A Luna

2368 Words
ELA — Você quer a mim?— Perguntei incrédula. O que um Alfa tão bonito e poderoso iria querer com alguém como eu? Ele mencionou um vínculo entre minha loba e o lobo dele, mas eu não sentia a minha natureza direito, tudo aquilo, incluindo a existência dela, era novidade para mim. Ele levou a minha mão até seu peito. — Feche os olhos e se concentra! Obedeci. De olhos fechados, tentei me conectar à minha natureza, mas não obtive resposta. Sem a ajuda dela, me concentrei nas batidas do coração dele. O calor de seu corpo se unia à minha mão e percorria meu braço, se espalhando dentro de mim. O toque parecia insuficiente, mas correto. Senti o impulso de me aproximar mais, para que não apenas a minha mão o tocasse. Quando abri os olhos, ele me encarava com um pequeno sorriso. Para minha surpresa, meu corpo estava totalmente inclinadona direção dele. — O que sentiu? Abaixei a cabeça, envergonhada. Não tinha a menor intenção de revelar para esse Alfa arrogante que senti vontade de muito mais de que apenas o tocar com a mão. Anda assim, creio que ele já soubesse, se a maneira como seu pequeno sorriso se converteu em um sorriso cínico puder ser considerado um indicativo. — O senhor é um Alfa, é normal que fêmeas sintam atração pelo macho mais forte…. — Assim como você é uma Luna, e é normal que machos não marcados sintam atração pela fêmea mais forte. No entanto, o que existe entre nós, não é apenas atração. — Como pode ter certeza? Ele segurou uma mecha do meu cabelo e olhou para ela como se fosse algo intrigante. — Se fosse só atração física, eu iria querer apenas f***r você até enjoar. — Nossos olhares se encontraram com tamanha intensidade que não conseguiria desviar. — Eu não creio que enjoaria de te f***r nunca, mas independente do t***o que tenho por você, nossa natureza não criaria vínculo. As palavras cruas e vulgares dele me deixaram encabulada, especialmente porque causaram uma forte reação entre as minhas pernas. Não sabia que era tão difícil raciocinar com a parte de fêmea pulsando de desejo. — Eu… Eu não sei o que dizer. Estava sendo sincera, era informação demais em pouco tempo. Uma parte de mim desejava o Alfa, não tinha como negar, mas, outra parte questionava tudo o que ele estava me dizendo. Se pelo menos minha ela se comunicasse comigo… — Pode começar me dizendo o que pensa em ser marcada por mim? — Ele olhou para o meu pescoço como um lobo faminto olha para um pedaço de carne. — Eu… — Comecei a falar, mas mudei de ideia, temendo o quão zangado ele poderia ficar com a minha pergunta. — Fala o que está na sua mente, não há nada a temer. O jeito que ele me olhava, o tom de voz que usava para falar comigo, eram diferentes de todas às vezes que interagimos. Ele estava mais gentil, tranquilo. Não poderia negar que estava se esforçando para mudar a impressão que seu lobo tinha deixado. — Posso ser realmente sincera? — Respirei fundo e perguntei, olho no olho. Se ele estava pedindo sinceridade, então, eu a serviria para ele. — Sempre! — Luna Hira tinha a sua marca no pescoço quando cheguei no clã, também ouvi quando ela cobrou que a marcasse novamente na cerimônia. Você diz que não tem um relacionamento com ela, mas não é que parece. — Realmente não é o que parece. Escolhi Hira para ser a luna do clã, pois precisávamos de uma, as fêmeas precisavam de alguém para liderá-las, faz parte da tradição deixada por nossos antepassados. Franzi as sobrancelhas, insatisfeita. A resposta dele não explicava nada! — Mas continuou se relacionando com ela e marcando-a como sua! — Pequena, escuta o que estou dizendo, não há sentimentos entre nós. Ela é uma das fêmeas do harém, uma boa f**a, você viu a cerimônia Saturnal, todos nos unimos através do sexo apenas pelo prazer. Sexo era parte da cultura de nossa espécie, Rebecca tinha me falado sobre, mas os gritos de dor e desespero dos ômegas me causou péssima impressão, fazendo com que eu desejasse jamais me unir a um macho sexualmente. Ela dizia que nossa espécie, especialmente a forma de lobo, tinha o sexo como ferramenta de alívio de stress, controle, demonstração de força e poder, posse, e subjugação. Eu sabia de tudo isso em teoria, mas, na prática, a ideia de outra fêmea tocando nele revirava o meu estômago. Por mais que tentasse aceitar que ele era um macho solo e livre para usar quantas fêmeas desejasse, não mudava