Eu sou Luna

1564 Words
Recapitulando: Ele Adanir engoliu em seco antes de me olhar, em dúvida. — Tem certeza? Quando o meu lobo a tocou, eu… não havia rastro de outros machos, mas eu não tinha certeza… — Se não estivesse perdendo tempo com pena de si mesmo, poderia estar conversando com ela agora, para entender melhor o que aconteceu. Por anos, acreditei que a minha fêmea estava morta, a sua está viva e você está aqui fora, criticando a sua por um general de merda que você vai poder matar ou torturar a vontade. Ele exibiu um pequeno sorriso c***l. — Ah, eu vou torturá-lo, Alfa, posso te assegurar que ele viverá muito tempo, ainda! — Agora está começando a pensar direito, meu amigo! Desconte a sua raiva nele, depois, terá meios mais agradáveis de "punir" a sua fêmea, se esse for o caso. Para ser honesto, não sabia o que dizer a ele, a minha fera estava me torturando internamente, exigindo voltar para junto de Nadja. Não tinha cabeça para consolar ninguém, a fêmea dele estava viva, inteira, já era motivo para agradecer a grande Deusa, muitos de nós não têm essa sorte. — Como encontrou a Luna, Alfa? — Ele perguntou, o rosto menos angustiado. — Ela que me encontrou, na verdade. Estava na fronteira das nossas terras perto do rio. Quero conversar com você sobre ela mais tarde, agora preciso acalmar a minha natureza. Quer gastar energia correndo comigo? — Não, Alfa, obrigado, mas… acho melhor ver como Sunna está. Boa escolha, ela precisava dele e eu queria ficar sozinho. ****** ELA “Você precisa voltar a forma humana para conversarmos.” A voz repetia a mesma frase, cada vez mais frustrada e autoritária. “ É tão difícil mostrar um pouco de respeito por mim, Sunna?” O gemido de tristeza da loba da minha amiga fez com que eu despertasse. Abri os olhos e me deparei com as costas largas de um macho escondendo Sunna do meu campo de visão. Meu corpo estava dolorido, a minha cabeça latejava e sentia uma forte sensação de quentura no meu pescoço. A minha boca estava seca e a língua parecia inchada. Falar foi um grande esforço e minha voz soou baixa e fraca. — Gama? Ele virou-se na minha direção e se ajoelhou diante de mim. A postura de um cavalheiro, um joelho no chão e a mão direita sobre o peito. Os seus olhos brilharam prateados mais uma vez. A nossa conexão era forte, minha loba revelou-se para ele através dos meus olhos e eu sabia, sem a menor sombra de dúvidas, que podia confiar nele. Era o lobo cinzento… Ainda assim, era por demasiado estranho ter um homem quase tão grande quanto o Alfa se prostrando ao me ver. — Minha Luna, Primeiro general gama Adanir ao seu dispor! — Por favor, Adanir, levante-se! Não faça isso de novo, eu fico sem graça. — É como devo em apresentar, Luna! Não sabe o imenso prazer que sinto ao vê-la bem e com vida! Peço perdão por não a proteger adequadamente no passado. Acreditei que estivesse morta. — Eu não me recordo de nada, mas os seus olhos… Lembro-me de estar caminhando, sentir a areia quente sob os meus pés, tecidos finos e leves cobriam o meu corpo. O vento quente e seco como a areia, eu estava com muita sede e me afastei do grupo em busca de água, quando um lobo saltou diante de mim, impedindo o meu caminho. Quando me olhou, os seus olhos brilharam da cor da prata mais pura. Não há mais nada depois disso. — Eu e os meus homens te encontramos no deserto no sul, muito longe daqui. Um grupo de beduínos nômades, comerciantes ilegais, traziam escravos. Filhotes sequestrados, vendidos ou abandonados por suas famílias. Mesmo não me lembrando do que ele dizia, uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Teria a minha família me vendido como escrava? Enxuguei a lágrima antes que o gama notasse a minha fraqueza, e ele continuou o seu relato. — Eu a reconheci como a minha Luna e segui a caravana por dias, aguardando uma oportunidade de capturá-la. Tinha comigo apenas cinco lobos, não éramos páreo para um confronto direto. Quando você se afastou do grupo com duas ômegas para pegar água no poço, conseguimos capturá-las em silêncio e a levamos para a cidade litorânea. As ômegas disseram que você tinha sido sequestrada, que a sua família era abastada, mas não tínhamos tempo de procurá-los, a caravana viria atrás de vocês. Fretamos um navio com todo o ouro que tinha comigo e mandei mensagem para Dérik com as boas novas. — Alfa