora e rosnar para que ele mantivesse distância. Ele riu alto. — Bom menino, Derik, finalmente a marcou! A sua natureza vai ficar extremamente possessiva nos próximos dias, esteja preparado. — Por que não está nem um pouco surpreso com isso? — Por que estaria surpreso? Nunca duvidei de que era capaz de marcá-la, embora, algumas vezes, temi que pudesse estragar tudo por sua falta de fé na terceira forma! Ele estava certo, a minha fera a reconheceu desde o primeiro instante em que a viu, repetiu infinitas vezes que era nossa, que não havia outro macho para ela. Confiei apenas na dor que senti no passado e no medo de me iludir com o que estava sentindo. Agar tentou se aproximar mais uma vez, e a fera rosnou tão alto que estremeceu o jarro de água que estava na mesinha do lado da cama. Foi a primeira vez que vi o velho sonso com medo. — Perdão, meu Alfa, manterei distância da sua Luna. Eu não fiz de propósito, a fera da minha natureza estava agarrada em Nadja, ainda consumida pelo medo de perdê-la para a morte ou para outro macho. Mesmo sabendo que Adanir estava apenas protegendo a sua Luna, o choque que tomei ao vê-los era recente demais para não ter efeito no comportamento dela. O velho sonso saiu do quarto por alguns segundos e retornou acompanhado de uma de suas aprendizes. Uma senhora de meia-idade que costumava ocupar a posição de parteira chamada Sifrá. — Meu Alfa, permita que Sifrá cuide dos ferimentos de Luna Nadja. Veja, ela continua sangrando e o senhor quer o melhor para ela, não quer? Embora estivesse na forma humana, as três naturezas estavam unidas e tinham o mesmo desejo de ficar com Nadja e não deixar que ninguém a tocasse. Eu deveria ser a parte mais racional, mas a conexão incompleta deixava-me obcecado pela minha fêmea. — Sifrá é uma parteira, meu Alfa, ela será responsável por trazer os seus filhotes ao mundo no futuro próximo, com as bênçãos da grande deusa! O velho sonso era esperto demais, não tinha como negar isso. Tanto o lobo como a Fera se entregaram a imagem doce dos nossos filhotes, de Nadja com o ventre inchado com a nossa cria. Lentamente a soltamos na cama, porém, permanecemos por perto, respirando no pescoço da parteira, por precaução. O velho sonso foi cuidar de Sunna, cuja loba estava desperta observando tudo o que estava acontecendo. Estava assustada e trêmula, o r**o entre as pernas, enroscada em si mesma e a cabeça escondida por uma das patas. A lado dela estava sentado meu Beta, assistindo a tudo calado. Ele era inteligente o suficiente para não correr o risco de me irritar. Era um macho, eu não queria machos perto de Nadja. Voltei a minha atenção para a minha fêmea. Linda a minha pequena Luna. Estava pálida e parecia tão frágil que tive que segurar a vontade de escondê-la em meus braços novamente. Oseias e Amurab estavam mortos e se eu pudesse, o mataria de novo. O fedor deles estava sobre a minha fêmea, era evidente o que os desgraçados intencionava fazer. Adanir me fez um favor ao matá-los, mas fariam um favor maior ainda se os tivesse mantido com vida. Sifrá limpou o sangue da boca de Nadja, o sangue não era dela, mas de um dos machos. Brava a minha Luna. Tão frágil e ainda assim guerreira. Eu deveria estar com ela, era para eu ter matado os desgraçados! Um rosnado alto saiu de dentro de mim e Sifrá deu um salto para trás, assustada, e se ajoelhou no chão. — Perdão, meu Alfa, cometi algum erro? Ela não fez nada errado, a raiva da minha natureza não lhe estava direcionada. Gesticulei para que continuasse a tratar a minha fêmea. Precisava sair dali, estava atrapalhado. Nadja precisava de cuidados e eu poderia voltar depois, quando Sifrá e Agar terminassem os seus trabalhos. Não foi fácil sair da cabana, a