que, além do sexo, houve a tentativa de marcá-la. — Então, por que a insistência em marcá-la? A reação dele foi simplesmente dar de ombros. — Ela é a mãe do meu filhote e Luna do clã, como eu não tinha mais esperança alguma de encontrar uma companheira, não fazia diferença. Seria apenas mais uma passo, sacralizando-a como Luna. Fortaleceria o vínculo dela comigo e com o clã. — Se já tem uma Luna, o que quer comigo de verdade? Não sei o que me incomodava mais, saber que ele teve uma história com ela, ou a maneira com que ela tomaria um lugar que nunca foi dela… Uma fúria crescia dentro de mim, a sensação de forte calor em meu ventre, como um vulcão prestes a entrar em erupção. Ele segurou o meu rosto entre suas mãos, sorridente, e me olhou nos olhos. Sua expressão era de quem estava prestes a dar uma boa notícia, o que eu não imaginava é que as palavras que seguiriam seriam o contrário de agradáveis aos meus ouvidos. — Eu quero você para mim, marcá-la como minha companheira. Será somente minha e eu serei seu. Hira foi nomeada Luna, é o cargo político dela. Você não precisará se aborrecer com essas coisas, apenas ser minha fêmea. Minhas mãos se fecharam em punho. Como ele poderia me oferecer uma atrocidade dessas sorrindo? Aquela fêmea que ele escolheu como líder, e eu sendo o quê? — Não sou uma parideira para te servir sexualmente, Alfa! Como se atreve a falar comigo como se eu fosse uma qualquer? ***** ELE Não pude acreditar nos meus ouvidos. Que tipo de reação era aquela? Ofereci a ela um relacionamento de exclusividade, onde ela me teria só para ela. Nunca a vi como parideira, mas como minha fêmea. — Nadja? Quando me encarou, seus olhos tinham mudado, o azul indicava que a loba tinha tomado o controle do corpo ainda na forma humana. — Escolheu uma impostora para o meu lugar e ainda afirma servir a grande deusa? Minha natureza se uniu em alegria. A luna estava viva e desperta, se mostrando para nós. Com ela cada vez mais forte, em breve poderíamos marcar a cerimônia de nossa união. — É você! Bem-vinda de volta, lobinha! Abri os braços para abraçá-la, mas ela levantou e se afastou. Seu rosto uma expressão de desgosto e desprezo. — Se refira a mim como Luna, Alfa! Era uma ordem direta e meu lobo se ergueu dentro de mim se sentindo desafiado para o aquela que escolheu como companheira. — Se coloque no seu lugar, Loba, está falando com o seu Alfa! Ele disse através da minha forma humana. Nossos olhos se encontraram, os do meu lobo, negros como o de Nadja, os da Lona Luna, azuis como os meus. — Estou falando com um lobo que nomeou uma parideira para o meu lugar e quer convencer a humana a aceitar o lugar de parideira! Como líder do clã, o lobo não toleraria desrespeito de ninguém, nem mesmo da fêmea que queria marcar. Ela deveria servir de exemplo para as demais fêmeas e não se mostrar rebelde e caprichosa. Embora não tivesse sentimentos por Hira, ela era a Luna do clã, nomeada e escolhida por mim, e deveria ter sua posição respeitada por todos, incluindo Nadja! O lobo me surpreendeu tentando ser paciente. A culpa por machucá-la impulsionava um comportamento tolerante para com a jovem fêmea. — Você é nova no clã, essas são nossas leis. Você é a minha fêmea, mas Hira é sua Luna! Disse com calma, mas firme. Ela riu, como se tivesse escutado uma piada. — Hira é uma v***a impostora com quem você se deitava e tentou marcar no meu lugar! Ela cuspiu próximo aos meus pés e o lobo rosnou alto, com raiva e decepção. Nadja se mostrava humilde e submissa, mas sua loba nada mais era do que arrogante e interessada em escalar de posição no clã que tinha acabado de entrar. — Você vai me respeitar, loba! Não me interessa se é uma Luna de Nascimento, eu sou o seu Alfa! Submeta-se a mim, não me force a puni-la! — Você deveria ser punido pela dor que me causou cada vez que marcou essa impostora enquanto eu estava nas mãos de outros machos! Ela estava me culpando pelo que aconteceu com ela? — Se submeta, Nadja! Não me obrigue a fazer algo que nós dois nos arrependeremos! Pressionei mais a minha mão em sua garganta, impedindo a passagem de ar. Pelos negros saiam por meus poros, o lobo lutando para ganhar o controle e submetê-la a sua autoridade. Eu não podia deixar que ele tomasse a frente, lobos são predadores instintivos e amorais. Não poderia permitir que ele a forçasse a se submeter a ele