Dérik sabia que eu era a luna? — Perguntei com o peito dolorido de decepção. — Dérik nunca chegou a te conhecer, Luna Nadja. Houve um motim no navio, mercenário viraram-se contra o capitão. Eu estava na cabine do capitão quando aconteceram as explosões. Eu corri, minha Luna, te procurei pelo navio inteiro, mas você tinha desaparecido. Caí no chão com uma forte dor no peito e uma das ômegas, sua serva, disse-me que você tinha sido atingida e que estava morta. Eu não cumpri a missão dada pela Deusa, mas tentei achar o seu corpo, para que o Alfa pudesse ter o seu luto em paz. Não encontrei, o mastro desabou sobre mim, quando acordei, estava num bote salvo por membros do meu clã. — Não entendo… Por que a minha serva diria que eu morri? — Não sei, Luna….Derik morreu um pouco naquele dia. Eu não tive coragem de dizer-lhe que você era apenas um filhote, a dor dele seria maior ainda. Ele não fez perguntas, eu não disse nada além de que você tinha se perdido no mar. — Esse é mesmo o meu nome? Nadja? — Quando te capturei, você estava apavorada e não falava. Cheguei a imaginar que era muda. Sua serva também estava apavorada e me revelou apenas que eu me arrependeria se fizesse m*l vocês, porque era de família muito rica. Foi Lorde Agar quem me disse que seu nome é Nadja quando despertei. Despertei por sua causa… — Minha causa? — Sou o seu gama, quando está em perigo de morte, posso sentir. Despertei com a minha natureza no controle e Lorde Agar gritou enquanto eu corria atrás de você. “ Gama, o nome dela é Nadja!” Ficamos em silêncio por uns instantes, enquanto eu tentava digerir todas as informações. O principal choque na minha mente era que eu era a alma gêmea do Alfa Derik, ele era o meu macho. Levei a minha mão ao pescoço, senti a marca dele com a ponta dos dedos. Ainda sensível e dolorida, porém, carregada de emoção e significado. “ Meu” Disse a voz na minha cabeça, orgulhosa. Ele me marcou, sem cerimônia ou cortejo. Não foi assim que imaginei que seria marcada por meu companheiro… Um gemido triste trouxe-me de volta a realidade. O gama e eu viramos na direção de Sunna, cuja loba parecia muito menor do que eu me lembrava, de tão encolhida em si mesma que ela estava. — Sunna, está bem? — Tentei me levantar, mas meu corpo desabou de volta na cama. Minha amiga olhava para o gama e eu podia ver dor nos seus olhos. — Gama Adanir, obrigada por salvar a minha amiga daquele pervertido! — Perdão, Luna, mas Sunna não parecia estar em perigo… — Ele respondeu com amargura e Sunna choramingou e escondeu os olhos com a cauda. — Do que está falando? Aquele desgraçado queria marcá-la a força! — Ele balançou a cabeça, desacreditando das minhas palavras. A minha Loba rosnou indignada. O gama abaixou a cabeça para mim e pediu perdão. — Com todo o respeito, Luna, Sunna estava bastante receptiva aos avanços do general Azis quando entrei na cabana. — Oh, Não! — Será que o que eu mais temia tinha acontecido? — Ele conseguiu machucá-la? Sunna, perdoa-me por não o impedir de abusar de você! — Ele não consumou o acasalamento, se é isso que te preocupa, Luna, mas não creio que Sunna mereça a sua preocupação nem o seu pedido de desculpas quando ela mesma criou um vínculo com ele e estava, como eu disse antes, receptiva aos avanços dele. — Não é verdade, Gama! Como pode dizer algo tão c***l? Sunna tem nojo do general Azis, nunca aceitou os avanços dele! Não sabe como foi difícil ver a minha amiga perder a cabeça e a sua loba acreditar que ele era o companheiro dela! — Ela é minha! — Ele vociferou, o seu lobo mostrando-se nos seus olhos. — Sunna é sua alma gêmea?— Perguntei agradavelmente suroresa. Minha amiga tinha o macho mais confiável de todo o clã, e seria a minha gama fêmea, o equivalente ao Beta para o Alfa! — Sim, Luna! — Ele respondeu amargurado. — Oh… não deixe o ciúme te cegar para a realidade, Adanir! Sunna se guardou para você, ela jamais aceitou os avanços do general. — Ela concordou em deixá-lo ser o primeiro macho dela quando a loba nascesse…— Ele murmurou com as mçaos fechadas em punho. — Mentira, quem disse isso, aquele pervertido? Não acredite nele! Sunna nunca o aceitaria! — Luna Hira disse que- A voz que o interrompeu não era minha, mas da minha natureza, firme e autoritária. — Ela não é luna, eu sou Luna!
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