conexão incompleta criava uma dependência entre as almas gêmeas e nunca imaginei que seria tão forte. Segundo o velho, assim seriam os primeiros dias. Que a Deusa faça a minha pequena Luna acordar em breve, ou acabarei matando membros do meu clã, inocentes ou não. Precisava gastar energia, correr na floresta serviria para espairecer. Saí da cabana e encontrei Adanir com a cara grudada no vidro da janela do quarto. — O que faz aqui, gama? — Eu… Como ela está? — A quem se refere, Nadja ou Sunna? — As duas, preciso saber como ambas estão! — O velho está cuidando delas, não estão em perigo, mas estão machucadas. Por que não me contou que ela era sua? — Eu… Eu não podia, Alfa. — E por que não? Perguntei erguendo uma sobrancelha. — Você se lembra quando ela nasceu? — Não sei se ele pretendia que eu respondesse, então, fiquei quieto para que ele continuasse. — Estávamos treinando escondidos, longe do i****a do seu primo. Ouvimos o grito da mãe dela e corremos pra lá. Mesmo naquela época era difícil para nossas fêmeas emprenharem e Zafira estava fraca no final da gestação. Quando chegamos, ela estava caída no chão sobre uma poça de sangue, implorando para que a ajudássemos. — Fiz que sim com a cabeça, me lembrava daquele dia.— Você correu para chamar Lorde Agar, eu fiquei lá com ela. Ela sabia que ia morrer, Derik. Ela me fez prometer que eu cuidaria do filhote, que o protegeria e o ajudaria a crescer. Ela sofreu muito de dor. Quando vocês chegaram, você parecia perdido, correndo de um lado para o outro com água, toalhas e trapos. Lorde Agar a segurou por trás, ajudando-a a empurrar o filhote pra fora e eu… eu não tinha mais do que catorze anos, Derik, mas fui eu que aparei o bebê. Ela era tão pequena, ffraca e não respirava. Eu me tremia de medo de derrubar o filhote. — Zafira estava morta antes mesmo de parir, foi um milagre o velho conseguir completar o parto empurrando a barriga dela. — Disse quando a memória ficou mais vivida na minha mente. — O bebê também parecia estar morto, Derik. Ela não se mexia, estava tão roxa quanto a mãe caída nos braços de Agar. “ Bate nela, Adanir, faça ela chorar!" — Eu bati, e bati de novo, e então, ela sugou o ar e encheu os pulmões. Sua pele roxa e fria clareou e eu senti, Alfa. Quando a alma dela chegou ao corpo, eu senti que ela era minha! — Você sempre soube que ela era sua alma gêmea? — Perguntei surpreso. Ele respondeu que sim com um movimento de cabeça e um sorriso triste. — Era o bebê mais lindo, perfeita, com nariz pequeno, olhos grandes e cabelos da cor do fogo arrepiados para cima. — Ele riu e uma lágrima escorreu por seu rosto. — Como passar do tempo, o meu amor por ela aumentava. Cada vez mais linda, doce e meiga. — Por que não contou para ninguém, nem para mim, nem pra ela? — Eu só queria que ela fosse um filhote livre, que brincasse sem a preocupação de saber quem era o seu companheiro quando ela nem era capaz de entender tal conceito. Eu contaria quando chegasse a hora, então…. Meu lobo nasceu, minha natureza muito mais possessiva do que eu. Foi fácil no início, ele também a via como filhote, mas, quando o corpo dela começou a mudar, o meu lobo percebeu. Ficou mais possessivo, impaciente com qualquer macho perto dela. Eu fiquei com medo, Derik, temi que ele, sendo apenas animal instintivo, machucasse Sunna. Me afastei, mantive distância dela o máximo que pude. Tudo piorou quando, no dia da comemoração dela de sete ciclos, ela correu para os meus braços, estava chorando e não me dizia o que tinha acontecido. Ela me pediu para levá-la para a minha casa e o meu lobo sugeriu pela primeira vez que a marcássemos Sete ciclos, Alfa! Era um filhote! Ele não pensava em acasalamento, nem a via como fêmea