como lobos machos fazem com fêmeas na natureza. — Curve a sua cabeça, Nadja, se submeta! A olhei nos olhos, buscando a forma humana para que recuperasse o controle do corpo. Seus olhos azuis rolaram para cima, apenas o branco do globo ocular exposto. Seu corpo convulsionou e retirei a pressão, usando as duas mãos para segurá-la. Nadja convulsionava no chão, saliva em forma de espuma saindo pela boca. A peguei nos braços e deitei na cama, mas a convulsão apenas piorou. Senti dor e um medo que nunca me imaginei capaz de sentir. Seu coração batia rápido demais, o corpo se contorcia como uma boneca de pano. A segurei em meus braços, sem saber o que fazer. Ela estava em dor, eu podia sentir a dor dela, como se fosse meu próprio corpo se debatendo. De repente, ela ficou imóvel, o coração fraco e a respiração falha. Gritei por ajuda o mais alto que pude. Ela estava pálida, seu corpo desfalecido perdia o calor. Ela estava morrendo em meus braços e eu não poderia suportar essa dor mais uma vez. *** A porta do meu quarto abriu e o Velho Agar entrou apressado, olhos atentos em alerta. — Velho, salve a vida dela! Não deixe que ela morra! — Ordenei, depositando minhas esperanças nele. Ele a observou por uns segundos, cofiando a barba. Não conseguia entender como ele poderia estar tão calmo enquanto a Pequena Luna morria diante de mim. — Ela não vai morrer, Alfa, se acalme, pegue um balde rápido, ela vai vomitar me breve. As palavras dele me acalmaram e corri para pegar o balde vazio perto da banheira. Entreguei o balde e sentei na cama e deitei a cabeça dela sobre minhas pernas. Seu corpo convulsionou mais uma vez e, ainda desacordada, expekiu o contepudi do estômago. — O que ela tem, velho? — Perguntei ao ver o vômito composto de um líquido preto e gosmento. Aquilo não parecia normal, mas o velho continuava tranquilo. — Nada demais, só uma reação ao unguento que coloquei na ferida dela mais cedo. — O que tinha nesse unguento? Ele deu de ombros. — Ervas cicatrizantes e uma poção para libertar a loba. Finalmente ela parou de vomitar e a deitei de volta sobre minhas pernas. O velho me entregou um lenço que usei para limpar o rosto dela. Estava fria, pálida, os lábios arroxeados, somente o movimento sutil de seu peito indicava que estava viva e respirando. — Você causou isso a ela? — Eu te avisei, Derik, que ela precisaria dos meus serviços! Ele deu de ombros de novo e, assobiando, vasculhou sua valise em busca de algo. — Está louco, velho? Isso poderia tê-la matado! — Matado nada, é inofensivo, mas serviu para te dar um baita susto, não foi? Agora, me conte o que aconteceu! Ela se encolheu em meu colo e esfregou o rosto na minha coxa para inalar a minha essência. . Estranhamente, minha natureza estava em silêncio. Nem o lobo, nem a fera se manifestavam. — Estávamos conversando sobre nos aceitarmos mutualmente. Parecia estar tudo indo bem, até que a Loba dela apareceu de repente, desafiando a minha autoridade. Uma Luna de nascimento não deveria ser tão desrespeitosa! — Oh, não? — Ergueu uma sobrancelha e seu olhar era divertido. — Claro que não! Ela deveria ser dócil, submissa e obediente, como se espera de uma fêmea, a mãe do clã! — Hm…Quantas lunas de nascimento o senhor conheceu para se tornar especialista? A deitei na cama em uma melhor posição e ela segurou o meu braço. Interpretei o gesso como um desejo inconsciente dela de que eu não me afastasse. Sentei ao seu lado, as costas na cabeceira da cama e ela me abraçou. — Isso é o que se espera de uma Luna! Que seja um exemplo para as fêmeas e submissa ao Alfa. — E se o alfa em questão não merecer, a Luna deve aceitar os desmandos de um alfa fraco, violento ou incompetente? — Cuidado com o que fala, velho!— O encarei e emanei a minha ara, até que ele não resistiu e se curvou. Depois de recuperar a compostura, ele retornou sua busca até tirar da valise dois frascos e colocá-los sobre a mesa. — Você é um bom Alfa, Derik, não estou te provocando, a pergunta é legitima. Uma Luna tem autonomia para seguir no caminho da justiça da deusa. Sua obediência é a deusa mãe, e não deve obedecer cegamente ao companheiro dela só por ser sua alma gêmea. — Ela me deve obediência, além de nem ser a minha alma gêmea, é uma m****o do meu clã como qualquer outro e sou o líder dela! — Hm…entendi o problema…
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