Sexo, poder...e medo

1177 Words
***Atenção: A partir deste capítulo, os textos serão escritos em primeira pessoa sempre que for o povo dos protagonistas.*** *** Deixei meu corpo escorregar para dentro da banheira até que a água morna encobrisse meu rosto. Era a primeira vez que meu corpo sentia a sensação aconchegante de um banho aquecido. Nos meus anos de cativeiro, nos levávamos uma vez por semana, todas juntas no pátio, enquanto os carcereiros nos atiravam baldes de água fria. Conforme o número de cativas diminuía, o constrangimento de tomar banho em público aumentava e os olhares cobiçosos dos guardas deixavam a tarefa ainda mais árdua. Segurei o ar nos pulmões e permanecia imersa o quanto pude. Quando emergi, carente de oxigênio, o latejar da minha cabeça estava pior. Massageei minhas têmporas e tentei expulsar do meu peito a agonia e o medo do desconhecido. Após uma tentativa de fuga malfadada, perdi minha única amiga e fui capturada por outra tribo. Um calafrio percorreu minha espinha e meu estômago fez menção de expulsar o parco conteúdo. Junto ao medo, um sentimento de vergonha pelo prazer que o banho de água aquecida no conforto daquele quarto proporcionou. Eu não podia ser tão tola para criar expectativas de melhor tratamento por parte de meus novos donos. Conhecia muito bem o quão c***l machos podiam ser e o quanto qualquer demonstração de caridade custaria caro no final. Aquela criatura, o macho que me capturou, era mais poderoso do que qualquer lobo que conheci antes. Quanto maior o poder, maior a perversão. Eu sei, vi acontecer várias vezes com as Lunas e ômegas que foram compradas ou “emprestadas” tão logo “amadureciam”. — Luna, já terminou? A mulher à minha frente me intrigava. Uma Beta fêmea… Como era possível uma fêmea em posição de poder na hierarquia de uma tribo? Eu não me atrevia a levantar a cabela e olhar não olhos dela. AS regras da tribo ainda não tinham disso apresentadas a mim, mas todo cuidado era pouco para não quebrar nenhum. Levantei e aceitei a toalha que ela me ofereceu. Minhas mãos tremiam, fazia dias que não comia e a fraqueza do meu corpo era aparente. Será que me puniram por ser tão fraca? Tentei esconder o tremor, mas sei que ela percebeu. Segurei a respiração, tremendo a reação dela, até sentir a mão dela tocar meu braço suavemente. Não pude evitar e esquivar ao toque, e ao dar um passo para trás, cai da banheira estirada no chão. Minha nudez evidenciada me deixou em uma posição ainda mais indefesa. O pavor paralisou meu corpo e fechei os olhos, esperando pelo pior. — Pelos deuses, Luna, me perdoa. Deixe-me te ajudar a levantar! Se machucou? A Beta fêmea se abaixou e me ajudou a levantar, falando sem parar o quanto sentia muito por ser desastrada. Quando fiquei em pé diante dela, notei que seus olhos ficaram mais gentis. — Espero que não tenha se machucado, Alfa Dérik vai comer o meu fígado se souber que deixei você cair… Não consegui controlar o meu medo ao ouvi-la mencionar o Alfa. Alfas são cruéis, alguns ômegas não sobreviveram após alguns Alfas visitarem as celas. Ainda podia ouvir os gritos em meus pesadelos… Ela temia que ele a devorasse? Aquela criatura enorme poderia devorar nós duas em minutos. Minha cabeça se movia freneticamente de um lado para o outro. Não! Não um Alfa! — Luna? O que houve, por que está chorando? As lágrimas escorriam pelo meu rosto sem que eu me desse conta. Segurei as mãos, implorando mentalmente que não dissesse nada. — Po-por favor…. Não… não o Alfa…. A fragilidade da minha voz surpreendeu até mesmo a mim. — Luna, está tudo bem, eu estava brincando… eh… Não precisa ter medo, Dérik é um bom líder. Não consegui aguentar mais, a escuridão se abateu sobre mim. *** — Meu Alfa, bem-vindo de volta! — Hira se curvou diante dele respeitosamente. A dor de cabeça que iniciou na cabana do velho curandeiro se intensificou ao ouvir a voz da luna que elegi. — O que está fazendo aqui? — Perguntei sem muita paciência. Minha era não parava de exigir que verificasse a pequena invasora que trouxemos. — Estava te esperando. Ouvi dizer que capturou uma jovem fêmea invasora, e como sou a Luna desse clã, é minha responsabilidade te ajudar a lidar com esse tipo de empecilho. Esta fêmea pareceu a melhor escolha para a sobrevivência do clã. Forte, inteligente, saudável, bonita, fértil e de boa família. Era a minha favorita do harém, uma boa f**a quando está no cio. Não me arrependo da escolha, é competente no cuidado com as fêmeas do clã. Infelizmente, em alguns momentos como esse, tem a tendência de confundir sua posição na hierarquia. — Não me lembro de ter pedido a sua ajuda, Hira. Posso lidar com uma pequena intrusa eu mesmo! — Eu sei que é capaz, meu alfa, mas é uma fêmea e eu sou a Luna, esse é meu trabalho e- — Eu sou o Alfa, a decisão é minha! Você me obedece, esse é o seu trabalho! — Não tenho problema em lembrá-la de seu lugar. — Ela está no seu quarto, Dérik! Se ela soubesse o esforço que eu estava fazendo para controlar a minha fera, não teria dito o meu nome sem o título. A dormência em meus dedos indicavam que a terceira forma estava quebrando a minhas barreiras. Saciar a violência da minha natureza era a única forma de controlá-la para que algo pior não acontecesse. A fera nunca tinha sido tão dominante até encontrar a pequena Luna. Antes que ela pudesse piscar, minha mão apertava seu pescoço. — Nunca mais se atreva a me desrespeitar de novo, especialmente em público! A intrusa é assunto meu! Vai cuidar das fêmeas do Harém, teremos um banquete essa noite. Quero que dancem e sirvam os meus homens diante do templo de Hécate! Eu não tinha pensado em nada disso até aquele momento. Um banquete diante do templo da deusa mãe tinha dois objetivos: A confirmação de uma Luna mediante ao coito sacramental, como tinha sido o meu com Hira, formalizando seu título de Luna, e a chegada de um novo m****o ao clã. Inconscientemente, no meio do pátio, eu declarei que a intrusa seria parte do clã dos Lobos Negros. Normalmente essa decisão era tomada na presença dos anciãos, mas há muitos anos ninguém se juntava ao meu povo. Estávamos condenados a extinção após a morte da minha companheira. Minha alma gêmea. Destinada a mim pela própria deusa mãe. A verdadeira Luna do meu clã, que eu nunca cheguei a conhecer… — Farei o que mandou agora mesmo, meu Alfa! Hira se retirou, mas não antes de eu notar a fúria m*l contida em seus olhos astutos. Três coisas dominam o nosso sangue, o que mais atrai nossa espécie: A conexão com a alma gêmea, sexo e poder. Para cada lobo a ordem pode ser alterada. Hira e eu perdemos nossos companheiros, nossas vidas são norteadas então por sexo e poder.
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