ainda, mas a marca já seria invasiva demais para um filhote! Ela me chamou de irmão… “ Vocé meu irmão mais velho e tem que cuidar de mim!” — Não queria que o meu lobo se tornasse pervertido, nem que ela me visse como irmão, então, anunciei que sairia em busca da sua Luna. — Eu sempre acreditei que você estava interessado em encontrar a sua companheira mais do que a minha Luna. — Comentei o que pensei na época. — Sempre amei Sunna, Alfa. Mas ela…Nunca pensei que ela me trairia! — Ela nunca te traiu, Adanir, ela nunca participou das orgias. — Era triste e patético assistir um lobo tão forte chorar como um filho desmamado. Anos atrás, era eu quem chorava no ombro dele. — Quando ela completou dezesseis ciclos, eu decidi relevar nossa conexão, achei que ela já sentia alguma atração por mim pela maneira em que me assistia treinar, mas quando fui para o harém procurar por ela, Hira disse-me que ela concordou em aceitar general Azis quando a loba nascesse. Eu não quis acreditar, mas Hira contou-me em segredo que Sunna queria acasalar com o macho que tivesse mais ouro, para ganhar presentes. Eu m*l pude acreditar no que ouvia. Se essa era a vontade dela, que assim o fizesse! Não tenho ouro, Alfa, dediquei a minha vida ao clã e ….Sou um macho com trinta e um ciclos completos e nunca toquei uma fêmea, esperado por ela. Pensei em rejeitá-la quando vi… — Não pode rejeitar a sua alma gêmea! — Disse com firmeza. Nunca permitirei que um lobo cometa um ato tão i*****l no meu território. — Você faria o mesmo se visse o que eu vi! Azis estava montado nela, eles estavam… — Eu não rejeitaria Nadja por acasalar com outro macho antes de eu marcá-la. — Por mais que odiasse a ideia dela com outro, nunca abriria mão da minha fêmea. — Eu o mataria e a marcaria, depois montaria nela em cima do cadáver do macho que a tocou. Eu meteria com tanta raiva que a b****a dela nunca esqueceria a punição e ela gozaria até esquecer o próprio nome e nunca aceitaria outro pênis dentro dela depois do meu. — Não só por causa de sexo, Derik! A loba criou um vínculo com ele, estava prestes a aceitar a marca! Antes mesmo de esperar por mim! Tudo isso por causa de ouro?— Sua voz fico mais alta, alterada pela mágoa. — Ela estava aceitando Azis em cima dela, empinada para aquele desgraçado! Eu devia ter deixado eles fazerem o queriam fazer, era a escolha dela, não era? Meu lobo não permitiu e atacou Azis no meio do que eles estavam fazendo. Ela me traiu, Alfa, eu entendo escolher Azis para aliviar o primeiro cio, mas como ela pôde criar um vínculo com ele? Ele tinha razão, o que ela fez foi mais grave, mas não consigo imaginar Sunna tão mercenária quanto ele acreditava que ela era. — Nesse caso, eu não o mataria, eu o faria sangrar e foderia com ela na frente dele repetidamente enquanto ele teria que assistir como um macho de verdade fode a sua fêmea. Mas gama, a culpa é sua! Se tivesse dito a ela que era o macho dela, nada disso teria acontecido! Além disso, acabei de sair do quarto e Sunna ainda é virgem! O único cheiro que sai do meio das pernas dela é seu. Adanir engoliu em seco antes de me olhar, em dúvida. — Tem certeza? Quando o meu lobo a tocou, eu… não havia rastro de outros machos, mas eu não tinha certeza… — Se não estivesse perdendo tempo com pena de si mesmo, poderia estar conversando com ela agora, para entender melhor o que aconteceu. Por anos acreditei que minha fêmea estava morta, a sua está viva e você está aqui fora, criticando a sua por causa de um general de merda que você vai poder torturar a vontade. Ele exibiu um pequeno sorriso c***l. — Ah, eu vou torturá-lo, Alfa, posso te assegurar que ele viverá muito tempo, ainda…
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD